Mesmo com a situação complicada em que se encontravam, Viktor conjurava um tangrea contra Kayan. O Atreius, no entanto, agiu mais rápido e avançou contra o adversário, tocando-lhe o tórax. Seu próximo movimento foi lançar sua aura em forma de um impulso, arremessando-o contra um grosso tronco de árvore. A aura do mago, então, tornou-se mais intensa enquanto Kayan conjurava um aurus paginne e prendia os pulsos e os tornozelos do rapaz, imobilizando-o.
– O que pensa que está fazendo!? – gritou o Smalter, impotente.
– Impedindo-o de fazer alguma burrice. Infelizmente devo admitir que você é um mago poderoso e precisaremos de sua ajuda se quisermos resgatar nossos companheiros e ganhar essa disputa contra a Garforden.
– Como se eu fosse seguir suas ordens! Me solte agora!
– Pode deixar que eu convenço esse cabeça dura – disse Thays enquanto se aproximava de Viktor.
Ele olhou-a e acalmou-se um pouco, mas não o suficiente.
– Faça aquele imbecil me soltar!
Thays encarou-o com um olhar sério, em seguida, ergueu a mão direita e dirigiu-a com força e velocidade em direção ao rosto do Smalter. Um sonoro tapa foi ouvido pelos presentes e um perplexo Viktor olhava para a garota com uma expressão de espanto.
– Se fosse para fazer isso eu mesmo teria o prazer de fazer – Kayan comentou com Sarah.
– Mas se fosse você não teria o mesmo efeito – respondeu a garota em meio a um sussurro – Ainda não percebeu, Kayan? O Viktor sente alguma coisa pela Thays.
– Agora que você falou, faz algum sentido.
– E pelo que parece a Thays já percebeu isso e não retribui o mesmo sentimento – concluiu a Harppon.
– Thays... por que fez isso? – perguntou o Smalter, atônito.
– Pra ver se você acorda. Quer ir pra lá sozinho fazer o que? Tentar enfrentar todos eles de peito aberto?
– Acho que você tem razão... eu não conseguiria vencê-los sozinho – aceitou a realidade.
Percebendo que o garoto estava mais calmo, Kayan liberou-o da prisão de aura que havia conjurado.
– Sei que você e o Kayan não se dão bem. Também não gosto muito da Sarah, para ser sincera. Mas precisamos trabalhar juntos se quisermos ter alguma chance contra a Garforden.
– Tudo bem, Thays. Se você está pedindo tentarei cooperar com o Kayan, mas não espere que fiquemos amigos.
– E qual será o plano, Kayan? – perguntou Sarah, com total confiança no amigo.
– Na verdade, ainda não pensei em nada.
Um momento tenso e silencioso se passou até que Viktor compartilhasse o que havia pensado.
– Podemos utilizar uma ilusão para invadirmos e libertarmos todos os nossos companheiros.
– Não daria certo – disse Kayan. – Eles sabem que estamos por perto e vão descobrir através de nossas auras.
– A é, sabichão? Então qual sua ideia?
A provocação do Smalter fez com que o Atreius o encarasse com uma expressão de poucos amigos e uma nova discussão apenas não se iniciou porque Sarah os interrompeu.
– Esperem, talvez a ideia do Viktor dê certo. Mas vamos precisar de uma distração.
– É uma boa ideia – concordou Thays. – Três de nós ataca a fortaleza deles. Não será necessário vencer, apenas manter o combate até que uma quarta pessoa consiga libertar os magos que foram capturados.
– Isso pode dar certo – convenceu-se Kayan. – Faremos o seguinte: a Sarah entra lá e liberta todo mundo enquanto nós três mantemos os inimigos ocupados.
– Mas por que ela ficará com a parte mais segura? – protestou Viktor.
– Não existe posição segura. Além disso, se ela falhar, todos falhamos – argumentou Kayan.
– Pior ainda. Esta parte não deveria ficar com a menos capaz de nós.
O comentário do Smalter fez com que a maga branca se irritasse a ponto de avançar contra ele.
– Incapaz? Seu moleque idiota! Quem é que foi derrubado no meio do combate! Eu vou...
– Acalmem-se, vocês dois.
Kayan falou com calma enquanto segurava a mão de Sarah para que a garota não desferisse um tapa no rosto do Smalter. Em seguida, expôs seus argumentos.
– Nós três somos melhores para o combate que a Sarah. Ela, por sua vez, é melhor como maga de suporte, melhor em rastrear e em feitiços de ilusão. Além disso, ela poderá curar quem estiver ferido.
O grupo havia entrado em um acordo e era o momento para que agissem. Restava descobrirem se realmente seriam capazes de executar o plano da maneira que haviam teorizado.
* * *
O trio avançava correndo entre as árvores enquanto Sarah mantinha-se oculta do outro lado do bosque. Antes mesmo de chegarem a meio caminho da fortaleza, quinze magos apareceram para enfrentarem-nos.
– Thays, não se assuste com o que vou fazer e nem conte à ninguém.
– O que você vai fazer, Kayan?
Os jovens magos preparavam-se para a batalha quando o mago negro parou de repente, deixando que os adversários avançassem contra eles. As mãos do Atreius começaram a ficar envoltas em chamas negras enquanto eles avançavam e tanto Thays quanto Viktor observavam aquilo com espanto.
Kayan apontou ambas as mãos para seus oponentes de uma maneira tão veloz que fez com que um rastro de energia negra seguisse suas mãos. Ele lançou uma rajada de chamas negras ainda maiores do que ele se considerava capaz. Os inimigos tentaram evitar aquela grande massa de poder, mas as chamas atingiram o chão e se espalharam em meio a uma explosão.
Quatro dos magos da Garforden foram atingidos e as chamas envolveram-nos completamente. Em questão de segundos eles foram abatidos e apenas não encontraram a morte pelo fato do Atreius ter utilizado uma variação do durhan crisis que se extinguia assim que o alvo perdesse a consciência.
– Que poder é esse! – exclamou um dos magos inimigos.
– O que significa isto?
– Avancem! – incentivou um terceiro.
Viktor encarava Kayan com um misto de espanto e inveja, uma vez que o rapaz era capaz de executar feitiços da destruição, algo que ele nunca fora capaz. Thays limitava-se a olhá-lo de maneira assustada.
– Kayan... você é...
– Sim, um mago negro – disse, ofegante. – Mas não fiquem aí parados. À luta!
Apesar de cansado, Kayan conseguiu conjurar uma barreira para conter os ataques iniciais. Mas aquilo serviu apenas para que eles se dispersassem e entrassem no combate.
* * *
Com a atenção voltada para a batalha, Sarah teve seu caminho livre para se esgueirar até a fortaleza da guilda Garforden, onde utilizou um feitiço de ilusão para se esconder e entrar sem ser vista.
O tempo todo ela se mantinha atenta às auras ao seu redor, pois tinha certeza de que ainda havia magos ali dentro. Encontrou uma escadaria que a conduziria para baixo e desceu por ela sem pensar duas vezes. Tinha certeza de que seus amigos estariam presos no subterrâneo.
Antes que pudesse encontrá-los, porém, sentiu a presença de alguma coisa a sua frente. Tentou mudar de caminho, mas era tarde demais e sentiu que sua ilusão havia sido desfeita.
– Não te disse que estava sentindo uma aura bem fraca, não disse?
– Pois é, parece queencontramos uma ratinha se esgueirando em nosso porão.
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A Ordem de Drugstrein - Volume I
FantasiWesmeroth, um mundo repleto de magia e criaturas fantásticas. Aliados aos elfos no oeste e anões no leste, a raça humana domina o continente enquanto defende o norte dos povos bárbaros, com seus taurinos, orcs, trolls e outras raças po...