Epílogo.

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Não aguentei e postei, pronto.

...

Jogo meu paletó sobre o sofá de couro velho e caminho até a cozinha em busca de um copo d'água. Olho para o chão e vejo as marcas de terra que meus sapatos sociais pretos fizeram. Os tiro e os coloco no canto da geladeira, abrindo a mesma em seguida. Olho para aquilo e me dá um desgosto. Há apenas água e um pedaço de queijo velho. Dou-me liberdade de beber no bico — como todos os dias — e a coloco de volta. Olho para o meu relógio de pulso, pois o da parede está quebrado.

— Está na hora de eu te ver querida. – sorrio fraco – vou me atrasar só para não perder o costume.

Tiro minha gravata e a camisa social as deixando sobre a mesa. Vou caminhando até o banheiro, não deixando de olhar para a porta lilás que tem ao lado. O quarto da minha princesinha, que passa as férias de verão com a avó. Estou com tanta saudade...

Arranco minha calça juntamente com a cueca e abro o chuveiro me enfiando rapidamente de baixo da água fria. Lavo completamente todas as partes do meu corpo com cautela, pois Jenny odeia quando estou de mau cheiro.

Meu banho leva exatamente uma hora e trinta e dois minutos. Não me lembro a partir de que momento comecei a olhar para o relógio depois de tudo o que eu faço, acho que é só para ter certeza de que o tempo está passando.

Visto um moletom cinza e uma calça social. Eu poderia escolher algum dos mil pares dos sapatos sociais, mas visto meus tênis de corrida. De um tempo para cá, só me arrumo direito para ir trabalhar ou ir a algum show na escola de Zoe.

Escuto a música de Ed Sheeran vir da sala. Corro até lá e olho para tela soltando o ar decepcionado por ser minha mãe em vez do hospital.

— Alô?

— Oi querido.

— Oi, está tudo bem com Zoe?

— Está sim. Ela está no jardim com Judy e Frankie.

Franzo o cenho me esquecendo de quem é Frankie, mas depois me dou conta que é o novo namorado de Judy.

— Por que está me ligando?

— A Zoe já me perguntou três vezes se não podia ver a mãe e cinco se você realmente a ama...

— Mãe, crianças fazem muitas perguntas e esquecem rápido, relaxa.

— Você não me deixou terminar. Ela me pergunta exatamente as mesmas coisas todos os dias durante esses dois meses que esteve aqui. Ela sente a sua falta e de Jen. Meu querido, ela está sofrendo.

Meus olhos se fixam no chão da sala enquanto escuto a respiração agitada da minha mãe.

As lágrimas que estavam transbordando em meus olhos descem pelo meu rosto.

Mamãe começa a chorar. Mordo o lábio com força e aperto os olhos.

— Eu estou atrasado. Preciso vê-la.

— Colin...

— Não posso me atrasar muito hoje, irei dormir lá. – a interrompo. – Tchau mamãe. – desligo.

Fungo porcamente meu nariz e o limpo na manga do moletom. Pego as chaves que estavam em cima da mesa e saio rapidamente do apartamento.

Aperto repetidamente o botão do elevador até que abra. Uma senhora sai de lá sorrindo para mim. Sorrio fraco de volta e entro apertando repetidamente o botão do térreo.

Não demora muito até que eu chegue à floricultura que fica a duas quadras do hospital. Compro rosas brancas e azuis. Jen me disse durante uma tarde em frente à tv que não se importa com flores. Eu lhe perguntei o porquê, ela me disse que as flores morrem rápido de mais e que odeia despedidas, por menor que elas sejam.
Naquele momento eu não a compreendi, mas agora... Agora a compreendo completamente.

Professor mandão (Colifer)Onde histórias criam vida. Descubra agora