Amor em uma fotografia

Feliz aniversário pra mim!

     -FELIZ ANIVERSÁRIO! –Joana gritou pulando em cima de mim, enquanto minha mãe abria as cortinas do meu quarto para que luz do dia entrasse e me cegasse por fim. –Você agora é praticamente um idoso! –Ela disse quando finalmente consegui abrir os olhos.

     -Feliz aniversário, meu bebê. –Minha mãe beijou o topo da minha cabeça.

     -Pelo amor de Deus, mãe! Já tenho dezenove anos!

     -Ainda vai ser o meu bebê! –Ela sorriu mostrando as covinhas que ficavam tão perfeitas em seu rosto.

     Detalhe, tudo em minha mãe é perfeito. Seus cabelos ruivos e ondulados que caíam pelos seus ombros, algumas sardas que comtemplavam seu nariz pontudo, seus olhos azuis claríssimos que pareciam ver qualquer coisa que eu pudesse pensar em esconder. Ela era linda! Eu amava a fotografar, cada momento, cada suspiro, eu podia até jurar que Deus não era capaz de fazer outra pessoa igual àquela beleza estonteante.

     Mas tinha Joana, uma réplica idêntica a minha mãe, mas com seus traços excêntricos que a tornavam diferente.

     E por fim, tinha eu. Que não tinha nada a ver com as duas.

     Enquanto elas pareciam duas princesas eu deveria ser o porteiro do conto de fadas.

     Não estou exagerando.

     -Aqui está o seu presente. –Minha mãe estendeu uma caixa embrulhada e eu sorri.

     -Não precisava.

     -Para de ser mentiroso, Jota! –Joana me cutucou. –É claro que você vai precisar disso!

     Então eu abri e lá estava uma câmera fotográfica perfeita.

     Eu já tinha uma, mas ela já estava fazendo aniversário junto comigo, achei digno ela se aposentar, já que nas palavras de Joana eu já era um idoso.

     -Achei que você ia precisar, já que o evento da igreja já é amanhã.

     -Mãe, eu já disse que a senhora é perfeita?

     Ela apenas sorriu, e eu me sentia o homem mais sortudo do mundo por ter duas... quer dizer, uma mulher e meia incrível em minha vida.

📷📷📷

     -Aonde você vai? –Joana perguntou quando eu vestia minha camiseta rapidamente.

     -Vou ir para a igreja!

     -Nem no seu aniversário você se aquieta... –Minha mãe falou colocando um pedaço de bolo na minha frente enquanto eu bebia meu café.

     -É só um dia comum mãe. O resto do mundo não está fazendo aniversário, o mundo não vai parar por causa de mim. E Jesus, mesmo se estivesse fazendo aniversário, duvido que fosse parar.

     -Posso ir com você? –Joana perguntou.

     -Não.

     -Oh, mãeeeeee!

     -Leva a sua irmã, João.

     Revirei os olhos me imaginando já casado, mas tendo que levar a minha irmã para todo o canto que fosse.

     -Tudo bem, mas a gente vai limpar a igreja.

     -Eu amo limpar a igreja, Jota. –Ela falou com um brilho no olhar e eu sorri vendo a pureza da minha irmã. Quantas não eram as pessoas que não sentiam prazer algum de limpar a casa de Deus?