BERNARDO
Quando me diziam, na minha infância, que a vida seguia, eu não entendia o que queriam expressar. Qual o sentido daquela frase. Porque os adultos a utilizavam tanto. Era intrigante para mim, no entanto, lembro-me de toda vez que eu ouvia a minha avó dizer: "A vida segue meu filho!", eu encarar os olhos profundos e azuis, como os meus, e questionar: "O que você quer dizer com isso, vovó?", e ela apenas sorrir em resposta.
Hoje, eu muito mais maduro e cansado depois de travar tantas batalhas, entendo perfeitamente o que ela queria me dizer. Chega um momento em sua vida em que você alcança a paz de ser quem você é, enxerga sua vida com mais calma e compreende todo processo que foi necessário. A dor da saudade pode até existir, mas, você aprende a lidar com ela com mais calma. Existia em mim, uma homem intenso, louco de amor, como um lobo solitário, sentia meu coração sangrar de saudade, porém, a vida segue e eu, estava lá, encarando toda agonia de outro modo.
Durante esses dias em que eu Charlotte estivemos afastados, sem nenhum tipo de contato, eu mantive uma rotina saudável. Eu trabalhei, almocei com meus pais, me exercitei e depois eu dormi. Eu resisti a bebida, porque a bebida se torna um caminho mais fácil. Então, cada vez que a saudade de Charlotte apertava, eu respirava fundo e ocupava minha mente com alguma atividade.
Um dia, eu acordei com um barulho na minha sala de estar. Assustei-me no mesmo momento, alguém havia invadido a casa. Levantei-me e fui andando sorrateiramente pelos corredores, sem fazer ruído algum, desço as escadas levemente e quando chego a sala, haviam malas em todo lugar. Comecei a me aproximar um pouco mais até que ouço uma voz atrás de mim.
- Eu voltei, amor. - Imediatamente eu me viro, meio trêmulo. - Eu não aguentei meu coração se partindo de saudades. - Me aproximei dela e toquei o rosto macio que ela tinha. Acariciei-o levemente com medo de tudo aquilo ser um sonho.
- Lotte... - Eu digo com a voz embargada.
- Sim, amor. Eu voltei.
8 MESES DEPOIS
Á beira do mar, observo minha linda esposa tomando um banho daquela água deliciosa. A última viagem antes do nosso herdeiro vir ao mundo. Lotte estava grávida quando retornara para o nosso antigo lar em Palm Springs, descobrimos depois, quando ela começou a chorar porque a torrada havia caído no chão e ter desejos como pão com melancia. Nós estávamos tão felizes com a notícia, compramos uma casa maior, fora dos jardim dos meus pais e depois de de tudo pronto, resolvemos viajar para comemorar nossa renovação de votos.
Me aproximei do mar, onde ela se banhava sorrindo lindamente. Não havia imagem no mundo mais linda do que aquela.
O amor não é um jogo para perdedores. É um jogo para quem persiste, para quem reconhece seus erros e conserta-os em prol de quem se ama, para quem entende que as pessoas são diferentes, mas quando existe amor, a paciência impera. O amor é um sentimento genuíno e se você se entrega a ele, tudo se torna mais delicioso de se viver.
Eu sento atrás de Lotte e aproximo o corpo dela do meu, beijo seu pescoço deliciosamente cheiroso e acaricio sua barriga que abriga o fruto do nosso amor.
- Eu provavelmente tenho vivido os momentos mais incríveis do mundo. - Eu falo bem próximo ao ouvido dela.
- Estamos fazendo você sentir-se tão feliz assim, senhor Bernardo? - Ela ronrona, parecendo uma gatinha manhosa.
- Estão. Nada no mundo me faz mais feliz! - Eu beijo o pescoço dela novamente. - Eu te amo, Lotte, sou grato por ter você e agora por termos um pequeno "nós".
- Eu amo nós. E dessa vez seremos nós pra sempre.
- Sim, Lotte. Pra sempre!
Fim!
Ou será recomeço?
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O Jogo do Amor
RomanceComo salvar um casamento? Era a pergunta que Charlotte sempre se fazia. Ela e o marido, Bernardo, casaram-se apaixonados, como as coisas podiam estar daquele jeito? Será que ele havia cansado? Ou ela também já estava cansada e não havia se tocado? T...