madrugada

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  No dia seguinte ao meu aniversário, acordei assustada. Estava tendo um pesadelo.

  - O que você está fazendo aqui?

  - Nada irmaozinho...

  Estas foram as últimas palavras do sonho e eu acordara de madrugada, suando frio. A luz do luar ainda penetrava no quarto e eu lembrara que era época de lobisomem. Dava medo pensar que alguém ali poderia ser lobisomem, mas era impossível. Dean não admitia monstros no campo. Tinha testes para descobrir, ele incluía prata, sal, água benta, espelhos, etc... O único ser que não era completamente humano ali era Cass, que era um anjo.

  À uma da manhã, eu estava acordada, saindo de casa de vestido de festa e maquiagem. Estava tonta e minha cabeça doía. Eu realmente não sabia para onde estava indo e certamente não queria saber. Pena que logo descobriria.

  Fui andando lentamente até o lago. Me apoiando em todos os lugares para não cair. A lua cheia deixava que eu visse o caminho, mas minha visão rodava e estava ainda mais difícil de me mover.

  Quando cheguei à ponte do lago, vi que alguém estava ali. Eu não conseguia ver direito, tudo estava embaçado. Criei coragem e me movi com cuidado na direção do vulto alto.

  Minha visão ia focalizando e eu conseguia enxergar mais nitidamente a cada passo. Fui andando... andando... Quando cheguei até o vulto, consegui ver seu rosto. Meu estômago revirou e eu tive vontade de sair correndo dali o mais rápido possível. Mas era tarde demais. Vi o rosto sorridente de Jonas se iluminar acima de mim. Ele estava visivelmente bêbado e alterado. Ria como uma criança e queria a todo custo me abraçar. Eu, também meio tonta, me esquivava de suas tentativas fracassadas.

  - Sai, Jonas.

  - Eu te amo, Megan. Eu te amo!

  - Não fale besteiras.

  - Não é besteira! Você sabe - cambaleou para o lado. - o quanto eu senti sua falta nesses anos e traído por você ter me deixado?

   - Foi necessário!

  - Você sabe como eu andei vivendo esses anos todos?

  - Não, e nem quero saber!

  Me virei e saí correndo. As vezes eu corria em ziguezague, já que estava sob efeito do álcool. Como será que Jonas tinha sobrevivido? Era meio impossível a não ser que...

  - Um crot - murmurei para mim mesma.

  Crots ficavam sob efeito de álcool? Bem, eu não sabia. Mas sabia que ficavam loucos e... rindo. Como não percebi antes? Jonas se encaixa perfeitamente no padrão crot! Olhei para trás e tive a sensação de estar sendo observada, engoli em seco e segui meu caminho.

  Chegando em casa, corri para minha cama, onde eu guardava uma arma sob o travesseiro e saí na noite.

  O que me acompanhava era o barulho das corujas. Estava frio e minha pele se arrepiava. Ainda sentia a sensação de estar sendo observada. Arma escondida na cintura, voltei à ponte onde estava Jonas.

  Ele não estava lá.

  Senti algo me agarrar por trás... ou melhor, alguém. Jonas estava rindo como um louco.

  - Quer um pouco de sangue, amor?

  Ele me assustou, mas nada que me impedisse. Tirei a arma da cintura e mirei em sua cabeça. Então atirei.

  Jonas caiu ao chão. Parado, com os olhos abertos. Como eu não havia sabido antes? Sam já me avisara que certos crots mantem controle até acharem a hora certa para atacar. Ele deveria ter alguém aqui dentro. Talvez um demônio ou um monstro...

  Olhei para aquele corpo repugnante no chão e me lembrei do porque não havia chamado-o para o campo comigo... Jonas se revelou um traidor. Peguei-o com outra menina uma semana antes do vírus Croatoan se espalhar. Descobri que ele vivia me traindo e me chamava de vadia, vagabunda e outros nomes como este. Pode parecer cruel, mas eu realmente adorei ver aquele idiota estirado ao chão por minhas mãos.

  Estava tonta, caí.

  Minutos depois, vi Dean correndo em minha direção. Ele estava apenas de calças de pijama e com a arma em mãos.

  - Megan! Achamos um crot! Era a Norma mas calma já... - ele olhou para o corpo no chão - Megan, o que você fez?

  - Ele era um crot! Tentou me passar sangue! - Apontei para o líquido em minha bochecha.

  - Meu Deus... estavam tentando se infiltrar... Precisamos de testes de sangue mais rápidos! Amanhã mesmo entraremos naquele hospital chique abandonado! Nunca mais!

  - Não podemos confiar em ninguém, pai.

  - Eu sei, querida. Você está bem?

  - Estou sim - sorri.

  - Venha, vou te levar pra casa.

  Dean me ajudou a me levantar e vi Sam se aproximando.

  - Dean, o que aconteceu?

  - Jonas era um crot.

  - Entendi... livres da ameaça?

  - Livres.

  Meu pai me abraçou e me levou lentamente até minha casa. A noite estava fria e eu estava fria. Minha cabeça girava e eu não sabia o que eu estava fazendo ali. Por que drogas o apocalipse começara? Maldita Ruby.

  - Dean, se importa se eu pedir uma coisa?

  - Não, Megan... pode falar.

  - Não conte a ninguém de hoje ok? Qualquer coisa, você matou Jonas. 

  - Por que?

  - Não sei.

  - Tudo bem. Agora, durma, ok? Amanhã teremos um dia puxado e seu primeiro treinamento no carro.

  - Jura?

  - Juro.

  Ele me abandonou em minha cama, e eu deitei a cabeça no travesseiro. Estava cansada. Estava com sono. Não é emocionante o jeito que eu dormia, então, só posso dizer que... Dormi.

Um anjo em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora