“Loki”, eu o chamo assim que me aproximo de sua cela.
Ele está deitado na pequena cama, como sempre, e não move um músculo para me olhar. “O que quer, Thor?”
“Vim ver como você está”, repito o de sempre.
Como o esperado, ele dá aquele sorriso debochado e ligeiramente triste. “Continuo preso, se seu medo é que eu fuja. Não teria como”, ele dá de ombros.
“Eu sei disso. Vim ver se você está bem”, me corrijo.
Ele fica em silêncio por alguns segundos, então vira o rosto para me olhar. Há algo diferente no azul de seus olhos, algo que eu nunca vi e por isso não consigo identificar. Mas não é ruim. “Interessante você mencionar isso. Eu nunca estive bem, por que logo agora, preso em uma cela como outros tantos bandidos e monstros, eu estaria?”, eu mordo os lábios pensando no que falar. Loki me olha em silêncio, esperando por minhas palavras. Ele levanta e se aproxima de mim, até onde a cela nos deixa. Com as mãos atrás do corpo, ele dá aquele sorriso. Aquele maldito sorriso. “Você nunca vai entender, não é? Claro. Por que entenderia? Sua vida sempre foi tão perfeita, sempre teve tudo, sempre ganhou tudo. O poderoso Thor, agora Deus do Trovão, futuro rei de Asgard, um herói naquela Terra de humanos imundos. Como saberia como é não estar bem, não é mesmo?”, ele solta uma risada triste. Seus olhos estão brilhando por conta das lágrimas que se formam neles, mas Loki não as deixa cair. Em vez disso, ele vira de costas e volta a deitar na cama.
“Loki...”, eu tento uma última vez. Ele cria uma barreira negra entre nós com sua magia e eu suspiro, saindo em seguida.
