Você já se sentiu cansado de tudo ao seu redor, como se nada mais fizesse sentido, mas mesmo assim você é obrigado a falar "estou bem" sempre que alguém pergunta como está se sentindo?
É assim que eu me sinto.
Cansada, fisicamente e psicologicamente.
Acho que é normal hoje em dias os jovens se sentirem dessa forma, pena que esse normal é algo tóxico que não deveria nem ser considerado "modinha".
As pessoas se sentem mal e reprimem a dor, na esperança de que um dia ela vá embora, e dessa forma vão mudando, perdendo sua personalidade e se acostumando a nova realidade que as ronda.
Apesar de me sentir assim, sempre sigo minha rotina. Não deixo que isso interfira na minha vida, nem que me coloque para baixo o suficiente para não tentar ser minha melhor versão a cada dia.
Nunca fui a garota com vários amigos, até hoje tenho a impressão de que boa parte das pessoas da escola me odeiam, essa impressão está intacta a quase dois anos seguidos.
Taylor e Fernanda sempre foram meus únicos amigos, aqueles que eu sempre pude contar desde a sexta série.
Eu tenho muita sorte em ter os dois na minha vida, não sei o que faria se tivesse que me afastar de algum deles.
Estudo com Oliver desde a oitava série, e até então ele mal me enxergava, mas tudo mundou no ano passado. Quando chegamos no ensino médio ele começou a pegar no meu pé sempre que tem uma oportunidade.
Desde então, ele tem sinto um dos meus piores pesadelos do ensino médio.
Queria que meu pesadelo não tivesse olhos tão lindos, seria bem mais fácil enfrentar ele.
***
Sinto meu corpo ser sacudido, e mesmo assim não consigo abrir os olhos.
- Filha, acorda. Você vai se atrasar.
Era a voz da minha mãe.
Me esforço para abrir os olhos e não consigo, minha cabeça estava quente e sentia meu corpo me puxar ainda mais para a cama.
- Não estou me sentindo bem... - É tudo que consigo falar no momento.
Ela toca minha testa e em seguida meu corpo.
- Por Deus, você está doente. Deve ficar em casa hoje.
Não falo nada, afinal não consigo reagir da forma que pretendia.
***
Narrador...
Enquanto isso na escola...
Oliver estava parado na frente da escola a cerca de vinte minutos, ele observava atentamente cada pessoa que se aproximava.
Era visível que estava procurando alguém.
- Oliver, o que está fazendo aqui? - Gustavo pergunta se aproximando do amigo.
- Eliza.
Um sorriso de deboche surge nos lábios de Gustavo. Ele estava realmente pensando em usar isso contra seu amigo.
- Humm, não vá me dizer que gamou na nerd.
Oliver muda sua postura, ficando o mais sério que podia no momento.
- Não viaja, eu só achei estranho ela não ter chegado até agora.
Gustavo aumenta ainda mais o seu sorriso, concluindo que possivelmente seu amigo tinha outras intenções mesmo que ainda não tivesse se dado conta.
- Uhum, sei... É melhor a gente ir assistir aula, meu boletim já tá bem vermelho.
Oliver assente e os dois entram na escola.
***
Eliza..
Abro os olhos devagar e sinto o cheiro forte de hortelã invadir meus sentidos.
Ao lado da cama, em uma cômoda estava uma xícara de chá e remédio.
Minha mãe deixou aqui quando estava dormindo, sabia que ia acordar ainda com essa mesma indisposição.
Agradeço mentalmente por ela ter deixado o remédio aqui e tomo o mesmo com dificuldade.
Levanto da cama e caminho até o banheiro, na expectativa de que um banho gelado alivie a tensão do meu corpo.
Em seguida caminho até a janela, e fico observando as pessoas que passam.
Reparo que a casa do lado está finalmente sendo ocupada, fazia muito tempo que as luzes se mantiveram apagadas e agora estão todas acesas.
Espero que os vizinhos sejam legais.
Um garoto que aparenta ser um pouco mais velho que eu caminha até o lado de fora e senta na calçada com uma expressão visivelmente entediada.
Ele é bonito, isso não posso negar. Tem cabelo escuro e olhos claros em um tom de azul, me lembra um pouco Oliver.
Ah que merda, porquê estou comparando os dois?...
Estava observando aquele garoto há alguns minutos e ele continuava sem se mover.
Isso fazia com que se tornasse ainda mais fácil continuar o observando.
Achei que estava camuflada e que era impossível ele olhar para minha janela. Mas me enganei.
Lá estava ele, com a cabeça levantada tentando olhar com detalhes quem o observava da janela de um primeiro andar.
Me afasto da janela e me jogo na cama permitindo que meus pensamentos me tirem da realidade por pelo menos alguns segundos.
Continua...
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Esse Não é um Típico Clichê! (Hiatus)
Teen Fiction+12// Esse não é um típico clichê. Elizabeth Cordenas é uma garota com poucos amigos que sempre coloca os estudos em primeiro lugar e por esse motivo é considerada uma típica nerd. Ela sempre foi uma garota bondosa e de temperamento forte, mas a des...