Estou no banco onde conheci aquela garota. Sempre me sentei aqui e ela vinha aos fins de tarde ver o pôr do sol, sempre fiz companhia a ela.
Ela me falava sobre amar. Chegava com lágrimas e depois que o sol ia embora ela saía com sorrisos.
A menina tinha os olhos verdes e cabelos ondulados da cor do pôr do sol. Não a via chamando atenção. Sua beleza era doce e simples, as curvas de seu sorriso eram como curvas de um coração. Via amor e compaixão em seus olhos, em seus atos.
Conversávamos aleatóriamente. Aos poucos ela ia me contando suas dores e seus amores.
Menina tola se tivesse dado ouvidos a sua cabeça, talvez não teria se machucado tanto.
Menina tola ajudava sem ser ajudada.
Menina tola, sorria querendo chorar e ninguém se importava. Tomava as dores de seus amigos e sofria mais que eles.
Menina doce, nunca desistiu de seus amores.
Só ela sabia os motivos de ser daquele jeito.
Esse pôr do sol estou apenas lembrando daquela menina doce de olhos verdes. Ela não me apareceu hoje, nem ontem, faz uma semana em que ela não aparece. Na última vez que a vi ela estava cansada. Achei que fosse para casa dormir e no outro dia estaria aqui. Porém eu me enganei.
...
Passaram-se anos e aquela menina doce não vem mais aqui na praça.
Achava que ela era tola por ajudar as pessoas. Achei que ela fosse ingênua por fazer sem cobrar e ninguém retribuir.
Aprendi muito com aquela menina que eu nomeava como tola. Uma das coisas que aprendi é que meu pensamento era tolo.
Depois que conheci aquela menina, comecei a ter o gosto por ajudar, amar. Mesmo sem ser recíproco.
Agora sei que ela ganhava mesmo assim. Ela era preênchida sempre que via um sorriso e o motivo era ela. Aprendi que decepções são inevitáveis más sempre passarão.
Hoje estou na praça sentada naquele velho banco mais uma vez. Alguém se senta ao meu lado, uma mulher de cabelos presos e com expressão de cansada. Poxa vida é a menina doce, ela não pe mais aquela menina. Sua doçura estar contida, seu sorriso estar sofrido e nos seus olhos á dor.
Converso com ela e faço ela enxergar daquela menina doce o que eu enxergo. Aos poucos vi aqueles olhos verdes brilharem mais uma vez aos poucos aquela mulher voltou a ser a menina tola.
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Contos. Histórias
MaceraHistórias ou contos felizes ou um tanto tristes. Alguns podem servir de lições.