“Isso é loucura, Thor”, Fandral aponta — por pelo menos a décima vez desde que se juntou a nós na taverna. “Mesmo que consigamos tirar Loki da cela, como vocês sairão de Asgard sem que Heimdall ou Odin saibam? É loucura, arriscado demais.”
“Loki conhece outro caminho para sair de Asgard. Já está tudo acertado, só esperemos agora o momento certo”, asseguro e olho para todos sentados à mesa com um sorriso terno. “Nada do que eu pudesse fazer, nem que levasse toda a eternidade, expressaria propriamente a minha gratidão por estarem me ajudando. Obrigado, meus amigos.”
“Que fique claro que só estamos fazendo isso por você. Em outra situação, nunca ajudaríamos Loki a fugir da prisão e desobedecer uma ordem do rei. Mas se Loki o faz feliz, sei que nada podemos fazer para impedi-los de fugir”, diz Sif.
Mais tarde, na mesma noite, volto a meus aposentos para me preparar. Tomo um banho e visto minha armadura, pego Mjonir e abro a porta lentamente para checar o perímetro. O corredor está vazio, há apenas dois guardas no final em direção à sala do trono. Fecho a porta atrás de mim e caminho silenciosamente aos andares de baixo.
Encontro um guarda próximo às escadas e antes que ele possa dizer alguma coisa, aperto seu pescoço até que ele fique inconsciente. Desço os pequenos degraus e caminho por entre as celas; todos os prisioneiros estão dormindo ou não me ouviram chegar. Assim que me aproximo de onde Loki está, sorrio involuntariamente.
Ele está em pé de frente para a parede mágica da cela, suas mãos entrelaçadas atrás do corpo. Suas vestes estão impecáveis como sempre e admiro sua beleza por mais tempo do que o recomendável devido à situação em que nos encontramos. Assim que me vê, ele sorri e se aproxima.
“Está certo de que consegue fazer isso?”, questiono preocupado e ele apenas me dá um aceno de cabeça firme, fechando os olhos e erguendo as mãos para fazer um feitiço.
Depois de alguns segundos, pequenos flashes de energia surgem sobre as mãos pálidas de Loki e pouco a pouco, um buraco na cela começa a crescer até estar na altura de seu corpo. Ele abre os olhos e sorri satisfeito com seu trabalho, dando um passo para fora da cela e encontrando meus braços antes mesmo de pisar no chão.
“Eu consegui”, ele sussurra contra meu ouvido e sua voz está cheia de emoção; incredulidade.
Aperto-o rapidamente em meus braços e deixo um beijo em seus cabelos. “Eu sabia que conseguiria. Venha, Fandral nos espera atrás do palácio”, ele assente e me segue por alguns passos, mas para no meio do caminho. “Algum problema?”
Loki meneia a cabeça e estende suas mãos, procurando pelas minhas. Eu seguro-as e ele sorri, fechando os olhos novamente. “Sei de uma forma mais rápida para chegar até lá”, é tudo que diz. Sinto meu corpo se mexer sem o meu consentimento. Uma vez que abro os olhos, estamos atrás do palácio a poucos metros de Fandral e Sif. Eles nos olham surpresos, tanto quanto eu estou quando busco o olhar de Loki. Ele apenas dá de ombros e aperta meu braço gentilmente, um pouco mais sério. “Obrigado por isso.”
Eu apenas sorrio e deixo um beijo em sua bochecha. “Você pode me agradecer propriamente quando estivermos bem longe daqui”, ele fica vermelho com minhas palavras e apenas baixa o olhar.
“Parte-me o coração ter de interromper os pombinhos, mas só temos alguns minutos antes que descubram que uma das celas fora violada”, diz Frandal, sua voz mais alta por conta da distância.
“Vamos”, convido e Loki segura minha mão enquanto caminhamos até Fandral e Sif.
“Este barco deve levá-los a um mundo distante, mas não se enganem. Apenas descansem um pouco e sigam seu caminho. Odin não descansará enquanto não encontrá-los e temo que sequer os queira vivos a esse ponto”, Sif diz pesarosa.
Apenas assinto e entro no barco, ajudando Loki no processo. Uma vez lá dentro, olho uma última vez para meus amigos. “Obrigado por tudo, amigos. Sentirei a sua falta de onde estiver”, Frandal sorri e apenas acena com a cabeça.
“Vocês têm a minha gratidão”, Loki afirma e Sif olha-o surpresa, mas sorri.
“Só prometa que não irá matá-lo no caminho e estamos quites”, Loki ri com suas palavras e Sif o acompanha no ato. “Cuidado, príncipes. Que as Nornas lhe protejam”, e com isso, ela desprende a corda que mantinha o barco atracado e eu observo suas figuras se distanciando conforme entramos no enorme oceano.
Olho para Loki e ele está sentado, os braços apoiados sobre as pernas e a cabeça baixa. Seus cabelos negros cobrem-lhe o rosto, mas é possível ver a preocupação em seu semblante.
Fico de joelhos à sua frente para ficar na sua altura e ele ergue o rosto para me encarar. “Não é nada de mais, irmão, não se preocupe."
“Tarde demais, então”, murmuro com um sorriso e ele ergue as sobrancelhas, desanimado. “Chegaremos antes que Odin nos encontre.”
“Aonde estamos indo?”, ele questiona um pouco relutante e tomo suas mãos nas minhas. Seus dedos estão gelados, denunciando seu nervosismo. Beijo suas palmas e ele sorri levemente.
“À Terra”, há silêncio em seguida.
Loki não afasta suas mãos de meu toque, mas sinto seu corpo tensionar. “Escolha interessante”, ele murmura.
“Diga o que é.”
“Você sabe muito bem, Thor. Se em Asgard eu deveria estar preso, na Terra provavelmente deveria estar morto.”
Reviro os olhos e ele me olha indignado. “Não seja tolo, irmão. As leis da Terra não são tão violentas como as de nosso mundo. De fato, lá é possível revogar sua sentença de prisão em uma corte. Com um advogado, se não me falha a memória. Meu amigo, filho de Coul, explicou tudo antes de...”, minhas palavras vão sumindo aos poucos e Loki me olha sério.
“Antes de quê?”, ele questiona confuso, então seu rosto denuncia compreensão. “Eu matei seu amigo?”, sua voz sai em um sussurro e eu suspiro.
“Isso não importa agora. O fato é que lá, podemos viver em paz. Quem sabe você não possa se tornar um Vingador também!”, me empolgo e Loki meneia a cabeça, mas sorri levemente.
“Você e suas ideias, Thor”, dou de ombros e sinto suas mãos em meus braços, subindo por meu corpo até chegarem em meus cabelos. Ele os puxa suavemente e solto um gemido inconsciente, fazendo-o sorrir. “É muito cedo para agradecê-lo propriamente?”, ele murmura e sinto um arrepio em minha espinha com sua voz grossa em meus ouvidos.
“Nunca é.”
n/a: oi gente rs so mais um e acaba a