O gelo castanho queima mais que fogo

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POV Daryl

Não posso dizer que fiquei surpreso com o fato de que Brooke fugiu. Adoraria falar que nunca esperei isso dela, mas estaria mentindo. A rainha do gelo nasceu para ficar presa tanto quanto eu. Respiro fundo tentando controlar os sentimentos confusos que isso me trás. Não estou realmente bravo por ela ter ido, mas preocupado. A raiva que me atinge vem do fato de que ela voltou para Negan e provavelmente ainda o ama. É claro que ama.

Observo meu grupo discutir sobre a fuga dela, Sasha soltando fogo pelo nariz, mas tenho o cuidado de permanecer fora disso.

-Você deixou que ela fosse? – pergunta Jesus aparecendo só Deus sabe de onde.

-Ninguém precisa deixar Brooklyn fazer qualquer coisa – respondo sem olhar para ele.

É a verdade, de qualquer forma. Eu nunca trairia a minha família, o meu grupo. Nem mesmo pela mulher que faz a minha respiração ficar presa na garganta.

Encontro meu colete jogado no quarto onde estava mantendo-a cativa, e o visto. O cheiro dela ainda está ali, impregnado, de uma forma muito parecida com o modo que ela se impregnou em minha mente.

POV Brooke

-Isso é uma má ideia – murmura Francis baixinho enquanto eu examino meu irmão pela quadragésima nona vez. Nenhuma mudança.

Respiro fundo e volto o olhar para o namorado de meu irmão.

-É, eu sei que é. –concordo, me sentando ao seu lado e ficando séria. – Mas eu não vou ficar parada enquanto Negan faz merda atrás de merda, não depois de Kieran. Além disso Ezekiel me pediu ajuda, e não vou negar depois de ele me deixar ter uma chance de salvar meu irmão. Até onde sei, os alexandrinos podem enfiar o ódio deles por mim no rabo.

Francis fica em silêncio, analisando a situação, buscando algum modo de me fazer desistir. Não vou, e acho que ele eventualmente compreende, porque se limite a acenar em concordância, em meio a um suspiro derrotado.

-Só tome cuidado, ok? Não posso perder você também – pede e sua voz é frágil e cansada.

Aceno com o coração apertado e o abraço. Não quero deixar Kieran, não quero partir, não quero ir para a guerra, mas sinceramente? Não vejo como posso simplesmente ficar parada, não é de minha natureza.

-Você também tome cuidado – peço ainda no abraço. – E cuide dele por mim.

Levanto, sentindo o peso do mundo sobre as minhas costas ao me virar para longe do leito de meu irmão, e sigo arrastando meu corpo para fora da enfermaria. Só posso esperar, desejar e rezar para que meu irmão acorde. Como médica sei que é possível, e como irmã morro de medo que não o faça.

Ezekiel me espera parado ao lado de um carro, com Jerry ao lado e uma mulher de cabelos grisalhos e curtos. Cumprimento os três, e ela me é apresentada. Os olhos azuis me analisam e estudam, mas estou cansada demais para retribuir.

Entramos os quatro em uma caminhonete, Jerry dirigindo, Ezekiel na frente e eu e Carol no banco de trás. Shiva está deitada na carroceria.

-Então você é a tal esposa do Negan? – pergunta Carol quando estamos na estrada a cerca de cinco minutos.

Poderia dizer que estou orgulhosa do quanto ela segurou para abordar o assunto. Ezekiel fica instantaneamente tenso e a encara pelo espelho, em um aviso mudo que meio que me diverte.

-Esperando me tornar viúva em breve – respondo focando os olhos nos dela com firmeza.

Ela reconhece algo em meu olhar, pois acena em seguida, parecendo concordar. Jerry começa um assunto qualquer em seguida, e Ezekiel comenta algumas organizações que fez, me pedindo opinião. Entro na conversa, me desligando de minha parte atordoada e machucada e focando na fria e pratica, assim como na que quer guerra e sangue, e me deixo envolver. Tenho plena consciência nos olhos espertos de Carol durante toda a conversa.

The devil's wife Onde histórias criam vida. Descubra agora