O Jogo do Amor

VINTE (PENÚLTIMO)

CHARLOTTE

Esses lábios estão sentindo sua falta
Porque não estão te beijando
Estes olhos travaram uma luta
Mas novamente, estas lágrimas sempre vencem
Estes braços estão querendo você
Porque estes braços não estão segurando você
Estes olhos travaram uma luta
Mas mais uma vez, estas lágrimas sempre vencem

Diga-me quando finalmente essa solidão irá acabar, quando tudo nesta sala me lembra a você?

....

1 SEMANA DEPOIS

Há algo sobre a dor da saudade. Ela costuma ser diferente das outras. Normalmente, parece ser tão insuportável, que você procura de todas as formas esquecer. Eu por exemplo, estou sem dormir direito desde que voltei de Palm Springs. Eu só trabalho e bebo café, choro quando não consigo disfarçar a dor e durmo por três horas no máximo.

Eu havia deixado tudo para trás, por escolha própria, então eu não posso questionar a falta de mensagens ou de ligações. Ele sabia que tínhamos findado e queria me dar espaço, mas eu só ansiava por ouvir a voz incrivelmente sedutora dele, dizendo que iria voltar pra casa, apesar de que ele vendeu a casa, mas compraríamos outra.

Ai, eu tô divagando!

Olho pra minha mesa, tenho tanto trabalho a fazer, mas eu não consigo me concentrar, porque meu corpo não para de vibrar em direção a Palm Springs, onde meus olhos de gato estão, talvez tão inquietos como eu estou nesse momento. Pego o celular e disco o número dele, covarde, não aperto pra chamar. Apenas mirei o nome dele que aparecia na tela, e suspiro com pesar. Eu sinto a falta dele.

O dia passa lentamente. Os minutos se prolongam feito horas. Eu sentei pra almoçar ás três da tarde e ás três e dez eu já havia terminado. Parecia ter passado uma eternidade, eu me surpreendi em constatar que passara apenas dez minutos. Ramon e Lucas tentam a me animar durante o dia. Eles dizem que eu tinha que pensar em mim, que fiz a escolha certa, mas tudo em mim diz que eu fiz tudo errado.

Ás cinco, saindo do escritório, me deparo com Samanta, minha prima, que disse estar me esperando para levantar meu astral me levando para jantar. Eu quase recuso porque tudo que eu precisava agora era da minha cama e um pote de sorvete, porém, ela se empenhou em reservar meu restaurante favorito, então eu acompanho-a.

No restaurante, Sam puxa conversa comigo.

- Como você está, Lotte? - Questiona com o olhar preocupado.

- Vivendo. Um dia de cada vez, eu acho.

- Ele não vai voltar mesmo?

- Não, e eu entendo. Ele está feliz lá. Não está bebendo, trabalha menos. Se tornou alguém melhor. - Respondo com a voz embargada.

- Lotte, você sabe que eu seria a última pessoa do mundo a te dizer isso, mas, por que você não vai morar em Palm Springs?

Eu a encaro, chocada com o que acabei de ouvir.

- Sam! - Exclamo.

- Eu quero te ver feliz, Lotte! Vocês dois cresceram tanto esse tempo separados. Bernardo até reduziu a carga horária de trabalho. Ele a ama, Lotte e foi embora porque você estava namorando e ele não queria atrapalhar. Agora vocês tem tudo para dar certo, o que é que impede?

- Eu não posso largar tudo aqui, Sam.

- Tudo o quê, Lotte? - Ela me olhou profundamente. - O que você tem aqui de tão importante? Você pode começar tudo lá, sabe que ele te apoiaria.

- Por que você está me dizendo essas coisas, Samanta?

- Porque não aguento essa sua cara de zumbi, Charlotte! O mundo não acabou e você sabe disso.

O jantar acabou e eu voltei pra casa do Lucas e Ramon. Entrei no quarto e depois de um banho, eu deitei na cama pra tentar dormir. Mas a noite começara a findar quando eu percebi que eu estava no lugar errado, na cama errada.

Eu precisava voltar para os braços do amor da minha vida e era isso que eu iria fazer! Em uma hora todas as minhas malas já estavam arrumadas e eu já estava pronta pra começar de novo ao lado do homem que eu amava.