Capítulo 12

8K 719 302
                                    



Acordei de madrugada com o barulho do celular vibrando debaixo do meu travesseiro. Sehun estava abraçado comigo, o afastei com cuidado para não acordá-lo e peguei o celular. Subi o edredom até tapar minha cabeça e desbloqueei a tela. Era uma mensagem de Chanyeol.
"Não consigo dormir pensando no nosso último beijo. Eu preciso te beijar mais. Posso ir na sua casa? "
Que sem noção. Quer vir na minha casa às 3h da manhã?
"Vá dormir, Chanyeol. Nos veremos amanhã. "
A resposta veio de imediato.
"Não aguento esperar. Tive que me masturbar duas vezes, porque me lembro do beijo e fico excitado. "
Eu nunca admitiria para ele, mas quando cheguei em casa e fui tomar banho, tive que me "aliviar" também. As lembranças das sensações que ele me fazia sentir eram bem intensas.
"Se você dormir, isso vai acalmar. E eu preciso dormir também. "
"É só eu fechar os olhos que vejo você e me lembro do beijo. Se eu dormir, é capaz de acordar todo sujo. "
Eu sabia bem o que ele queria dizer com "sujo". Pervertido nojento.
"Não posso fazer nada se sou tão excitante. Você vai ter que esperar até amanhã. Agora eu vou dormir. Boa noite. "
Segurei o riso para não fazer barulho. Provocar Chanyeol era tão divertido.
"Não, fica comigo! "
"Ou pelo menos manda uma foto sua que eu possa usar..."
"É só falar com você que eu fico excitado. Não me deixa ficar assim até amanhã! "
"Se você me deixar assim, eu vou te buscar na sua casa pela manhã de novo! "
Chanyeol não parou de mandar mensagens. Fiquei com certa pena, sabe? Ele não iria dormir até que eu fizesse o que queria. Meu coração foi tocado por um anjo, levantei do aconchego da minha cama e fui até o banheiro. Na verdade, acho que não foi um anjo que me tocou, foi um diabinho. Eu queria provocar Chanyeol, então tirei uma foto insinuante.
Minha blusa do pijama era larga, tinha pertencido a um primo meu que é bem gordo. A gola ficava larga, e eu acrescentei puxando para o lado, deixando meu ombro esquerdo exposto, tal como meu mamilo. Tirei a foto, mas não deixei que aparecesse meu rosto inteiro, só parte da boca, que completei o conceito puta mordendo o lábio inferior.
Enviei para Chanyeol e ignorei todos os seus surtos e áudios. Fui dormir tranquilamente.

~~ * ~~

Acordei de manhã com mais de 40 mensagens de Chanyeol no Kakao Talk. Só li as últimas. Ele disse que às sete em ponto estaria na porta da minha casa. Mas quando me levantei e fui à cozinha, dei de cara com ele sendo paparicado pelos meus pais. Minha mãe tinha pegado sua melhor louça para servi-lo, a que ela só usava no natal. Sehun, que levantou logo depois de mim, ficou contente quando viu sua mais nova fonte de dinheiro.
— Meu cunhado – disse Sehun quando se aproximou de Chanyeol. – Temos uns assuntos pendentes, não é mesmo?
Chanyeol, sem tirar os olhos de mim, lhe respondeu:
— Temos, sim. – E então se voltou para os meus pais. – Por isso voltarei logo mais à noite, para jantar no restaurante de vocês.
Urgh. Ele vai começar com o grude.
Meus pais ficaram eufóricos com a ideia, assim como Sehun. Eu não me deixei levar e agi normalmente. Me sentei à mesa e tomei meu café, quando meus pais se afastaram, Chanyeol levantou e me deu um beijo na boca sem se importar com Sehun nos observando.
Senti um reboliço no estômago, mas não era fome nem nojo.
Afastei o tarado e lhe dei um tapa no braço.
— Pare com isso!
— Não aguento me segurar.
Me beijou de novo, dessa vez tentando enfiar a língua. Não deixei, claro.
— Meu irmão está aqui, para!
Sehun, como o bom irmão interesseiro que é, pegou seu café e foi comer na varanda, dizendo para Chanyeol se aproveitar bem de mim. E foi o que ele fez, não me deixou comer, me beijou por uns cinco minutos. É, eu deixei. Não só deixei, gostei e retribui também. Ele tentou tirar minha blusa, passou a mão nos meus peitinhos e me deixou excitado - mais do que eu posso admitir. Só não deixei passar disso, tínhamos que ir à escola.
A ida até a escola foi tensa. Chanyeol estava impossível, não me deixava nem respirar, ficou o caminho inteiro com a língua dentro da minha boca e a mão dentro da minha blusa, alisando minha barriga, peito e costas. Eu permitia tudo, gostava... mas quando nos afastávamos, a realidade me atingia como uma pedra, e eu me arrependia. Só que ele me beijava de novo e tudo voltava.
Só tive paz quando chegamos à escola, obriguei-o a descer do carro e desencostar suas mãos grudentas de mim. Pendurei minha mochila ao contrário, com a bolsa na frente da minha barriga para ele não me agarrar de novo.
— Agora eu vou para minha sala e você para sua – ditei.
— Bem que você poderia matar aula de novo. Podemos ficar na minha sala particular... – Ele segurou minha nuca e tentou me beijar, fui mais ágil e me afastei.
— Tome jeito, Chanyeol. Nunca mais mato aula para ficar com você. Já não me beijou o suficiente?
— Não! Nunca é o suficiente quando estamos apaixonados.
Bobo.
Fugi dele. Saí andando às pressas e me misturei no meio da multidão de alunos que subiam desesperados para suas salas de aula. Ao chegar na minha, me deparo com uma mudança nos nossos lugares. Luhan estava do outro lado da sala, formando dupla com Minseok, enquanto Jongdae formava dupla com um outro garoto. Quase todas as duplas estavam alteradas. Na minha, porém não tinha ninguém. Sentei-me ao lado da cadeira vazia sem poder perguntar o que estava acontecendo. Lancei olhares interrogativos para Luhan, mas ele parecia não saber de nada também.
Passou a primeira aula, eu estava me acostumando com a ideia de não ter uma dupla. Por mais que Luhan seja meu amigo, sua faladeira às vezes me atrapalha.
Todavia, minha tranquilidade foi terrivelmente extinguida por ninguém mais, ninguém menos que... sim, Park Chanyeol. Ele adentrou a sala com sua cara de pau, fez uma breve reverência a professora e veio direto até mim, ocupando o lugar vazio de Luhan. Quase infartei. Deveria ter desconfiado antes. Ele estava fazendo de tudo para ficar perto de mim, eu deveria ter desconfiado que ele aprontaria uma dessas. Sua presença na sala dos "mortais" era tão absurda que os alunos não paravam de nos olhar.
— Não acredito que você está aqui – falei baixinho, trincando os dentes de raiva.
Ele sorriu e passou os braços por volta dos meus ombros.
— Eu sei, é surreal. Mas o que eu não faço pra ficar perto de você? – para completar, beijou o topo da minha cabeça.
Eu quis gritar e expulsá-lo da sala. Mas ele era o dono de tudo ali. Restou para mim ter que aturá-lo.
Diferente de Luhan, Chanyeol não me cutucava o tempo todo para fazer algum comentário ou fofoca. Ele ficava calado, mas em compensação, não tirava as mãos de mim. Alisava minhas coxas constantemente, mexia no meu cabelo, de vez em quando beijava minha cabeça ou tentava me roubar um selinho quando eu virava o rosto em sua direção. Mais grudento que chiclete. Mas, sabe... eu acho que gostei de todo esse carinho.
Assim que o sinal do intervalo tocou e os alunos saíram desesperados, Chanyeol aproveitou o momento para me beijar. Tomou meus lábios por nada mais que uns dez segundos.
— Cara, você está insuportável – falei na lata. – Parece um carrapato! Agora não tenho paz nem estudando?
Ele só achava graça.
— Não terá paz nem trabalhando.
— O que quer dizer com isso?
Seu sorriso me deixou todo arrepiado.
— Conversei com o Yixing, ele me deixou trabalhar junto de você no estúdio. – Seu sorriso só faltava rasgar sua pele. Já eu, senti meu corpo frio, depois esquentou subitamente de raiva.
— Ah, não!
— Ah, sim! Passaremos todos os dias juntinhos.
Soltei um grito quase involuntário de puro ódio. Imaginar todos os meus dias com ele me perturbando me deixou furioso. Honestamente, gosto dos beijos dele, pelo menos quando estamos com a língua na boca do outro eu gosto muito. Mas passar os dias com ele tentando me agarrar a cada segundo... se um dia ele quis mesmo se vingar por eu ter o jogado na fonte, ele está conseguindo maravilhosamente bem.
O intervalo foi destruído por Chanyeol. Não pude comer com meus amigos porque ele me obrigou a comer no restaurante. E para melhorar, Kyungsoo, Jongin e JunMyeon estavam lá, comendo e rindo de alguma coisa, o que, claro, não aconteceu mais quando Chanyeol me fez sentar à mesa.
Não o entendia. Ele quer me manter longe de Jongin, mas me faz sentar numa mesa bem ao lado dele.
Todavia, sei que ele se arrependeu no momento em que Jongin pôs a mão na minha coxa, sorrindo e perguntando como eu estava.
— Com fome – respondi.
Chanyeol, aborrecido, puxou minha cadeira para mais perto dele. Com o cardápio em mãos, escolhi o prato que me pareceu mais caro e com carne de porco. Enquanto esperávamos a comida, JunMyeon e Kyungsoo discutiam sobre economia, e Jongin participava da conversa. Chanyeol tentava se enturmar, mas não conseguia prestar muita atenção no que eles diziam porque não parava de me olhar e mexer no meu cabelo. Eu estava muito envergonhado, me senti muito mal ali, não por Chanyeol, mas por seus amigos. Me senti um ET fora de seu planeta.
— Baek – Chanyeol sussurrou no meu ouvido. – Não conte a ninguém que eu vou trabalhar no estúdio do Yixing.
Assenti com um sinal cabeça. Não dei importância a isso nos primeiros dois minutos, porque meu prato havia chegado e meu mundo se resumiu a ele. Mas depois pensei se poderia usar isso como chantagem depois.
Me senti bem enquanto comia aquela maravilhosa carne de porco com molho picante, o que não me pareceu tão maravilhoso quando, num certo momento, Jongin e Chanyeol puseram a mão na minha coxa no mesmo instante. Um de cada lado. Suei frio, engoli com dificuldade, até que Chanyeol percebeu a mão de Jongin e deu um tapa na mesma.
— Você está louco? – reclamou Jongin alisando a mão que ganhara um tom avermelhado.
— Você que está louco. O Baekhyun por acaso permitiu que você tocasse a coxa dele? – Jongin abriu a boca, mas Chanyeol não deixou ele responder. – Eu não quero que toque nele. Pelo menos não na minha frente.
Chanyeol falava alto, chamando atenção de quem quisesse olhar. Eu comecei a ficar nervoso e sentir minha barriga reclamar.
Jongin riu de Chanyeol com notável deboche.
— Você sempre quer mandar nas pessoas, não é mesmo, Chanyeol? Esqueceu que ele é o meu namorado e não o seu?
Sofri com os segundos de silêncio que Chanyeol fez. Virei meu rosto para ele e vi em seus olhos a vontade que ele estava de dizer que estávamos nos beijando quase o tempo todo. Foi nesse momento que eu percebi que estava agindo errado ao me deixar levar por Chanyeol e seus beijos roubados sem dizer nada a Jongin, que sempre foi sincero comigo.
Chanyeol não disse nada, não me entregou, mas só porque percebeu o desespero no meu olhar. Ele soltou alguns palavrões e enfiou comida na boca na tentativa de se calar. Eu me apressei a comer, e quando o sinal tocou fui o primeiro a levantar, mas não a avancei um passo, Chanyeol segurou firme no meu pulso me pedindo para esperar. Jongin e ele trocaram um olhar cheio de faíscas.
— Dá para vocês dois pararem? – Kyungsoo finalmente se pronunciou. – Isso já está ficando ridículo.
— Fica na sua, Kyung – Chanyeol brandou, se levantando da mesa e me puxando pelo pulso. – Vamos, Baek... temos aula.
Achei que Jongin diria alguma coisa, mas ele só piscou para mim e me deixou ser levado.

O Príncipe de HaeundaeOnde histórias criam vida. Descubra agora