Capítulo 24

73 18 10
                                    

Perspectiva de Roberto Castelo

Abrir a gaveta da estante e apanhei meu livro favorito: Triste fim de Policarpo Quaresmas. Tinha guardado a foto de meu grande amor nele. Um antigo amor interrompido...

- Não saia de casa, por favor, principalmente à noite – perdi a Lize. - Pode ser que eu chegue tarde – informei.

- Certo, tio – ela somente respondeu.

Lhe dei um beijo na bochecha e fui até porta um pouco incomodado em deixa-la o dia inteiro sozinha.

Estava preocupado com o estado dela recentemente. Supunha que a vinda de Cinco a afetou. Foi um risco que tive tomar para ajudá-lo. Mas ainda temia que Lize desvendasse que ele era um vampiro, e que já se conheciam de uma forma bem próxima. Ele me garantiu que não a revelaria e jurou não machuca-la. Confiei nele em respeito à família Green. Mas os olhos de Lize pareciam mais atentos do que nunca para desvendar os segredos que eu guardava desde que veio morar comigo.

**

Lize passou por mim com uma expressão vazia, jogou sua mochila no chão e sentou-se no sofá. Aquela menina esperta que tagarelava sem parar, sempre fazendo perguntas e se irritando quando não obtinha respostas, estava totalmente quieta.

- Precisamos conversar – disse Ricardo.

Nós três nos sentamos à mesa: eu, meu irmão e sua esposa. Eu estava apreensivo quanto ao o que iam me dizer. Ricardo já tinha adiantado o motivo da inesperada visita por telefone.

- Você sabe que escolhemos permanecer nessa cidade depois de casados por ela ser pacata e tranquila e, além disso, eu podia ajudar no negócio da família quando você precisasse – falou Ricardo.

- Sim, eu sei disso.

- Lize nasceu e nós estávamos vivendo tranquilos, mas pela própria vontade dela tivemos que nos mudar para a capital. Sabíamos que era arriscado, mas não podíamos negar o talento dela. O problema é que suspeitam de sua existência – continuou ele.

- Eu entendo, e lamento que estejam sofrendo dessa forma. O que posso fazer por vocês?

- Cuide da Lize – Ricardo pediu com comoção.

- Sim, claro que posso cuidar dela.

- Vamos resolver isso e tudo voltará ao normal.

Olhei para Lize ainda no sofá mirando o nada.

- O que aconteceu com ela? – perguntei.

- Eu... tive que...– disse Estela.

- Não! – exclamei sem acreditar.

- Eu tive que... ela sofria.

- Cuide dela, Roberto. Se algo acontecer conosco cuide dela mais ainda – disse meu irmão.

- Não diga isso, Ricardo.

Ele olhou para a filha.

- Ela é o que tenho de mais precioso nessa vida.

- A escondi a qualquer custo de minha família... mas... você é ciente que somente Miguel sabe... – falou Estela. - Obrigada por se dispor a tomar conta dela.

- Cuidarei dela como uma filha – afirmei.

- Temos que ir agora – sibilou meu irmão gêmeo.

Nós nos erguemos. Meu irmão me deu um forte abraço, não gostei do sentimento de despedida que veio com seu gesto.

- Vocês têm mesmo fazer isso? – perguntei.

- Temos – respondeu Estela com um ar preocupado.

Ela se moveu até o sofá e se prostrou diante de Lize.

- Mamãe te ama, Lize – disse ela a filha a abraçando.

- Eu também te amo mãe, mas não precisa falar comigo com se eu tivesse 5 anos.

Estela sorriu e olhou atentamente o rosto da menina a sua frente.

- Minha garotinha durona cresceu tão rápido – disse Ricardo afagando sua cabeça.

E pensei ter visto lágrimas encherem os olhos de meu irmão.

- Quando vão voltar? – Lize indagou.

- Em seis dias voltamos. Não aborreça seu tio – Ricardo orientou.

Naquela noite enquanto assistia um filme na TV, Lize desceu as escadas franzindo o cenho.

- Tio Beto, não consigo dormir. Estou me sentindo esquisita, como se minha cabeça não raciocinasse e eu estou lutando para que ela raciocine.

- Venha aqui, querida. É só esquecer isso que logo conseguirá dormir.

Ela se sentou ao meu lado, a envolvi com carinho. Minha intuição me dizia que algo de ruim estava preste a acontecer.

**

Aquela lembrança estava bem presente, do mesmo modo que a notícia da morte de meu irmão e sua esposa em um acidente de carro enquanto voltavam para Antunes. Entrei no meu adorando Cadillac Fleetwood azul. Eu era um fã incurável de carros clássicos. Folheei o livro a procura aquele sorriso despreocupado, afim que diminuísse a angústia da perda e me proporcionasse boas recordações. Porém, a foto não estava ali, fechei o livro enraivecido. Se aquilo fosse feito de Lize, ela merecia um castigo dos grandes para parar de agir com se ainda tivesse seus 13 anos.

Ajeitei os óculos sobre os olhos e verifiquei as horas no relógio de pulso, chegaria atrasado para a reunião se não zarpasse de imediato. Foi necessário mentir mais uma vez para Lize. Eu não iria visitar tia Inês, ela nem existia mais.

Amo comentário e adoro teorias se puder deixe sua opinião, risos, revoltas, que achou a fala da Lize ridícula : o e o 5 lindo S2... me deixaria muito feliz ; )


VAMPIRE HUNTEROnde histórias criam vida. Descubra agora