— Eu acho melhor você ir pra casa. — sugeri.Ao ouvir minhas palavras, Barry soltou uma risada de deboche e veio caminhando em minha direção. Permaneci parado ao lado do carro enquanto observava seus movimentos. Barry parou à minha frente, à poucos centímetros de distância e me encarou seriamente.
— Por que você voltou? — perguntou.
— Você sabe o porquê eu voltei.
— Ela estava comigo! — gritou.
Respirei o mais fundo que pude, não estava com um bom humor para ter que aturar as reclamações de Barry justamente naquela hora da manhã. Para ser sincero, eu não tinha muita paciência com ele, e agora, menos ainda. Só de vê-lo parado ali, me deixava irritado.
— Nunca faltei com respeito à você, Barry.
— Então, deveria ter ficado onde estava.
— A culpa não é minha se você ultrapassa os limites com alguém mesmo sabendo que ela ainda ama outra pessoa.
— Você não sabe de nada, Thomas.
— Eu sei, todos sabiam e você também.
Barry levou seu olhar ao chão e o encarou por alguns segundos antes de voltar seus olhos à mim e em um ato rápido, jogou seu corpo para cima do meu, agarrando-se na gola de meu casaco. Tentei afastá-lo mas foi em vão, então, senti seu punho vir de encontro ao meu queixo.
— Sai daqui! — gritei, empurrando-o para longe.
— Vai fugir como fez com a Manuela? — provocou.
Eu realmente não queria brigar com Barry. E não era por ele, e sim por Manuela. Eu a respeitava o suficiente para não querer bater em alguém que era importante para ela. Mas minha paciência tinha um certo limite e Barry já havia ultrapassado essa linha há muito tempo.
Barry começou a se aproximar e encarei o chão, analisando seus passos. Ao levantar meu olhar, vi sua mão fechada vir em minha direção e rapidamente me desviei, aproximei-me antes que Barry pudesse fazer mais alguma coisa e cerrei meu punho, socando-lhe o estômago.
Eu realmente não levaria outro soco, não depois de ser provocado daquela maneira. Tentei ao máximo ser paciente, mas já não tinha a mínima vontade de fazer um esforço pra isso.
Barry tossiu algumas vezes depois do terceiro soco seguido em seu estômago. Soltei-o, jogando-o no chão para longe de mim, Barry rolou do gramado até a rua e levou a mão à sua barriga enquanto tossia incessantemente, tentando recuperar o fôlego que já havia perdido.
Aos poucos fui caminhando em sua direção e já pude avistar uma vizinha olhando pelo canto da janela, se isso se prolongasse, em breve a polícia seria alertada. Barry virou sua cabeça em minha direção e pude ver que sua testa sangrava, mas não parecia ser nada grave.
— Acabou com seu teatrinho? — perguntei, friamente.
— Você sabe bem o quanto eu sofri pela Emily, e quando encontro alguém que me faça sentir do mesmo jeito novamente, você simplesmente volta e a tira de mim...
— Eu não tirei ninguém de você.
— Ela me deixou por sua culpa! — exclamou.
— Não. A culpa de tudo isso é sua.
— Estava tudo muito bem antes de você voltar, ela estava feliz comigo. Mas é claro que uma hora você iria voltar e estragar tudo, porque é só isso o que você faz, Thomas.
— Levanta do chão e vai pra casa. — disse, calmamente.
Barry virou-se ainda me observando e começou a se levantar, assim que ficou de pé, aproximei-me da porta do carro abrindo-a quase que imediatamente e entrei no veículo. A chave ainda estava na ignição e tudo o que fiz foi virá-la, então, Barry aproximou-se da janela.
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O Milagre: Reencontro
SpiritualContinuação da obra: O Milagre ♥ Após a partida de Thomas do país, a vida de Manuela virou de cabeça para baixo, com seus pais em coma, teve que deixar sua faculdade de Teologia de lado para trabalhar. Mesmo com todos os problemas que enfrentou e to...