NOVE

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BERNARDO

Assim que eu pisei em casa, senti que havia algo estranho. Eu havia acabado de voltar do consultório do meu primo depois de uma longa conversa e sim, havia algo estranho. Eu sentia um vazio nela. Balancei a cabeça, tentando me convencer de que era apenas saudades dela. Subi as escadas pro quarto e o perfume da Lotte me pegou, me sufocou, quase perdi o ar e a esperança de que ela tivesse voltado me tomou. Subi as escadas mais rápido e vasculhei cada cômodo antes de entrar no nosso quarto. Não tinha ninguém em canto nenhum, no quarto muito menos. Eu estava enlouquecendo.

Sento na cama e respiro fundo. A sensação de vazio estava mais forte aqui. Eu tinha certeza de que algo estava errado. Olhei para os lados e fui percebendo pequenas coisas que não estavam mais lá. As caixas de jóias e de maquiagens da Lotte haviam sumido. Os perfumes não estavam mais ali. Olhando devagar percebi não tinha nada dela ali. O desespero me tomou e eu corri pro closet. Não havia mais nada dela lá.

- Não! Não! - Eu repetia pra mim mesmo. - Isso não pode estar acontecendo, caralho. Não! 

Fui vasculhando cada canto e tudo que eu achava era o nada, um nó se formou em minha garganta e tudo o que eu pude fazer foi chorar. Quando dei por mim, estava ligando pra ela de novo. Dessa vez alguém atendeu, mas não era ela, era a Samantha.

- Deixe-me falar com ela, por favor! - Supliquei.

- Olha aqui seu cachorro, sem vergonha! Nunca mais procure a minha Charlie, você entendeu? Ela está sofrendo por sua culpa, você não merece nada vindo dela. Já chega, Sam! - Pude ouvir a voz doce de Lotte falar no fundo.

- Lotte? Lotte!!!! - Gritei e desligaram o telefone.

Fodido. Resolvo me afundar na minha desgraça. Pego todas as garrafas de whisky que tenho em casa e coloco em cima da mesa. Ligo o som e começo a beber. Doses duplas, triplas, quem se importa? Eu merecia toda dor.

Eu quis que você ficasse
Porque eu precisava, porque eu preciso ouvir voce dizer: Eu te amo Eu sempre te amei
E eu perdôo você, por ficar tão longe por tanto tempo
Então continue respirando
Por que eu não estou te deixando mais
Acredite em mim, me abrace e nunca me deixe ir
Continue respirando
Por que eu não estou te deixando mais
Acredite em mim, segure-se em mim e nunca me solte
Continue respirando, segure-se em mim e nunca me solte
Continue respirando, segure-se em mim e nunca me solte

No outro dia eu acordei e simplesmente não conseguia me mover. Meu corpo todo estava pesado. Minha cabeça girava, a sensação que eu tinha era de que nunca iria conseguir sair dali. Com muito custo, consegui levantar o braço e me apoiar no sofá. Aí, eu me dei conta de que estava no chão. Como eu fui parar ali? Não faço ideia. Com muita dificuldade, após várias tentativas, consigo sentar no sofá; sinto o mundo girando á minha volta.

Que merda eu fiz da minha vida? Eu estou sozinho aqui. Não tenho ninguém. Todos estão do lado da Lotte e com razão. Sou um desgraçado. A bebida ainda falava por mim, meu corpo pesado, acabei dormindo de novo.

- Bern? - Alguém sacode meus ombros. - Bern? - Lentamente tento abrir os olhos, mas a luz do dia que entra pela janela me incomoda. Fecho os olhos abruptamente. - Bern? Fala comigo, cara! - Abro os olhos e vislumbro meu primo, John. - Todas aquelas garrafas de whisky você bebeu sozinho? - Faço que sim com a cabeça. - Você bebeu cinco fodidas garrafas de whisky? Onde você estava com essa maldita cabeça? - Não respondo por longos minutos.

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