Encarei o chão por um tempo, mas logo voltei com meu olhar à Barry. Ele estava paralisado, olhando fixamente para a frente sem nenhum tipo de expressão facial. Mesmo que eu tentasse, seria impossível adivinhar no que ele estava pensando. Esperei por suas palavras, mas elas não vieram, então, decidi quebrar o silêncio.— Eu posso te explicar tudo. — murmurei quase sem voz.
— Acho que não preciso de explicações.
— É claro que você precisa...
— Tudo está claro pra mim. — respondeu, rudemente.
Eu não esperava que aquela situação fosse fácil, desde o início, tinha total consciência do quanto seria difícil ter de fazer aquilo, mas agora, vendo a reação de Barry, as coisas pareciam ainda mais complicadas. Ele não queria me ouvir, e nem sequer me olhava, seu olhar estava firme, como se estivesse lutando contra algo dentro si.
— Não sei no que você está passando... Mas, preciso que me escute. Nós precisamos conversar sobre isso.
— O que você quer me dizer? Eu sei que tudo isso é culpa do Thomas, sei que está terminando comigo por ele! — gritou.
— Não é como você pensa... Eu só percebi que meus sentimentos por você não eram o que eu pensava.
Ao ouvir minhas palavras, Barry se colocou de pé e foi em direção ao piano, andando de um lado para o outro sem saber para onde olhar, ele estava completamente perdido. Assustei-me com sua reação e encolhi-me no sofá, seus olhos agora pareciam raivosos. Nunca o tinha visto daquele jeito. Aquele era alguém que eu não conhecia.
— Eu não quero ouvir mais nada de você! — exclamou.
Fiquei paralisada, sem saber o que fazer. Tinha medo de dizer mais alguma coisa e fazê-lo se irritar ainda mais. Barry percebeu meu silêncio e tudo o que fez, foi abrir a porta e sair, fechando-a atrás de si com certa agressividade. Uma lágrima seca e pesada escorreu pelo meu rosto. Eu era a culpada por tudo, e me odiava por isso.
O tempo passava e eu não conseguia sair daquele sofá, sussurrava com o Senhor, pedindo que ajudasse Barry a entender ao menos um pouco aquela situação e que o acalmasse, acima de tudo. Não sabia o que ele poderia fazer estando daquele jeito, mas orava, para que não fizesse nenhuma loucura e nem perdesse a cabeça.
Juntei todas as minhas forças que pareciam nulas e enfim me levantei, subi ao quarto, ajoelhando-me em frente a cama e comecei uma oração em favor da vida de Barry. Fiquei ali por longos minutos, e quando terminei, decidi ler a bíblia. Precisava de um certo consolo, meu coração estava despedaçado, e nada parecia juntá-lo.
Depois de um longo tempo lendo o livro de Salmos, lembrei-me que não havia visitado mamãe, minha cabeça estava tão cheia que me esqueci totalmente de ir ao hospital. Me apressei e peguei minha bolsa sobre o sofá, então, saí de casa. Não demorei a chegar no hospital, cumprimentei as enfermeiras e fui ao quarto de mamãe.
— Oi, mãe. — sussurrei, enquanto me sentava na beirada de sua cama. — Desculpe ter me atrasado. Estava tentando consertar a bagunça que fiz, mas, acho que deixei tudo ainda mais bagunçado. Não é certo partir o coração de alguém, mas seria pior ainda se eu continuasse deixando que essa situação se estendesse. — suspirei, levando meu olhar ao chão. — Vai dar tudo certo, não vai, mamãe?
Já passava de sete horas quando saí do hospital. Não me sentia melhor, mas também, não estava pior. O tempo estava frio e o ar gelado, fazia com que eu esfregasse meus braços. Meu celular apitou algumas vezes mas decidi ignorá-lo. Ao chegar em casa, dei de cara com papai que me encarou com um olhar preocupado assim que entrei.
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O Milagre: Reencontro
SpiritualContinuação da obra: O Milagre ♥ Após a partida de Thomas do país, a vida de Manuela virou de cabeça para baixo, com seus pais em coma, teve que deixar sua faculdade de Teologia de lado para trabalhar. Mesmo com todos os problemas que enfrentou e to...