Capítulo 6: Uma nova amizade

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Thomas POV's

Manuela saiu da sala sem ao menos me deixar falar alguma coisa, e bom, fiquei ali parado observando-a sair. Estávamos tão próximos e ainda muito distantes. Pude ouvir seu coração bater contra o meu peito, segundos que pareciam ser eternos. Tudo o que eu queria era encontrar um motivo que a fizesse ficar, mesmo depois de tanto tempo, meu sentimento por ela permanecia intacto e talvez, ainda maior do que antes.

Acho que o pior de tudo era ter que aceitar vê-la nos braços de um outro alguém, não sabia como fazer isso, nem ao menos me passava pela cabeça como eu a veria ao lado dele sem me machucar, sem sentir a dor e o arrependimento de ter partido. Sei que eu merecia o que eu estava sentindo, afinal, errei em deixá-la, mas não tive escolha. Tenho certeza que Manuela acredita que eu poderia ter feito as coisas de uma maneira diferente mesmo sem saber verdadeiramente o motivo pelo qual tive que partir, o que acontece, é que não tive forças para ficar. Eu tinha motivos, mas fui fraco demais para lidar com tudo o que aconteceu.

Fiquei alguns segundos encarando a porta, lutando contra o desejo de ir atrás dela e envolvê-la em meus braços. Era difícil dizer a mim mesmo que não podia fazer tal coisa, era uma tortura saber que aquilo já não era meu dever, ela pertencia à outro, e mesmo que aquilo me matasse por dentro, teria que encarar  realidade. Afinal, eu a perdi. Sim, eu perdi. Mas isso nunca significava que desisti, pois daquela garota, eu realmente não desisto.

— Senhor Thomas, fiquei muito feliz em saber que está de volta ao país. — falou meu detetive particular do outro lado da linha.

— Pois é, agora estarei por perto... Você tem novidades?

— Encontrei alguns registros de dois homens que possam estar envolvidos no acidente dos Soares, mas está tudo ainda muito vago. Como descobrimos que haviam dois homens no carro que bateu contra eles, ainda temos que descobrir quantos homens tinham no carro que fechou a rua. O senhor teve contato com seu irmão desde que voltou? — perguntou.

— Não. Eu não voltei para a casa, aluguei um apartamento bem afastado da minha família. Não quero contato com eles.

— Entendi. Falei com o Julian nessa semana, ele disse que a polícia não fala sobre o ocorrido há meses e segundo o que ele me contou, a filha deles vai cancelar qualquer tipo de investigação.

— É sim. — bufei. — Manuela está um tanto cansada dessa história, acho que ela não acredita mais que possam ser pegos.

— Eu entendo, mas nós estamos avançando. Estarei pegando informações desses dois indivíduos, e vamos ver no que vai dar.

— Tudo bem, vou esperar notícias. Obrigado. — agradeci.

— De nada. Até mais.

Encerrei a chamada, sentindo-me frustrado mas um pouco confiante. Tinha fé que conseguiria fazer justiça pelo estrago que meu irmão causou, o plano inteiro foi muito bem arquitetado e estava dando trabalho, mas sei que valeria a pena. Era péssimo ter que olhar para Manuela, sabendo quem ocasionou o coma de seus pais, sabendo que foi meu próprio irmão. E acho que a pior coisa, era saber que nada que eu fizesse poderia reparar o que ele fez.

Passei todos os dias carregando a culpa de um crime que não cometi, tentando de alguma maneira conviver com aquele peso que estava me consumindo há cada dia, sempre pensei que fosse forte o suficiente para lidar com qualquer situação, mas quando vi o mundo da mulher que amo desabando, foi quando percebi o quanto eu era fraco e pequeno. Tudo o que eu queria era ter a possibilidade de carregar a dor que Manuela sentia cada vez que visitava seus pais.

Quando descobri que Manuela estava noiva de Barry, foi a maior dor que já senti. Lembro-me perfeitamente quando Julian me contou a notícia que a mulher da minha vida estava pronta para se casar com outro e eu disse à mim mesmo que havia acabado, que já não éramos "Thomas e Manuela", tentei me convencer que era para sempre, mas algo dentro de mim gritava que eu estava errado. Então eu decidi que lutaria por ela, talvez fosse tarde demais ou talvez fosse o momento certo.

O Milagre: ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora