Capítulo 25: O término

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Encarei o chão por um tempo, mas logo voltei com meu olhar à Barry. Ele estava paralisado, olhando fixamente para a frente sem nenhum tipo de expressão facial. Mesmo que eu tentasse, seria impossível adivinhar no que ele estava pensando. Esperei por suas palavras, mas elas não vieram, então, decidi quebrar o silêncio.

— Eu posso te explicar tudo. — murmurei quase sem voz.

— Acho que não preciso de explicações.

— É claro que você precisa...

— Tudo está claro pra mim. — respondeu, rudemente.

Eu não esperava que aquela situação fosse fácil, desde o início, tinha total consciência do quanto seria difícil ter de fazer aquilo, mas agora, vendo a reação de Barry, as coisas pareciam ainda mais complicadas. Ele não queria me ouvir, e nem sequer me olhava, seu olhar estava firme, como se estivesse lutando contra algo dentro si.

— Não sei no que você está passando... Mas, preciso que me escute. Nós precisamos conversar sobre isso.

— O que você quer me dizer? Eu sei que tudo isso é culpa do Thomas, sei que está terminando comigo por ele! — gritou.

— Não é como você pensa... Eu só percebi que meus sentimentos por você não eram o que eu pensava.

Ao ouvir minhas palavras, Barry se colocou de pé e foi em direção ao piano, andando de um lado para o outro sem saber para onde olhar, ele estava completamente perdido. Assustei-me com sua reação e encolhi-me no sofá, seus olhos agora pareciam raivosos. Nunca o tinha visto daquele jeito. Aquele era alguém que eu não conhecia.

— Eu não quero ouvir mais nada de você! — exclamou.

Fiquei paralisada, sem saber o que fazer. Tinha medo de dizer mais alguma coisa e fazê-lo se irritar ainda mais. Barry percebeu meu silêncio e tudo o que fez, foi abrir a porta e sair, fechando-a atrás de si com certa agressividade. Uma lágrima seca e pesada escorreu pelo meu rosto. Eu era a culpada por tudo, e me odiava por isso.

O tempo passava e eu não conseguia sair daquele sofá, sussurrava com o Senhor, pedindo que ajudasse Barry a entender ao menos um pouco aquela situação e que o acalmasse, acima de tudo. Não sabia o que ele poderia fazer estando daquele jeito, mas orava, para que não fizesse nenhuma loucura e nem perdesse a cabeça.

Juntei todas as minhas forças que pareciam nulas e enfim me levantei, subi ao quarto, ajoelhando-me em frente a cama e comecei uma oração em favor da vida de Barry. Fiquei ali por longos minutos, e quando terminei, decidi ler a bíblia. Precisava de um certo consolo, meu coração estava despedaçado, e nada parecia juntá-lo.

Depois de um longo tempo lendo o livro de Salmos, lembrei-me que não havia visitado mamãe, minha cabeça estava tão cheia que me esqueci totalmente de ir ao hospital. Me apressei e peguei minha bolsa sobre o sofá, então, saí de casa. Não demorei a chegar no hospital, cumprimentei as enfermeiras e fui ao quarto de mamãe.

— Oi, mãe. — sussurrei, enquanto me sentava na beirada de sua cama. — Desculpe ter me atrasado. Estava tentando consertar a bagunça que fiz, mas, acho que deixei tudo ainda mais bagunçado. Não é certo partir o coração de alguém, mas seria pior ainda se eu continuasse deixando que essa situação se estendesse. — suspirei, levando meu olhar ao chão. — Vai dar tudo certo, não vai, mamãe?

Já passava de sete horas quando saí do hospital. Não me sentia melhor, mas também, não estava pior. O tempo estava frio e o ar gelado, fazia com que eu esfregasse meus braços. Meu celular apitou algumas vezes mas decidi ignorá-lo. Ao chegar em casa, dei de cara com papai que me encarou com um olhar preocupado assim que entrei.

O Milagre: ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora