Capítulo 15

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No centro da cidade, Nick Sandow estava recostado em seu sofá de couro, de olhos fechados, ouvindo Beethoven, enquanto sua mulher se preparava para ir dormir. Como chefe do Departamento de Estudos Italianos, ele era responsável por vários professores e alunos. A confissão de Alex sobre estar namorando uma ex-aluna o perturbava.

Sabia que Sylvia Sumner havia feito sua denúncia de má-fé, mas, como qualquer outra denúncia, ela deveria ser levada a sério. Considerando que ela tinha razão ao supor que Alex e Piper estavam envolvidas, era bem possível que sua alegação de que tivesse havido favorecimento acadêmico também estivesse correta. Vause, sua amiga e colega de trabalho, havia tentado manter o relacionamento em segredo. Agora o pró-reitor estava fazendo perguntas, o que deixava Nick entre a cruz e a espada.

Ao longo de sua carreira, primeiro nos Estados Unidos e depois em Toronto, ele tinha visto muitos alunos brilhantes e promissores se tornarem joguetes de seus professores. Sua própria esposa, por exemplo, fizera pós-graduação em linguística na Universidade Colúmbia antes de ter a carreira arruinada por seu professor/amante depois que se cansou do alcoolismo dele. As feridas de Danielle tinham levado anos para cicatrizar e até hoje ela queria distância do mundo acadêmico. Nick não queria que a carreira de Piper seguisse o mesmo caminho.

Por outro lado, não permitiria que a estrela em ascensão do seu corpo docente fosse difamada por uma infração que não havia cometido. Se o pró-reitor continuasse investigando Alex e a namorada, Nick iria até as últimas consequências para garantir que fosse feita justiça. Se isso falhasse, ele estava determinado a garantir que seu departamento fosse protegido. E foi por isso que ficou horrorizado ao encontrar cópias de cartas endereçadas a Vause e à Srta. Chapman junto com a sua correspondência na primeira quinta-feira de março.

Praguejando, ele correu os olhos pelo conteúdo das cartas antes de fazer uma ligação discreta para um de seus contatos na pró-reitoria. Meia hora depois, telefonava para a casa da morena.

- Você já conferiu sua caixa de correio hoje?

Alex fechou a cara.

- Não. Por quê?

- Porque recebi uma carta do pró-reitor indicando que você e Piper estão sendo investigadas por iniciarem um relacionamento inadequado enquanto ela era sua aluna.

- Puta que pariu!

- Isso aí. Você está sentada?

- Não.

- Então sente-se. Acabei de ligar para um amigo que trabalha na próreitoria. Piper deu entrada numa queixa de assédio contra Sylvia, em resposta às suas alegações. Ela retaliou ameaçando a universidade com um processo judicial dizendo que Piper teria recebido tratamento preferencial por ter ido para a cama com você. As acusações dela agora fazem parte da investigação sobre vocês duas.

- Isso é um absurdo!

- Ah, é?

- Claro. É ridículo.

- Fico feliz em ouvir isso, Alexandra, porque a universidade leva muito a sério queixas desse tipo. A pró-reitoria determinou que o Aras e mais dois outros representantes da universidade formassem um comitê para investigar as denúncias. Vocês duas foram convocadas a comparecer diante deles, juntas.

A morena praguejou.

- Quem mais está no comitê?

- Meu contato não quis me dizer. A boa notícia é que a reunião é apenas uma audiência investigativa. Dependendo da decisão dos auditores, o caso pode ser encaminhado à pró-reitoria para deliberação, então vocês duas terão que se apresentar diante de um comitê disciplinar. Não preciso lhe explicar a gravidade da situação se as coisas chegarem a esse ponto.

O Julgamento de Alex Vause [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora