PROJETO SOCIAL

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O que implicaria uma sociedade perfeita?

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O que implicaria uma sociedade perfeita?

Esta pergunta ficou durante um bom tempo nos pensamentos de Marcos, jovem estudante de escola pública da Bahia.

Lhe tirou a atenção das explicações escritas na lousa. Roubou-lhe os pensamentos, tapou-lhe os ouvidos. O menino entrou em seu mundo particular, fechado para todo o resto. Começou a imaginar, livre de todas as fronteiras, sem preconceitos, na inocência de uma criança:

— Seria um mundo governado pelas máquinas? Acho que seria bom, sem desigualdades, sem distinções, mas seria muito frio, sem sentimentos ou humanidade. Seria um mundo governado pelas mulheres? Acho que seria mais igualitário, menos corrupto, mais limpo e organizado, mas seria desorganizado pessoalmente, confuso, ilógico e ROSA, rosa não, fala sério!

Esta pergunta foi feita pela pedagoga da escola, Glória, em sua conversa com a turma. Ela perguntou individualmente qual o sonho de cada um dos alunos e Marcos respondeu:

— Eu quero me tornar alguém na vida e fazer alguma descoberta que beneficie toda a humanidade. Eu quero ajudar as pessoas de alguma forma, quero ensinar e deixar um bom nome para mim na história! — A reação dos colegas foi uma ironia, ao rirem dos sonhos do coleguinha, gerada pelo racismo, que desacredita os esforços dos afrodescendentes e ridiculariza-os em geral.

As perguntas foram feitas antes de ela propor um projeto inédito, que consistia em uma troca de famílias por um dia, entre os colegas de classe. Meninos trocariam com meninos e meninas com meninas, de famílias. A reunião dos pais, após o horário de aulas, foi diferente do habitual: no início resistência, em forma de apatia e desânimo; algumas críticas, caras sérias, mas que no final foram amornando e todos acabaram aceitando.

Negros não podem produzir nada de notável?

Será que são incapazes de inovarem,

De criarem ou melhorarem algo já existente?

O que me diz então dos negros revolucionários

Que lutaram contra ideias negativas e contrárias

E fizeram descobertas médicas, científicas e técnicas

Que mudaram o mundo?

Durante o sorteio, nenhum dos meninos queria trocar com a família de Marcos Cappati porque ele é o mais pobre e o estereótipo de pobreza é lembrado a cada dia, em forma de apelidos e zombaria.

Marcos se deu bem no sorteio e ironicamente trocou de família com o valentão da classe, Ilan, que é quem mais o mal trata. As trocas serão feitas no dia seguinte, depois que todos os pais autorizaram o projeto criado por Glória. Marcos foi para casa com o seu pai, Paulo Vinício, depois que a reunião acabou.

Enquanto caminham, o seu pai lhe pergunta:

— Como foi o dia no colégio hoje?

— O de sempre, papai: aprendendo um pouco e fazendo atividades!

O Alvorecer de um novo amanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora