SEM CONVITE? SEM PROBLEMAS!

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A manhã de James foi recheada de aulas mortificantes de cálculos, política e línguas. No almoço, ele ficou feliz em ter uma hora livre de tudo aquilo, mas decidiu não ir para casa almoçar com os amigos, como de costume, e permaneceu nas dependências da universidade.

Depois de apanhar uma pequena porção de batatas fritas na cantina, ele caminhou entre as várias fileiras de mesas que estavam meio ocupadas até o fundo do amplo refeitório. Ali, ficavam as cinco mesas reservadas para os membro da Kappa-Mu-Sigma. As mesas não estavam num bom estado, e aquele canto, o mais próximo dos banheiros, não tinha o mais agradável dos cheiros, mas ninguém mais se incomodava com isso.

James se acomodou na mesa que não estava ocupada. Ele teria gostado de ficar sozinho, ter algum tempo de paz para refletir, mas seu plano falhou com incrível rapidez: três ou quatro minutos depois de começar a comer, seus amigos começaram a chegar um após o outro.

O primeiro deles foi Max. O atacante surgiu vestindo o moletom do time de futebol com o capuz escondendo o rosto, apanhou na cantina um cappuccino descafeinado, atravessou o refeitório a passos largos com a cabeça baixa e ocupou a extremidade do banco onde James estava sentado. Ele podia sentar com o resto dos atletas, é claro, mas nunca fazia isso, e James não sabia o porquê.

Não era preciso ser nenhum expert em linguagem corporal para saber que Max ainda estava constrangido por causa do incidente com a nudez, a vitamina e Leon naquela manhã. Por isso, ele achou melhor não falar nada e se preocupar com suas batatas fritas rançosas.

Pouco depois de Max, foi Natalie quem apareceu, acompanhada da amiga Diana Hastings.

Natalie se aproximou como uma tempestade, atraindo olhares confusos e ostentando uma expressão de extremo mau humor, um curativo no nariz machucado e algumas marcas de arranhões no rosto e nos braços. Ela praticamente arremessou a bandeja com seu almoço na mesa, de frente para James, e se sentou com Diana ao seu lado.

— Olá, garotos. — Diana, que era uma caloura na universidade e havia ingressado recentemente na Kappa-Mu-Sigma, os cumprimentou. Ela tinha longos cabelos dourados, olhos verdes com charmosos pontinhos dourados e uma voz suave, adequada ao seu jeito de menininha. James ficava triste sempre que imaginava que seria necessário talvez não mais que um ano naquela casa para transformar Diana numa desvairada violenta como Natalie e Lia.

Max limitou-se a acenar vagamente com a mão para a caloura sem desviar o olhar de seu copo de cappucino.

— Oi, Diana. Como vai? — James sorriu para ela.

— Bem, eu passei os últimos cinco períodos ouvindo a Natalie reclamar. Você sabe como é — Diana explicou, revirando os olhos, mas não parecia minimamente incomodada com nada daquilo.

James não a havia visto naquela manhã, pois Diana, por ser um membro mais novo da Kappa-Mu-Sigma, fora colocada num quarto no andar superior. Sorte a dela.

— Você é a amiga paciente que ela precisa, Diana. Outras pessoas talvez ficassem aborrecidas com isso muito rapidamente e acabariam acertando um soco nela. — James pressionou gentilmente a sua mão e se virou para Natalie: — Nat?

Em silêncio, Natalie o estudou por algum tempo, como se avaliasse os prós e contras de cumprimentá-lo. No fim das contas, mesmo que ainda de má vontade, o fez.

— E aí, Jamie. Max.

— E aí. — A voz de Max era menos que um sussurro.

— Você está bem? — James perguntou a ela.

Ele não via Natalie desde que saíra da sede da Kappa-Mu-Sigma às pressas pela janela, ainda enquanto se desenrolava a situação caótica causada pelo liquidificador de Leon. Ele ainda não sabia como tudo tinha terminado, ou se queria saber disso agora.

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