Carla.

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Normalmente quando eu olhava para trás, e pensava em tudo quanto eu havia passado antes de chegar a igreja, eu só conseguia pensar em uma única palavra Obrigado.

Em apenas dois anos, Deus havia conseguido transformar totalmente a minha vida.

Se vocês me conhecessem antes, não conseguiriam imaginar que eu era o mesmo João, muita coisa havia mudado, mas eu sabia que tinha ainda muito mais para mudar.

Era uma luta constante contra mim mesmo, olhar para os meus defeitos e tentar melhora-los era doloroso. Era como se você tivesse que abrir uma ferida infeccionada para então por fim poder cura-la.

-João, sobe lá no banheiro e pega um balde daqueles pequenos para mim. -O Pastor Gustavo pediu. -Vou dar uma limpadinha nesse Altar!

-Lá em cima?-Perguntei.

-Isso, acho que está a Obreira Ivanilde e a Carla limpando.

Concordei e subi as escadas correndo até a cozinha. Bati na porta, mas não havia sinal de nenhuma das duas, então caminhei até o banheiro e empurrei aporta, batendo sem querer em algo.

-Ai! -A voz fina de Carla reclamou.

-Ah, Carla...Desculpa! Eu não queria te machucar! -Levantei as mãos mostrando total inocência.

No mesmo instante sua expressão suavizou e ela abriu um sorriso.

-Ah, oi! É você, João. Sem problemas! -Ela falou com uma voz melosa, e todos os sentidos do meu corpo já ficaram em alerta. Carla não era uma garota ruim, só tinha algumas atitudes ruins.

-Eu só preciso pegar um balde pequeno que o Pastor pediu... -Falei puxando a gola da minha camiseta. A temperatura parecia ter subido uns trinta graus a mais naquele cubículo.

-Pode pegar. -Ela disse se afastando alguns centímetros para que eu pudesse passar em direção ao balde.

Pensei comigo mesmo, por que ela simplesmente não me dava o balde?

Me expremi com todas as minhas forças contra a parede, mas ainda assim senti meu corpo encostar no seu. Eu agachei para pegar o balde e ouvi o barulho de uma porta se trancando.

-O que você está fazendo? -Perguntei ao me virar e ver ela nos trancando ali dentro.

-Apenas, relaxa, João.-Ela sorriu e tirou a blusa. -Estamos só nós dois aqui. -Ela começou a caminhar até mim e eu tentei me afastar, mas era inútil,o banheiro era pequeno de mais.

-Se afasta de mim!-Falei com dureza.

Ela colocou as mãos em meu peito e seu perfume acertou meu nariz em cheio.

-Eu sei que você quer, João. -Ela sussurrou ao pé do meu ouvido. -E não há mal nenhum em desejar uma mulher. -Carla começou a deixar pequenos beijos em meu pescoço.

-Nós não deveríamos fazer isso... -Falei com a voz rouca, meu corpo ardia em desejo.

-Não tem problema.v-Ela pegou a minha mão e levou até o seu seio. -Ninguém está vendo. Você pode voltar a ser meu.

Senti meu corpo implorar pelo seu beijo, mas ainda alguma coisa gritava dentro de mim contra tudo aquilo.

Ninguém estava vendo, mas era a minha salvação que estava em risco.

Empurrei Carla com todas as forças que eu tinha. Ela bateu com tudo contra a parede e caiu gemendo de dor. Eu sabia que havia sido exagerado, mas aquela dor passaria, mas a dor de pecar contra Deus seria pior. O pensamento de ajuda-la se levantar veio, mas logo foi quebrado quando eu vi apequena chave no chão que havia caído do bolso de Carla.

-João Lucas! -Ela gritou. -O que pensa que está fazendo?

Peguei a chave nas minhas mãos e passei por cima de Carla que ainda estava no chão para poder destrancar a porta.

-Eu estou cuidando da minha salvação. -Falei e sai trancando a porta atrás de mim.

-EIIIIIIIIIIIIIII!ABRE ESSA PORTA! -Carla começou a gritar batendo os punhos contra a madeira. -ANDA JOÃO LUCAS! EU NÃO ESTOU BRINCANDO!

-Nem eu. -Falei deslizando as costas pela porta até estar sentado no chão. Coloquei minha cabeça entre as pernas e senti as lágrimas descerem.

Eu era fraco.

Amor em uma fotografiaOnde histórias criam vida. Descubra agora