Observamos a cidade pela janela durante um longo tempo, definitivamente teríamos que passar a noite ali mas já não estava mais preocupada com esse fato. Dentro de mim nascia uma tranquilidade muito grande, saber que de agora em diante não havia mais ressentimento e nem mágoa alguma entre Thomas e eu.Ficamos em silêncio o tempo inteiro até voltarmos aos nossos lugares próximos ao fogo, já me sentia cansada e no relógio de Thomas marcava nove horas ainda, não costumava dormir aquela hora, mas presumo que o tédio de estar presa àquele prédio fez com que o sono viesse um pouco mais adiantado que o normal.
— Será que amanhã isso vai ter acabado? — perguntei como em um sussurro, quebrando o silêncio daquela sala tão grande.
— Tenho certeza que sim.
— Me sinto tão cansada, — disse, bocejando. — mas sinceramente não queria dormir agora.
— Qual o problema? — indagou, e tudo o que fiz foi me deitar sobre o cobertor que estava no chão.
— Acho que pela sala ser tão grande, ela me assusta um pouco.
— Não se preocupe quanto à isso, pode descansar.
Fechei os olhos por alguns instantes, estava sendo tomada pelo cansaço, mesmo que contra a minha vontade. Tudo o que eu queria naquele momento era o meu quarto e a minha cama, depois de ter tomado um belo banho relaxante. Meus pensamentos foram cortados no momento em que adormeci, o que não demorou muito.
{...}
Abri meus olhos com certa dificuldade e pude ver a luz do sol me dando um bom dia, demorei alguns segundos para acostumar-me com a claridade enquanto me sentava no chão, tratando de encontrar Thomas com o olhar mas para a minha surpresa ele não estava ali.
O céu estava limpo e o sol não poderia estar mais radiante, é como dizem: depois da tempestade, sempre vem o sol. Levantei-me imediatamente e a porta da sala se abriu, foi quando Thomas apareceu com uma bandeja em mãos, me deixando confusa com tal ato, mas então notei que aquilo era um café da manhã.
— Bom dia. A luz voltou, trouxe algumas coisas pra você, eu fui ao mercado. Eu já comi, então, faça proveito. — caminhou até a mesa, deixando a bandeja sobre ela.
— Obrigada, estou morrendo de fome mesmo.
Eu podia ouvir meu estômago gritar assim que coloquei os olhos naquela refeição, cereal, torradas e um copo de suco. Em pouco tempo, acabei com tudo, realmente, estava com muita fome. Nem notei que Thomas me observava um pouco assustado.
— O que foi? — perguntei, dando a última golada no suco.
— Nada não. — ele riu, voltando-se ao computador.
Aproximei-me um pouco mais afim de ver a hora em seu relógio, já eram mais de oito horas da manhã e eu nem sequer tinha falado com Barry, ele estava sem notícias minhas há horas, com certeza estava preocupado. Fui até meu celular que estava próximo à lareira e vi que estava sem bateria.
Só o que me faltava!
— Tenho que sair, volto no horário de trabalho, prometo. — falei apressadamente enquanto ia até a porta.
— Vai lá, se quiser tirar o dia de folga, não tem problema.
— Não, não precisa. Eu só vou resolver umas coisas. — quando saí da sala de Thomas, dei de cara com Barry que adentrava em minha sala, assim que me viu soltou um suspiro e caminhou rapidamente em minha direção.
Como ele entrou aqui?
— Você está aqui, graças à Deus! — ao aproximar-se, envolveu-me carinhosamente entre seus braços e pude senti-lo acariciar meu cabelo. — Você está bem? Fiquei horas em frente à sua casa e estava muito preocupado. Passou a noite inteira aqui? — questionou-me.
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O Milagre: Reencontro
SpiritüelContinuação da obra: O Milagre ♥ Após a partida de Thomas do país, a vida de Manuela virou de cabeça para baixo, com seus pais em coma, teve que deixar sua faculdade de Teologia de lado para trabalhar. Mesmo com todos os problemas que enfrentou e to...