26 | All Apologies

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"It is always so simple, and so complicating, to accept an apology."

Michael Chabon—The Mysteries of Pittsburgh

POV Alexandra

— Voltei para casa — falei sem tirar os olhos do Justin.

É claro que eu percebi a menina de mãos dadas com ele assim que a porta se abriu, e percebi também que ela estava usando a jaqueta de couro preta dele que eu mesma já usei diversas vezes quando saímos juntos à noite. E também percebi que ele não tirou os olhos de mim.

Mas não consegui decifrar a expressão do Justin. Ele poderia tanto estar feliz de me ver, como muito puto. Alguma coisa ele está sentindo, mas eu não sei dizer o que é.

Me forcei a desviar o olhar e me virei para o meu irmão com um sorriso que ele entendeu na hora. Dois segundos depois eu estava sendo esmagada por um abraço do Arthur.

— Achei que você ia me fazer sofrer uma tortura eterna — ele falou no meu ouvido.

— Me desculpa, Tuc — pedi baixinho para ele, e quando ele se afastou um pouco para me ver eu soube na hora que ele entendeu exatamente o que eu queria dizer com aquele pedido de desculpas.

Claro que nós dois conversaríamos melhor depois, mas ele já sabia que aquele pedido de desculpas era por tudo—pelo Justin, pela Alice, por ter ido embora de casa, por ter demorado tanto para abrir mão do meu orgulho mesmo com o nosso relacionamento na linha—todas essas coisas e um pouco mais, talvez.

Eu sei que precisava começar de algum lugar, e o Arthur era a minha melhor opção. Entre ele, Alice e Justin, ele era o que me perdoaria mais fácil—como já foi comprovado. Mas eu também vou precisar pedir desculpas para os outros dois, por mais desanimador que isso soe aos meus ouvidos. Às vezes precisamos simplesmente assumir a responsabilidade por aquilo que dizemos e fazemos, não é mesmo?

— Seja bem vinda de volta, Lex — meu irmão falou alto.

— Obrigada — agradeci genuinamente e me virei para a Alice, incerta de como agir ou por onde começar — Olá?

— Oi, Alexandra — ela disse com um tom gentil.

— Será que podemos conversar mais tarde?

— Com certeza. Eu vou só tomar um banho e bato no seu quarto.

Assim que disse isso, Alice entrou para dentro do apartamento em direção ao quarto do meu irmão. O bastardo seguiu ela nem meio minuto depois, me deixando sozinha numa situação absurdamente constrangedora: eu, Justin e a nova namorada dele—uma boneca de porcelana de um metro e cinquenta.

Nunca imaginei que o perfil do Justin fosse meninas delicadas. Sei que ele gosta de meninas assim, claro, mas sempre achei que quando ele finalmente se aventurasse em um relacionamento sério e monogâmico seria com uma mulher de personalidade forte, daquelas que nem precisam falar nada e já se impõe em um espaço.

Ou seja, alguém como eu.

— Uhm... — a namorada dele começou a dizer, e eu vou dar créditos a ela pela tentativa. Como se tivesse algo que pudesse ser dito para mudar a tensão que tinha se instaurado no ar. — Acho que eu vou embora?

— Vou te levar em casa. Espera aí — Justin disse na mesma hora, ainda sem tirar os olhos de mim.

Assim que ele entrou a situação ficou ainda mais constrangedora—se é que é possível.

— Meu nome é Alexandra. Muito prazer — estendi a mão para a menina que encarava o chão como se tivesse encontrado ouro.

— Eu sei. Meu nome é Scarlet — ela me cumprimentou.

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