Capítulo 42

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Perspectiva de Oliver Green

Estava sentado no banco, inclinado sobre o vasto balcão, rodeando com o indicador o copo contendo álcool.

Depois de salvar Lize pela primeira vez decidi me disfarçar, por sorte ela não me reconheceu naquele dia. Também não podia correr o risco de mais alguém me reconhecer, então comprei a máscara e a peruca.

Eu sabia desde criança que o trabalho de meus pais era perigoso, vampiros corrompidos eram bastante fortes e muitos dos melhores caçadores acabaram morrendo em serviço. Mas isso não impediu de me tornar um dos melhores caçadores.

Pelo ocorrido eu automaticamente não pertencia mais a Ordem. Um caçador de vampiros não podia ficar por ai sendo um vampiro. Por isso não usava mais o broche, preferia ficar como um caçador clandestino.

Mesmo sendo um desses malditos não parei de caça-los, ainda me sentia no dever de extermina-los e prevenir a morte de mais pessoas. Mas não foi um corrompido que matou meus pais e transformou a mim e meu irmão.

Eu fui muito fraco... Nunca me perdoaria por isso...

**

Cheguei ao portão de casa depois de uma caçada. Meus pais e Bruce tinham terminado suas rondas mais cedo. A porta estava escancararam e fiquei em alerta. Adentrei.

E o que vi foi pavoroso. Meus pais estavam amados cada um em uma cadeira cheio de hematomas, o que indicavam que haviam brigado. Seus olhos cheios de horror olhavam para a esquerda. Ali meu irmão estava em um horrorosidade bem diferente. Seu corpo debilitado também de ter lutado, seu rosto estava sem uma gota de sangue por causa da drenagem que sofrera e uma maldita vampira estava com o antebraço em sua boca.

Os olhos dela me pegaram e ela jogou Bruce com toda a força, fazendo-o bater com o rosto no chão. O choque que sentir me fez estremecer, mas ainda pude me mover para acertar um golpe em sua face.

Ela não perdoou e me devolve o mesmo golpe. Como estava vendo que um confronto corpo a corpo não seria a melhor opção peguei a pistola. Mas ela era ágil e forte, e me atirou a parede sem dificuldade, sentir bastante dor em minhas costas e desabei ao chão.

- Ora, outro da família.

- Run away as fast as you can! – minha mãe disse.

- Vocês me devem um marido e seus filhos são bem bonitos.

- Seu marido era um corrompido – vociferou meu pai com sotaque americano, tentando se soltar das amarras na cadeira.

- Mas era meu marido.

- Você é louca – indicou minha mãe também com sotaque.

Bruce se debatia ao chão, a transformação já havia começado.

- O que vocês sentem vendo-o ele ser transformar na coisa que mais odeiam? Acho que vou ficar com esse – apontou para Bruce. – Mas vou garantir um reserva se ele não der certo.

Mesmo jogado no chão estava com a pistola em mãos e disparei vários tiros nela, alguns a acertaram. Mas ela rapidamente veio em direção ao meu pescoço. A dor era horrível, e eu me sentia cada vez mais tonto e sem forças. Minha visão começou a escurecer, e ai um braço cortado jorrando sangue se pôs em minha boca, me contorci e o puxei com as mãos, tentando tira-lo dali, mas ela o pressionou ainda mais contra meus lábios. Acabei bebendo um bom punhado contra minha vontade.

Ela me jogou e depois de meu baque escutei o choro de minha mãe.

Eu tinha fleches de visão, focava e desfocava. Meus ouvidos se incomodavam com o barulho alto de tudo a minha volta, meu nariz começava a sentir o cheiro as flores do jardim do vizinho se misturando com o cheiro forte de sangue de dentro de casa. Meu corpo estava fervendo, pingando em suor, e me debatia como se um estivesse tendo um ataque epilético.

Ela avançou em meu pai e passou a lâmina de uma faca em sua garganta. Os olhos dele arregalaram-se e depois perderam o foco. Eu queria me mover, mas não conseguia. Eu queria pará-la, mas eu não era capaz. Ela fez o mesmo com minha mãe. Não fui apto a ver seu rosto com o embaçado piorando em minha visão, mas seu grito ecoou ensurdecedor nos meus ouvidos. Eu não estava aguentando presenciar meus pais mortos bem na minha frente, e não poder fazer nada. Como pude ser tão franco para deixa-la me abater, não fazer nada para salvar minha família.

Ela se pôs a frente de Bruce.

- Vamos, se tudo der certo você será meu novo marido.

Ela o ajudou a se levantar, ele ainda tremia e tinha dificuldades para andar. Bruce provavelmente não tinha noção do que estava fazendo naquele momento.

Era um pesadelo. Meus pais mortos. Eu e meu irmão vampiros. Só sentia ódio. Ódio dela e de mim mesmo.

Não eu não tinha mais motivos para viver. Peguei minha pistola apontei para o coração.

**

Tinha recebido uma proposta de ser reaceito na Ordem, eles tinham um plano para uma investigação na Blood Society e como eu era um vampiro isso seria ótimo para uma infiltração sem suspeitas. Mas o episódio da perda de minha família e de minha transformação foi um trauma que me deixou muitas sequelas. Sequelas incuráveis que não me deixavam viver em paz.

- Oliver! Um milagre ter te encontrado numa hora como essa.

Roberto estava bastante aflito. O carro que acabara de sair ainda estava ligado a porta do bar.

- O que aconteceu? – perguntei preocupado.

- Por favor, me ajude. Estou procurando Lize por toda a cidade.

- Lize...?

- Um carro vermelho estava parado na frente de casa, ela disse que conhecia... ai partiu, ela não voltou e depois de uns minutos ela me mandou isso.

Olhei a mensagem em seu celular.

Aquela maldita sequestrou Lize. Eu não podia perder mais ninguém que eu amava. Eu ia matar aquela miserável de uma vez por todas.


Desculpe a demora caros leitores.

O que será que vai acontecer agora?

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