Capítulo 27

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Safira

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Já havia passado alguns dias que eu estava no apartamento do Heitor. Posso dizer que nossa convivência está bem diferente...Muito diferente.

Cada dia que se passa mais eu fico aflita, pois sei que está chegando o dia em que Heitor irá me abandonar. Cada instante que estou com ele vou descobrindo sentimentos um diferente do outro.

Ele sempre inventa algo para fazer. Vamos tomar café da manhã na cafetaria da mãe do Rafael quase todos os dias. Nosso relacionamento está ótimo, não precisamos dizer nada claro para o outro entender...por enquanto prefiro assim. Nossos dias estão sendo alegres e bem tranquilos...e isso me assusta. Odeio ter as coisas calmas de mais, prefiro quando está uma bagunça total...Assim sei que está vindo uma tempestade.

Estava deitada com a minha cabeça apoiada no peito do Heitor. Ele passava a mão em meus cabelos.

Nossos olhos se encontram e minha marca arde. Parece que estou mais sensível do que nunca, antes a marca ardia só quando ele me beijava, agora só com o olhar isso acontece.

- Vou te contar uma história que ouvi de uma pessoa. - ele diz. - Havia um certo garoto que desde pequeno era apaixonado por uma certa garota, eles moravam um longe do outro e se viam uma vez no mês o garoto não via a hora de encontrar ela novamente...Todo mês ele ficava ansioso para encontrar a garota...Mas quando finalmente ele viu ela, ele começou a agir como se ela não fosse nada para ele. O garoto era realmente estranho. - ele ri.

- Ele desenvolver a bipolaridade cedo então? - pergunto sorrindo.

- É...Quase isso. Ao decorrer da sua vida os dois foi crescendo e o sentimento dele pela menina também crescia. Um certo ponto da sua vida ele disse a si mesmo que ia parar de gostar dela, porque podia ser que mais para frente ele ia se decepcionar, pois podia ser que a garota não ia fazer parte do seu futuro. Ele decidiu que ia se apaixonar novamente quando chegar sua adolescência...Mas sua adolescência chegou cedo de mais.

- O garoto se apaixonou de novo? - pergunto curiosa.

- Sim..- ele sorri. - Se apaixonou pela mesma garota. Foi quando ele viu que ela faria parte de seu futuro sim. Mas ele não sabia se era isso que a garota queria. Podia ser que quando ela chegasse na sua adolescência ela poderia se apaixonar por outro garoto, foi aí que o garoto decidiu ficar nas sombras até ela descobrir sua paixão, só para não ter que sentir a dor da perda se ela não escolhesse ele.

- Esse garoto foi egoísta. - reviro olho.

- Você acha? - ele pergunta com a testa franzida.

- Sim. Ele podia muito bem sentar e conversar com a menina...podia ser que ela gostasse dele também e tudo se resolveria. - digo.

- Quando você fala assim parece ser tão simples. - ele diz sorrindo.

- E por quê não seria? - franzi a testa. - Termina a história.

- O garoto estava assustado com o fato de poder perder ela. Por isso que ele escondeu seus sentimentos...e quando chegou uma época que ele estava prestes a se confessar a garota ele simplesmente não pode. Muita coisa o impedia de ficar com ela naquele momento.

- O que aconteceu depois? - sento na cama encarando ele.

- O garoto...morre. - encaro ele e começo a bater nele com o travesseiro.

- Que história horrível Heitor. - ele ri.

- Calma. - ele segura o travesseiro. - Não precisa ficar brava. Só é uma história.

- Idiota. - bufo e ele me puxa pra cama.

- Vem. Você tem que dormi. - ele passa seus braços em meu corpo. Olho seu rosto, gravo cada linha, cada centímetro daquela pessoa em minha frente. Era surreal Heitor e Safira naquela situação, nunca me imaginei estar assim com ele. - Que foi? Por quê está sorrindo?

- Você não acha estranho? Estarmos nos dando bem? Sem brigas e alfinetadas? - ele sorri.

- Isso é a melhor coisa que me aconteceu princesa. - ele beija minha testa.

- Em um outro tempo eu iria te xingar por me chamar de princesa. - ele ri.

- É eu sei. - ele passa a mão em meu rosto. - Gosto quando a gente está assim, gosto quando você briga comigo, quando me xinga, quando me bate...- ele desenha meus lábios com o dedo. - Gosto tudo em você.

- Que broxante. - digo e ele ri.

- Que menina chata. - ele trás meu rosto para perto do dele e sem demora me beija. Seu beijo intensifica cada minuto, coloco meu braço em seu pescoço e uma das suas mãos entra na raiz do meu cabelo. Ele acaba subindo em cima de mim e a outra mão aperta minha cintura. O mais impressionante é que a marca não ardeu dessa vez. Seu beijo diminui e ele começa a beijar meu pescoço até ele parar e dizer. - Acho que preciso de um banho bem gelado.

- Como você é idiota. - bufo.

- Então quer que eu continue? - ele pergunta com um sorriso malicioso.

- Vai tomar seu banho. - empurro ele de cima de mim e o mesmo começa a rir. Ele vai indo até a porta do banheiro tirando sua camisa. - Desnecessário fazer um striper pra mim Heitor.

- Estou apenas mostrando o que você está perdendo. - ele diz e eu começo a rir.

- Abruti. - ele acaba tirando a camisa de uma vez então vejo a marca de triângulo no topo da sua costa novamente. Já é a segunda vez que vejo.

Minha marca ardeu tão intensivamente que fez meus olhos mudarem de cor por um breve momento. Ele entra no banheiro e minha marca para de arder.

Depois de Heitor tomar banho eu já estava sonolenta. Ele deita ao meu lado me abraçando e eu acabo dormindo.

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Sinto algo bom em minha marca como se alguém tivesse a beijado e logo depois essa sensação some e no lugar dela aparece uma ardência infernal. Ardia tanto que eu era capaz de arrancar a marca com as minhas próprias garras.

Ouço meu celular tocar sem parar então sou obrigada a sentar na cama, pego ele, com muita dificuldade consigo finalmente atender.

- Oi..- digo com a voz sonolenta.

- Safira por quê não está em casa? A missão não acabou ainda? - tento identificar a voz.

- Oi mãe. Vocês já voltaram? - pergunto com a mão na minha marca que ainda ardia.

- Sim. estamos em casa....

- Espera. Meus pais já estão em casa. Isso...Isso quer dizer que...

Solto meu celular na hora e olho para todos os lados. Vou no banheiro, sala, cozinha...e nenhum vestígio de Heitor. Eu estava sozinha no apartamento. Sento no chão da sala e vejo uma carta em cima da mesinha de centro.

- Ele...Ele realmente foi?

Herdeiros 4° - Heitor Lewis Onde histórias criam vida. Descubra agora