Capítulo 22

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Eu não conseguia ver os olhos de ChanYeol, mas podia imaginar o quão suplicante estavam. Podia imaginar seu coração batendo acelerado pela ansiedade. Ele olhava diretamente para mim, lá de baixo. Esperava a minha resposta. E, Deus, eu queria tanto estar fazendo aquela viagem com ele, dormindo na mesma cama, ouvindo histórias exageradas sobre suas aventuras no mar. Eu queria meu namorado de volta. Mas acho que esse cara não existe mais. O garoto lá em baixo era um mentiroso, um farsante. Ah, e lembrar de suas mentiras ressuscitou a minha raiva. Depois de me magoar tanto, ele tinha a cara de pau de estragar a viagem que Jongin e Lay planejaram exatamente para eu esquecê-lo. Idiota!

Olhei à minha volta à procura de algum objeto que pudesse jogar em ChanYeol. Peguei um cinzeiro que estava sobre uma das mesas de ferro que rodeavam a piscina, era tão pesado que deveria ser de chumbo. O ergui e gritei:

– VÃO EMBORA!

Taquei o cinzeiro com tudo, o resto de binga de cigarro (certamente de Lay) foi pro alto, sujando Jongin e eu, mas o objeto foi na direção da lancha. No entanto, o diabo protegia ChanYeol. O cinzeiro bateu no parabrisa da lancha e ricocheteou, batendo com tudo na nuca de JunMyeon. O garoto caiu duro no chão da lancha.

Me fodi.

~~ * ~~


Por consequência da minha inteligentíssima ideia de jogar um cinzeiro de chumbo em alguém – eu poderia ter cometido um assassinato -, ChanYeol e JunMyeon tiveram que subir no Iate. Eu me senti absolutamente culpado e arrependido por ter machucado JunMyeon. Lay entrou em desespero quando o viu desacordado. O deitamos na cama do quarto de Lay, e ele logo despertou. Peguei gelo, pus numa toalha e fiz uma trouxinha para ele pôr sobre a nuca. Ele estava meio grogue.

– Me perdoe, eu não tive a intenção de te machucar – supliquei querendo chorar, estava ajoelhado ao lado da cama. Sentir culpa é horrível.

Ele apenas riu.

– Tudo bem. Eu já quis muitas vezes jogar coisas na cabeça do ChanYeol. Não desista na primeira tentativa falha.

Ele me fez rir, então me levantei. Lay estava na outra ponta da cama, vasculhando a maleta de primeiros socorros em busca de um gel para dor. Os deixei sozinhos para encarar o pessoal de uma vez por todas. Estavam todos ao redor da piscina, o cheiro de cerveja era forte. Meu irmão estava na piscina abraçado a Luhan, Kris estava à frente deles, conversando com meu irmão. Na espreguiçadeira, Kyungsoo mexia no celular e participava da conversa dos outros sobre como tenho uma "boa" pontaria. Passei de fininho para que não me notassem, segui até a cozinha que era onde eu vi a silhueta dos outros dois.
ChanYeol e Jongin discutam.

– Eu só fiquei chateado porque você planejou uma viagem e não me convidou! – ChanYeol fazia um bico. – Chamou até o imbecil do Kris!

Jongin pressionou as têmporas, cético com o cinismo de ChanYeol.

– Por favor, ChanYeol, vá embora quando o Jun melhorar. O Baekhyun não precisa de...

Adentrei a cozinha, atraindo os olhares dos dois.

– Essa viagem foi planejada exatamente para que eu esquecesse de você. Para me distrair! – minha voz aumentava conforme eu falava, assim como minha raiva. – Por que você apareceu? É só para me torturar, é? O que foi que eu te fiz?

ChanYeol ficou me encarando, parecia escolher as palavras certas a dizer.

– Você quer mesmo me esquecer? – Ele veio na minha direção, conforme vinha, eu andava para trás.

Ah, que vontade de chorar, berrar e bater nele!

– Você me deixou sem opção. É isso ou morrer de dor.

O Príncipe de HaeundaeOnde histórias criam vida. Descubra agora