Capítulo 22

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Os olhos de Piper estavam bem fechados. Ouvia o ruído distante da voz dela, mas não conseguia discernir nenhuma palavra. Gotículas de chuva caíam sobre seus braços e pernas nus, enquanto um corpo quente a envolvia como um cobertor.

Ela abriu os olhos.

Traços de preocupação cobriam o rosto bonito de Alex, seus olhos brilhando de esperança. Hesitante, ela pousou sua mão sobre a curva da sua face, acariciando-lhe a pele debaixo do olho com o polegar.

Ao menos por alguns instantes, as duas ficaram caladas.

- Você está bem? - Sussurrou, hesitante.

Piper ergueu os olhos para ela, sem palavras.

- Não quis assustá-la. Eu vim assim que pude.

Aquelas palavras romperam o torpor que a paralisava.

- O que você está fazendo aqui?

Alex fechou a cara.

- Não é óbvio?

- Não para mim.

A morena bufou de frustração.

- Hoje é dia primeiro de julho. Eu vim o mais rápido que pude.

Chapman balançou a cabeça, dando um passo cauteloso para trás.

- O quê?

A voz dela assumiu um tom conciliatório.

- Queria ter podido vir antes.

A expressão dela dizia tudo: os olhos apertados, desconfiados, os lábios cor de rubi comprimidos com força, o maxilar retesado.

- Você ficou sabendo que eu pedi demissão. Deveria saber também que eu iria voltar.

A loira apertou seu laptop contra o peito.

- Por que eu acharia isso?

Os olhos de Alex se arregalaram. Por um instante, ela ficou aturdida demais para falar.

- Você achou que eu não fosse voltar, mesmo depois de ter me demitido?

- É o que uma pessoa tende a pensar quando sua namorada foge da cidade sem nem ao menos dar um telefonema. E envia um e-mail impessoal dizendo que está tudo acabado.

O rosto da morena se endureceu.

- O sarcasmo não lhe cai bem, Chapman.

- Mentiras também não lhe caem bem, professora. - Retrucou ela, seus olhos faiscando.

Vause deu um passo em sua direção, mas então se deteve.

- Quer dizer então que voltamos a este ponto? Chapman e a professora?

- A julgar pelo que você relatou aos auditores, nunca passamos dele. Você é a professora, eu sou a aluna. Você me seduziu e depois me largou. Os auditores não chegaram a me contar se foi bom para você ou não.

Alex xingou em voz baixa.

- Eu lhe enviei mensagens. Você simplesmente escolheu não acreditar nelas.

- Que mensagens? Os telefonemas que nunca fez? As cartas que nunca escreveu? Com exceção daquele e-mail, não tive nenhuma notícia sua desde que me chamou de Heloísa. Em absoluto. E quanto às mensagens de voz que deixei para você? Talvez você as tenha apagado sem se dar o trabalho de ouvi-las, da mesma forma que foi embora sem se dar o trabalho de me contar. Faz ideia de quanto isso foi humilhante? Saber que a mulher que deveria me amar fugiu da cidade para terminar comigo?

O Julgamento de Alex Vause [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora