Capítulo 32

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Perspectiva de Desconhecido

Sentei na cadeira, calcei as botas e depois me obriguei a reler pela centésima vez a manchete do jornal Epígrafe de Antunes.

SERIAL KILLER EM ANTUNES?

"Nessa ultima quinta-feira mais uma vítima foi encontrada com perfurações pelo corpo e perda de sangue na cidade de Antunes. Vários casos como esse já aconteceram e continuam a acontecer. Mas será que são realmente crimes sem solução ou ataques de animais selvagens, como sempre é relatado? O relato de testemunhas indica que a mulher do retrato falado abaixo saia do local onde o corpo sem vida da jovem de 20 anos Ingrid Silveira foi encontrado. As investigações correm para saber o paradeiro da autora do crime e se também está envolvida em outros assassinatos similares."

O artigo não estava assinado por o costumeiro nome de José Fernandes, mas por  outro jornalista: "Por Clara Garcia".

Logo a baixo, um retrato falado em cores bastante realista e a frase "Procura-se"

Eu podia fazer algo, mas era muito arriscado.

A única coisa que vinha em minha mente era mostrar para as testemunhas a aberração que era um corrompido e explicar toda a situação do dia em que viram Lize cheia de sangue, dessa forma eles poderiam acabar com o mal entendido.  Porém, divulgar a existência vampiros era proibido pela Ordem.

Ponderei muito, desde a primeira olhada na foto e lida na notícia, buscando outra alternativa satisfatória, mas acabei concluindo: dane-se a Ordem, eu não podia deixar Lize ser presa inocentemente. Os Gonçalves não seriam os primeiros cidadãos sabendo da existência de vampiros. Também não seria a primeira coisa que eu fazia que era proibida pela Order of the Black Rose.

Eu percebi que era costumeiro um carro em singular passar em algumas noites enquanto caçava. Era um dos poucos cidadãos se arriscado nas noites solitárias de Antunes. Então já havia identificado o casal que estava dentro dele e até sabia onde moravam. E na noite do ocorrido eu havia visto o mesmo carro passar. Só não sabia que eles tinham visto o crime e feito suas acusações.

Apanhei as armas em cima da mesa de madeira. Pistola no cós, estaca na bainha. Peguei os demais apetrechos, necessários para esconder meu rosto. Sabendo que chamaria mais a atenção com tudo que me compunha por ser dia.

Não era fácil caçar um corrompido durante o dia. Ele sabia se esconder bem da claridade e não estava nos lugares habituais por não ir ao encontro de presas. Assim, era difícil saber sua localização. Além do mais, tive que me delimitar as proximidades da casa da família Gonçalves, pois não queria que muitas pessoas me vissem e não podia perambular com um corrompido por muito tempo. Levei entre 6 e 7 horas para achar um, encontrei-o na escuridão de um galpão abandonado.

Ele adormecia no chão. A roupa social que usava mostrava que ele poderia ser sido um incorrupto de negócios antes da transformação definitiva. Ele percebeu-me pelo cheiro e acordou assustado quando me aproximei.

- Um caçador? – alarmou-se.

Ele tentou escapar, correndo pelo grande galpão. Esquivava-se dos feixes de luz que entravam por buracos nas paredes e no teto.

Porém, ele não esperava que minha habilidade na corrida pudesse ser mais elevada do que o normal.

O alcancei e o levei para uma área descoberta do galpão, expondo-o ao Sol, que me ajudava a deixá-lo vulnerável, de modo que ele não tinha potência para atacar nem de curar-se rapidamente. O Sol afetava mais prejudicialmente corrompidos do que incorruptos. Resultado: eu dei uma baita surra naquele maldito.

Agarrei-o pela gola, o arrastava pelo trajeto como um menino puxa seu carrinho de brinquedo. Naquele momento as mãos dele - juntamente com suas pernas e traseiro- atropelaram as pedras postas no jardim . Uma situação muito humilhante para a famosa força vampiresca que possuíra.

- O que está fazendo comigo? – o maldito perguntou.

Corrompidos podiam falar, mas prefiram ficar calados por sua voz peculiar chamar muita atenção, alentando vítimas e caçadores. Entretanto, aquele em especial era um tagarela.

- Não se preocupe, você vai ser destruído logo, logo – expliquei.

- Não gosto de surpresas.

- Vou deixar você escolher entre as duas opções que posso oferecer. O que prefere: estaca ou bala? – sentencie.

- Qual deles não é de prata?

- Astuto da sua parte, mas "lamento" informar que os dois são de prata – retruquei.

Ele inalou fundo.

- Que aroma é esse? – questionou-se. – Nunca tive a oportunidade de saboreá-lo...

Não imaginava que Lize pudesse estar ali. Ela não deveria descobrir quem eu era, nem o que ela própria...

- Quieto!

- Por que esperar para me matar, Caçador? - incitou com dentes ainda melados de sangue de sua ultima vítima.


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