CINCO.

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CHARLOTTE

Depois de semanas sem sentir o toque dele, sem nem lembrar como era ser amada, Bern e eu tivemos uma noite intensa de muito sexo. Teve café da manhã na cama, muitos beijos durante o almoço, banho de piscina agarrados. Eu estava tão feliz.

Mas a vida real é completamente diferente dos contos de fadas.

Nós estávamos completos, dentro da nossa bolhinha. Aquela casa nos fazia bem, de uma maneira que eu sou incapaz de descrever. Nossos olhares são mais intensos, nossos toques são como faíscas, nossa vida cheia de cores, aquelas que nem sabemos o nome; Quando voltamos pra cidade, tudo se tornou diferente, saímos da bolha, nossos trabalhos tomam parte dos nossos dias. Ainda assim, tentamos conciliar, estávamos dispostos a fazer tudo mudar. Almoçavamos juntos todos os dias, as vezes íamos pra casa, transavamos antes de voltar ao trabalho. Bern por vezes esquecia de vir pra casa e hibernava no trabalho, chegava muito mais tarde do que eu esperava que ele chegasse, as vezes eu estava  num sono profundo e as vezes eu ficava agoniada esperando ele chegar; Ainda assim, resolvi ter paciência, mantendo nossa chama acesa, assoprando a nossa bolha que só se estourou por completo, num dia de quarta-feira. Eu resolvi tentar comemorar novamente nosso aniversário de casamento, já que hoje fazia aniversário do nosso noivado, uni o útil ao agradável.

Espero você ansiosamente em casa, amor meu.

Enviei. O sorriso no meu rosto era o mais grato possível. Estava tudo indo tão bem, porque as coisas dariam errado?

As coisas sempre podem dar errado, sempre tenham isso em mente. A gente nunca sabe de nada. E Bern não acabou com a minha agonia e ansiedade chegando cedo em casa. Na verdade, duas horas depois de ter enviado o sms, eu recebi uma resposta.

Foi mal, Lotte. Não vi. Estava numa reunião. Vou demorar pra chegar ainda, se quiser pode ir dormir. Eu amo você!

O trabalho e o meu marido. Eram como uma aliança perfeita e os nossos dias não eram pra comemorar, acabei de me dar conta. Revejo a cena de algumas semanas atrás, quando começo a apagar vela por vela, deixando o jantar na mesa, o choro entalado na garganta e, o meu suspiro agoniado. Ao invés de subir as escadas em direção ao quarto, ligo pros meus fiéis escudeiros, que graças a Deus são colegas de quarto e que também graças a Deus, tem quarto de hóspedes.

- Oi, Charlie. - Monnie atende.

- Eu preciso de abrigo. - Digo com a voz de choro.

- O que ele fez, Charlie?

- Tá mais pro que ele não fez, Monnie. Só preciso sair daqui por essa noite, posso ir pra casa de vocês? - O choro virá em três, dois, um.

- Claro que pode, Charlie. Sempre pode!

Nos despedimos, eu desligo e desabo. Choro por cinco minutos sem parar e vou arrumar uma mochilha com umas coisas minhas. Saio de casa e deixo tudo apagado. Chego na casa dos meninos em vinte minutos e sou acolhida com muito sorvete.

.....

Quando acordei de manhã, estava entre os dois meninos no tapete felpudo da sala deles, olhei o relógio e eram seis horas da manhã. Levantei, tomei um banho, me arrumei pro trabalho e deixei pra calçar os sapatos na saída. Comecei a preparar um café quando Lucas veio pra cozinha.

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