Capítulo 3: Explicações

2K 263 115
                                    


— Vo-vo-você sabe quem ele é? — perguntei, dirigindo meu olhar à Kieran.

— Sei. E ele não está casado, também não tem três filhos. — respondeu de maneira brincalhona.

— Estava preocupada quanto à isso? — foi a vez de Thomas perguntar.

Estava perplexa, não conseguia dizer nada. Aquilo só poderia ser alguma brincadeira de mau gosto do Thomas. Os dois ficaram me olhando, esperando que eu respondesse a pergunta.

— Que brincadeira mais sem graça é essa? — questionei-os.

Kieran apenas suspirou ao me ouvir e continuou guardando o resto de suas coisas na caixa. Cruzei os braços, esperando uma resposta, mas nenhum deles me respondeu. Thomas ficou me analisando até que Kieran terminasse de guardar suas coisas.

— Vou deixá-los a sós.. Assim ele pode te explicar tudo. — Kieran cochichou enquanto caminhava até a porta, carregando a caixa.

— Kieran, você é meu chefe! Me deve uma explicação e não ele. — falei indignada.

— Acredite, ele sempre foi seu chefe. — sussurrou e logo se retirou da sala, deixando-nos sozinhos ali.

Respirei o mais fundo que pude, não queria escutar nada, não podia haver uma explicação para tudo aquilo que estava acontecendo. Thomas não era meu chefe, nunca foi e nunca será.

— Bom, quer se sentar? — Thomas, perguntou.

— Não. Eu quero que esse jogo termine.

— Qual jogo?

— Esse. O Kieran vai voltar.

— Não vai.

— Como assim não vai? — perguntei.

— Você pode se sentar?

Não queria me sentar, mas agir como uma boba me pareceu pior, então fui até uma das cadeiras que ficavam em frente à grande mesa de Kieran, enquanto Thomas sentou-se na cadeira, atrás da mesa, ficando de frente pra mim.

— Pode começar. — falei.

— Não tem uma maneira mais simples ou delicada de dizer isso. Essa empresa é minha, Kieran era meu empregado. Ficou assumindo algumas coisas por um tempo, mas agora que voltei, estarei retomando o meu posto.

Tudo o que eu queria era que aquilo não passasse de uma brincaderia, mas, eu o conhecia muito bem.. Sabia quando ele estava brincando ou falando sério. E essa, era uma das vezes que Thomas estava falando sério.

Então, foi você que me contratou? — perguntei quase sem voz.

— Isso. Você trabalha pra mim há treze meses.

Fiquei boquiaberta. — Você nunca teve uma empresa, nunca trabalhou aqui, Thomas! — exclamei.

— Tive que assumi-la faz alguns meses.

— Ou seja, você a assumiu depois de simplesmente ir embora em um momento difícil pra mim? — disparei.

Thomas engoliu em seco, ele não esperava que eu dissesse aquilo. Balbuciou algumas palavras mas não conseguiu dizer nada, sem pensar duas vezes, me levantei e saí da sala.

Caminhei até a minha mesa, onde me sentei para respirar, precisava analisar e pensar em tudo o que estava acontecendo.

Ouvi a grande porta da sala de Thomas ser aberta novamente, então, ele apareceu na minha sala e em passos rápidos, parou em frente à minha mesa.

O Milagre: ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora