Última barreira

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POV Daryl

Ela se afastou. Me deixou com outra pessoa, e foi viver a vida dela, pois aparentemente o brinquedinho não tem mais tanta graça depois de dizer não. Eu queria dizer que foi um alivio sem fim não ter que vê-la ou ter que aguentar seu sarcasmo constante, mas a verdade é que eu quase sentia falta.

Suas palavras ecoavam em minha cabeça, suas mentiras. Ela disse que achava estar apaixonada, mas sinceramente, para se estar apaixonada imagino que seja necessário ter sentimentos, e a rainha do gelo nunca teve nenhum. Esse era o ponto que me salvava de afundar ainda mais na merda.

O tempo que passamos juntos foi diferente. Seus beijos me faziam pensar que talvez eu nunca tivesse beijado ninguém de verdade antes dela. Intensos, deliciosos, excitantes. Sempre me fazendo querer mais e mais. A sensação de seu corpo gostoso contra o meu me enlouquecia. E eu odiava cada segundo disso, porque não poderia evitar. Era como um imã, me puxando incessantemente.

Gostosa, sedutora, perigosa, e de alguma maneira encantadora. Desde a primeira vez que a vi sabia que era uma armadilha. Ninguém pode ser tão linda assim no apocalipse. E para piorar, ela ainda sabia ter respeito pelas pessoas. Contraditória até o ultimo fio de cabelo loiro.

Eu sei que Brooklyn Hayes é uma maldita psicopata manipuladora, mas algo insistia em tentar me iludir dizendo que essa filha da puta em algo bom. Mas não tem.

Assassina a sangue frio, calculista, esposa do diabo, uma inimiga de peso. Quanto mais tempo passei com ela mais soube disso. E ainda assim a vontade de tê-la só aumentou mais e mais. Cada lampejo de bondade, gentileza ou algo assim que ela expressava  me confundia. O fao de um bom número de pessoas gostarem dela de verdade me confundia.  Ela me confunde.

Nós brigamos. Dois lados de uma briga, então é claro que brigamos. Mas os beijos começaram a ficar frequentes. Ela passou a ficar mais tempo, conversar mais. Eu sabia que era manipulação, mas tudo bem, porque era bom e eu estava me aproveitando disso. Eu estava me divertindo, tendo prazer. E o desejo só aumentando. Mais e mais.  A curiosidade e fascínio se misturando com o desejo bruto por seu corpo atraente. Inferno.

Como uma sereia ela foi me enfeitiçando aos poucos, e eu fui caindo cada vez mais. Esse importar estranho surgindo mais e mais. Preocupação. Tudo muito... errado. Coisa de viado.

E então Negan apareceu em um dia qualquer e a beijou. Passou as mãos por seu corpo, apertou, beijou novamente.  Meu sangue ferveu e uma raiva descomunal me atingiu. Eu queria soca-lo por estar beijando a própria mulher.  Filha da puta. Assistir aquilo foi como a gota d’agua para qualquer controle.

E ela manteve o jeito de rainha do gelo.  Não esta com ele obrigada, mas sim porque quer. E eu joguei coisas em sua cara. Joguei minha raiva em cima dela. Ela me olhou com os olhos castanhos variando entre frieza e fogo de raiva. Normalmente eu me divertiria ao ver uma ruptura em sua armadura, mas naquele momento eu só consegui ficar atordoado por descobrir que era possível existir uma. Mas ela assumiu o controle novamente, ergueu a coluna e me olhou friamente. Torceu os lábios e virou as costas sem dizer nada.  A porta se fechou com um baque seco, raivoso.

E então ela não apareceu no outro dia. Eu ainda a vi a distância em uma refeição ou outra, mas aparentemente o jogo tinha acabado.  Talvez tenha notado que nunca conseguiria nada de mim. E eu infernalmente senti sua falta.

No segundo dia eu não tive nem se quer um vislumbre. Nada. Como se ela nunca estivesse em lugar nenhum. O único lugar que eu podia imagina-la para sumir assim era no quarto fodendo  com o marido, e esse simples pensamento me deixava mais puto que o normal.

(...)

Acordei com a porta se abrindo bruscamente e a luz entrando. Pisquei várias vezes, meio sego pela luminosidade, e só então consegui distinguir Francis ali. Estranhei o fato de não ser Kieran.

The devil's wife Onde histórias criam vida. Descubra agora