10 | Dux

62 4 0
                                    

POV Alexandra

Claro que acordei com a sensação de que um trem tinha passado por cima de mim e um touro me arrastado por 3 mil quilômetros em um deserto escaldante. Minha cabeça doía, meu corpo doía e minha boca estava tão seca que parecia que eu não via água há uma semana.

Coloquei um robe de seda, um par de óculos escuros—porque a luz que vinha do corredor me dava vontade de morrer—e fui para a cozinha. Enchi uma xícara de café, peguei um remédio e uma garrafa de 1 litro de água e me sentei à mesa. E foi só então que eu vi que o Justin estava lá, se divertindo com o meu sofrimento.

— Bom dia, princesa — ele falou.

Não, gente, não era um elogio brega e cafona. Era um apelido que eu tinha ganhado a alguns dias depois que ele me perguntou "então quer dizer que todo mundo nessa casa precisa se curvar à sua vontade, princesa?" quando eu exigi que ele saísse da cozinha para que eu pudesse fazer minha comida, e eu respondi "claro. Achei que isso era óbvio".

Desde então, Justin me chamava de princesa quando eu me via em situações nada majestosas, tipo estar com uma ressaca dos infernos no domingo de manhã.

— Sai, plebeu — falei, enxotando ele com a mão.

Posso estar na beira da morte, mas não deixo uma oportunidade de retrucar o Justin passar batida.

Ele arqueou a sobrancelha esquerda, mas continuou onde estava, com o sorriso irritante na cara e comendo as panquecas que ele tinha feito.

— Como é que você não está de ressaca, hein? — perguntei, odiando ele muito, muito mesmo, por isso.

— Duas razões: não fui eu que virei quatorze shots de tequila e porque eu tomei quase uns dois litros de água e comi antes de dormir.

— Bom saber como você se preocupa com o bem estar da realeza. Será que não dava para ter enfiado uma água e uma comida pela minha goela ontem também não?

— Se eu quisesse que você vomitasse na minha cara, claro. Lexy, eu acho que nunca te vi tão bêbada igual você estava ontem. Você nem me provocou quando eu te levei para o quarto para dormir, você simplesmente apagou no meio do caminho e eu tive que te carregar.

Só resmunguei em resposta. Como acordei com o meu pijama de panda, imagino que o Justin tenha me vestido depois que eu desmaiei no meio do caminho — e claro que ele colocaria aquele pijama específico para me provocar.

— Lex — ele falou depois de um tempo, e eu me virei para olhar para ele. Justin só me chamava do meu apelido de infância quando era um assunto mais sério ou um momento sexual muito tenso.

Ele tinha dois tons quando ia me chamar de "Lex": um que automaticamente fazia com que as minhas barreiras se abaixassem, um tom baixo e quase submisso que me lembrava um pouco o Arthur; e o outro era um tom rouco, carregado de desejo e uma pitada de frustração. Eu gostava muito dos dois.

— O que foi? — perguntei com um tom de voz suave. Ele tinha usado o primeiro tom.

— Não sei o quanto você se lembra da noite de ontem, mas acho que as coisas não estão muito boas entre o seu irmão e a Lily. Não depois que você fez ele jogar na cara dela que não tinha perdoado ela por ter ido embora ainda.

Quase revirei os olhos, porque achava aquilo um tanto quanto dramático—a situação do Arthur de não falar logo exatamente como se sentia para a Lily, não o Justin em si—mas me segurei, porque sabia que o Justin só estava preocupado com o meu irmão.

E de uma certa forma, ver como ele se importava com o Tuc me deixava feliz.

— Ah, Jus, entendo como pode ter parecido... Como dizer? Um pouco grosseiro, ou desnecessário? Enfim. Pode não ter parecido certa a minha pergunta, mas você não conhece o meu irmão a tanto tempo quanto eu.

🚧 | My Brother's Best FriendOnde histórias criam vida. Descubra agora