Claustrofobia.

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Era uma sensação totalmente diferente de qualquer coisa que o mundo poderia tentar te dar.

O Espírito Santo era uma fonte em mim que parecia transbordar o meu ser, eu só conseguia pensar em como eu havia atrapalhado uma coisa tão bonita de entrar em mim.

Mas nada daquilo importava, meu passado não importava. Meus medos haviam se calado, meu eu havia sido vencido, minhas férias haviam sido curadas.

Eu era um novo João.

Quando a reunião terminou eu só sabia sorrir, não conseguia conter a minha felicidade, eu queria voltar e viver tudo novamente, cada detalhe estava plantado dentro de mim e eu só sabia o quanto eu era grato.

Grato por ter vida dentro de mim.

E não era nem preciso dizer nada, assim que me viu, Paulo me abraçou dizendo que tinha orgulho de mim. Era tão nítido assim a transparecia do Espírito Santo?

Mônica também deve ter percebido, mas não cheguei a comentar, mas eu sabia que meu sorriso não escondia nada, e seu sorriso era tão gratificante também.

-Sabe, que reunião maravilhosa! -Paulo disse sorrindo enquanto nós três caminhavamos em direção ao elevador.

-Foi mesmo! -Mônica concordou sorrindo. -A palavra, a busca foi tudo realmente em perfeita sintonia.

-Sim, sabe quando o Bispo falou sobre que devemos nos entender... -Paulo começou a falar quando a porta do elevador se abriu e os dois entraram enquanto eu ficava petrificado na porta.

Ok, eu tinha certeza que o Espírito Santo era comigo. Mas isso não queria dizer que eu era um super herói.

-O que houve, João? -Mônica me perguntou.

-Ah, Jota são apenas dois andares. Vem cara! -Paulo fez o sinal para eu prosseguir.

-Não vamos ficar presos de novo, João. -Mônica sorriu.

-Não é questão de ficar preso, Obreira. É que realmente, Jota tem claustrofobia. Não pode nem pensar em ficar preso. Ele é tipo um pássaro. -Paulo falou romantizando o meu medo.

-Você tem claustrofobia, João? -Mônica me perguntou franzindo as sobrancelhas.

Dei de ombros meio tímido.

-Naquele dia que ficamos presos... -Ela sussurrou e saiu de dentro do elevador chegando mais perto de mim. -Você não demonstrou nenhum tipo de medo.

-Eu não poderia. -Falei. -Alguém tinha que ter o controle da situação.

-Você me mandou ficar calma.

-Talvez eu estivesse falando isso para mim também.

-Ahhhhh! -Paulo suspirou. -Que ato lindooooo! Já quero ser padrinho! Imagine, por você eu sufoco os meus medos! Aaaaaaaaa!

Mônica se virou e deu uma cotovelada em Paulo.

-Vamos de escada. -Ela falou determinada a cortar a situação constrangedora em que Paulo nos colocava.

Ela bateu com força em meu ombro sem querer e minha carteira caiu no chão.

Me abaixei para pegar, mas um pequeno pedaço de papel escapou e caiu no chão.

-Olha, caiu da sua carteira... -Mônica pegou para me devolver, mas seus olhos se arregalaram em surpresa. -Quem é essa? -Ela virou sua fotografia para mim.

Meu coração parou. Eu me sentia uma criança pega em flagrante fazendo travessura.

-Eu falei, taca fogo. -Paulo sussurrou. -Mas ninguém escuta a voz da sabedoria aqui.

Se olhar matasse, eu seria denunciado por acabar com a vida de Paulo ali mesmo.

Engoli em seco e forcei um sorriso:

-É uma Obreira?

-Por que você tem uma foto minha na sua carteira?!

-Eu ia dar para você!

-Que desculpa mal feita! -Paulo soltou um suspiro. -Por que simplesmente não fala logo que a acha bonita? Com todo o respeito! A Obreira vai pensar que você é um psicopata!

Eu senti meu rosto queimar em vergonha. Não fazia ideia de como Mônica estava, eu só queria novamente desmaiar e ficar ali.

-Eu posso ficar com ela? -Mônica perguntou.

Concordei e ela saiu andando.

Paulo olhou para mim como se compartilhassemos um segredo.

Antes que ele abrisse a boca para dizer alguma coisa eu o interrompi:

-Não vou ter um cachorro chamado Robson!

Amor em uma fotografiaOnde histórias criam vida. Descubra agora