Capítulo 17

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Helga me convidou para almoçar, não aceitei. Segundo meu tio ela já havia me procurado antes. O que ela pretendia com essa "amizade"?

Pedir para que me deixasse na Castelo conveniências.

- Obrigada pela companhia, Lize.

Sorrir para ela.

- Tem certeza que não quer almoçar comigo?

- Tenho. Preciso ver uma coisa no meu carro.

Ela olhou para o Fusca ali. E o nojo surgiu novamente. Desci de seu carro super caro revirando os olhos por causa de sua atitude enojada.

- Até mais – ela disse

- Até.

Ela se foi. Passos dados pela calçada me colocaram na entrada da loja.

Entrei, pegue as chaves do Fusca no claviculário e sair. Sentei no banco de meu carro, abri a janela para circular ar no ambiente abafado. E fiquei ali derrotada fitando o volante. Eu precisava aprender a dirigir.

- O que está fazendo aí? – ele disse.

Cinco estava amparando o braço no teto do fusca, se curvou colocando a cabeça na janela. A outra mão no bolso do casaco.

- Como sabia que eu estava aqui?

- Eu sentir seu cheiro e ouvir a porta sendo aberta.

- Como? Eu nem cheguei perto de você e fui tão discreta.

- Vampiros têm sentidos aguçados.

Ele não usava o capuz – o dia não estava ensolarado - e o vento balançava suas ondas douradas.

- Já passou da hora de arranjar um casco novo.

- Não preciso de sua opinião.

- Desculpa, eu realmente não sei o que você passa sendo um vampiro.

Passei um pacote pela janela. Ele pegou confuso.

- Por favor, me ensine a dirigir – prosseguir.

Ele puxou o conteúdo do pacote. Pensei que ele iria gritar comigo ou até jogar o que tinha ali na minha cara. Mas ele disse:

- Tudo bem, mas não quero sangue em troca. O casaco... já é... suficiente.

Por acaso ele ficou mexido?

Passei minhas pernas por cima do cambio para posicionar-me no lado do passageiro. Ele abriu a porta e sentou-se com o rosto completamente insondável.

Mandei uma mensagem para tio Beto.

"Encontrei uma amiga. Vou passar o dia com ela e ela vai me deixar em casa mais tarde."

- Você deu um jeito no rastreador?

- Dei – respondi.

O silêncio que pairava entre nós me incomodava, mas não queria que algo que eu dissesse se tornasse uma discussão e o fizesse desistir de me ensinar. Cinco nos levou a uma área distante. Um grande espaço aberto de terra, rodeado por mato.

Trocamos de lugares. Ele colocou o cinto, fiz o mesmo.

- O que você sabe sobre direção?

- Nada.

- Sebe pelo menos ligar o carro?

- Claro que sei.

Atrapalhei-me no processo, deixando a chave cair no assoalho.

Ele mexeu os cantos da boca. E foi a primeira vez que eu vi um quase sorriso dele.

Toquei no volante.

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