PROJETO

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No dia seguinte, Jean leva Jaílton para o canteiro e o apresenta para o arquiteto:

— Este aqui é o Jaílton. Ele conhece esta cidade melhor do que ninguém e está ciente de cada mínimo detalhe da usina. Ele auxiliará você na formulação do maquinário para a geração da energia à base de Hidrogênio!

— Tudo bem. Seja bem vindo!

Marcos começa a trabalhar e se incomoda pelo seu ajudante não estar fazendo nada. O tempo passa e ele não sai de sua posição, até que Marcos pergunta:

— Você vai ficar só aí sem fazer nada?

— Eu não sou do tipo que faz este tipo de trabalho.

— Então o que você faz?

— Eu sou especialista em reparos e manutenções...

— Então é apenas um mecânico? — O interrompe e pergunta com impaciência.

— O que você já tem pronto? Poderia me mostrar? — O jovem mostra com todo o seu orgulho, as ideias aprimoradas que foi desenvolvendo ao longo de sua história.

— É só isso?

— Como assim só isso? — Pergunta ofendido.

— Não vai dar certo, garoto! Não vai funcionar! Problema, problema! — Isso tira o garoto do sério.

— E o que você tem? — Pergunta com raiva.

— Eu não tenho nada, assim vim ao mundo e é isso o que vou deixar: um punhado de nada e uma grande exalação.

Marcos sai da sala, batendo a porta furiosamente. Ele anda com passos pesados, até onde se encontra o velho. Jean se surpreende com a visita e lhe oferece uma xícara de chá.

— O que achou do Jaílton? — Nota que algo incomoda o jovem.

— Eu não gostei dele!

— Dê um tempo para ele. Quando o conhecer melhor, você verá que ele é gente boa!

— Porque o senhor não pode me ajudar? Os resultados seriam muito melhores! — Pergunta com ar de superioridade.

— Não concorda com a minha escolha? — Pergunta maliciosamente.

— Eu não sei. — Hesitação.

— O cara chegou, não fez nada e criticou o meu trabalho como se fosse lixo!

— Talvez seja mesmo! Algo tão pequeno te faz perder a cabeça? Você precisa entender a seriedade do problema pelo qual iremos passar! Talvez o convencimento lhe tenha subido pela cabeça! — Essas palavras duras e sinceras tocaram no ponto exato. Eram aquilo que ele precisava ouvir para voltar a pisar no chão e recobrar a sua humildade.

— Não fique aborrecido! Venha aqui, quero te mostrar uma coisa. — Ele reproduz o relatório que fez do grande acidente.

Aparece uma mensagem da sua esposa e do seu finado filho.

— Desculpe. Arquivo errado.

Um holograma mostra as imagens da cidade antes de tudo acontecer.

— Veja, tudo aconteceu desta forma: eu e o meu colega, Jaílton fomos fazer uma manutenção mensal e verificávamos tudo, sala por sala, dentro da usina. Era um dia festivo, todos estavam felizes. Eu havia acabado de falar com a minha esposa e estava ansioso para o nascimento do meu segundo filho. Os funcionários estavam no refeitório quando tudo aconteceu, bebendo e festejando. Era fim do expediente e ninguém estava com vontade de trabalhar. Por isso que os avisos não foram percebidos, ninguém estava atento. Só vimos quando já era tarde.

O Alvorecer de um novo amanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora