O ônibus veio lotado, o ponto estava cheio de outros coletivos e o motorista parou depois do ponto, para esvaziar um pouco o veículo. O ponto estava cheio de pessoas, que vinham da faculdade, voltavam de escala ou iam para o trabalho de meio período.
Vendedores de água e camelôs reproduziam as suas músicas e criavam um clima mais agradável à espera solitária e silenciosa de cada passageiro daquele ponto no Aquidabã.
A menina, por dentro estava curiosa para descobrir sobre o que ele tanto sonhava acordado e finalmente se mexeu. Eles correram atrás do ônibus, que já estava partindo. A porta dianteira estava fechada e eles deram tapas na carroceria para que o motorista parasse, mas ele as ignorou.
Um rapaz tentou ajudar e deu um forte tapa no veículo, que parou e abriu a porta para eles. As crianças entraram e pagaram a passagem. O veículo fez um trajeto desconhecido para Marcos, que, diferente de uma pessoa normal, que se apavoraria e ficaria nervosa nessa situação, relaxou e observou a paisagem, como se estivesse em um passeio turístico.
Tatiana ficava rabiscando em sua prancheta, traços rápidos, quando o veículo chacoalhava pouco, no único assento que eles acharam disponível.
Ela estranhou o peso da mochila dele e perguntou:
— O que você trouxe? Porque está tão pesada?
— Eu trouxe umas coisas que encontrei com o meu pai, no trabalho.
— São tijolos? — A curiosidade vai aumentando cada vez mais.
— Não. Peças.
— Me conta para onde estamos indo...
— Eu não sei o nome de lá... — Ele coça a cabeça e solta uma gargalhada.
— E como vai saber se chegou lá?
— Eu não sei...
— Você tem que saber! E se ficarmos presos aqui, ou perdidos em algum lugar? Ai, cara...
— Eu já fui uma vez para lá. Não foi por este caminho, mas assim que eu ver, vou saber que chegamos!
— Consegue se lembrar? Mesmo que tenham pintado de outra cor?
— Sim, eu nunca iria me esquecer.
O colégio onde eles estudavam não fazia muitos passeios, mas uma vez, há vários anos, a turma foi levada para conhecer um pouco da história dos selos postais, neste mesmo local e o menino ficou super maravilhado. Ele não pode ver uma novidade, que já fica animado.
A viagem demorou um pouco e o menino se encheu de orgulho ao ver de longe, a fachada do local, dizendo:
— Eu não falei para você! Eu disse que iria me lembrar! Eu sabia! Eu falei para você! — Ela nunca esteve por ali e não identificou o lugar, de tão longe.
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O Alvorecer de um novo amanhã
Ciencia FicciónO Alvorecer conta a história de duas pessoas de épocas diferentes que possuem um mesmo objetivo: Jean Ávila é um idoso que foi o único sobrevivente de um acidente que dizimou toda a sua cidade. As suas células sincronizaram com a cidade e ambos viaj...