Siga seu coração

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"E seja um tipo simples de homem, seja algo que você ame e entenda. Seja um tipo simples de homem. Você vai fazer isso por mim, filho? Se puder?" - Simple Man by Lynyrd Skynyrd (Jensen Ackles cover) *música na mídia*

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Havia algo de fascinante e interessante no aeroporto de Nova York.

O som das conversas animadas dos turistas que visitavam a cidade pela primeira vez, o rangido metálico das rodinhas de uma mala pesada sendo arrastada pelo saguão, o zumbido constante das chamadas de embarque e desembarque, todos eram interessantes se fossem observados com cautela. Porém, havia um detalhe mais cativante que acontecia naquele lugar todos os dias. As emoções dos abraços.

Com um olhar mais atento, podia-se notar – não apenas no aeroporto de Nova York, mas também em todos os outros – os diversos abraços de reencontro e despedida que aconteciam ali. Uma mãe abraçando seu filho que voltara da guerra, uma moça abraçando o amante que partiria em uma viagem de trabalho, uma mãe dedicada despedindo-se dos filhos, um avô com lágrimas nos olhos ao reencontrar os netos depois de tantos anos distantes, tudo. Todas as formas que as pessoas deixavam seus sentimentos controlarem suas ações, mesmo em meio a tantas pessoas. Elas não tinham medo de demonstrar isso.

Os sorrisos calorosos e amorosos de cada reencontro, o peso da saudade deixado sobre quem estava partindo. A solidão de quem não tinha de quem se despedir.

Os olhos e a mente de Dean Winchester estavam focados em todas essas pessoas e suas vidas.

O belo terno preto acompanhado de uma gravata cinza estava perfeitamente ajustado em seu corpo, apesar de ele ter perdido um pouco de peso na semana que se passou. Sua barba estava bem feita e ele parecia deslumbrante como o belo homem que era. Porém, seus olhos mostravam apenas cansaço de uma longa vida de decepções e dor. As bolsas arroxeadas fixadas abaixo de seus olhos eram evidentes há metros de distância e a carranca hostil afastava qualquer tentativa de alguém sentar-se ao seu lado.

Fazia uma semana que as olheiras não o abandonavam. Dean não dormiu, não comeu e não fez nada além de sentar no sofá de seu apartamento e lamentar tudo que havia perdido. Sua secretária havia ligado para avisá-lo de sua viagem na segunda à tarde, mas Dean deixou que a mensagem caísse na caixa postal. Nem mesmo John havia tentado falar com ele e Dean apreciou esse fato, pois ele não teria controle de suas ações se ele visse ou ouvisse o pai novamente.

A cada segundo daqueles longos e solitários dias, Dean rebobinava em seus pensamentos as duas conversas mais dolorosa de sua existência. Ele tentou comparar a dor que estava sentindo naquele momento com a dor que sentiu quando perdeu sua mãe, mas o resultado não foi bom, pois as duas ainda massacravam seu coração.

Como ele chegou até aquele ponto? Como sua vida saiu dos trilhos tão rapidamente o deixando naquele estado de aflição e angústia emocional? Em um dia ele estava vivendo sua vida fútil e fadado a ser alguém sem qualquer tipo de objetivo além do trabalho, seguindo os passos de seu pai cruel e ambicioso, para então, de um momento para o outro, toda sua visão de mundo ser virada de cabeça para baixo por um par de olhos azuis e um sorriso gentil.

Dean simplesmente queria entender, mas ele não se arrependia.

Ao pensar em Castiel, seu coração sangrava dolorosamente. O rapaz não abandonava seus pensamentos em momento algum, e nos poucos minutos de sono que o Winchester teve – depois de beber até perder seus sentidos – Castiel também vagou em seus sonhos. Os olhos azuis magoados, uma cicatriz cortando seu rosto e sua voz machucada perguntando por que Dean havia o arrastado para aquela vida. Dean chorava sempre que acordava. Ele sabia que levariam anos para que aquela dor se tornasse um torpor que o acompanharia para sempre, pois ele também sabia que esquecer o florista seria impossível.

The Florist [Destiel] INCOMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora