Um anjo em minha vida

Onze e Meia

A semana passou rápido. Dean não fora visto por ninguém até o dia de meu aniversário. Ele andara chorando, eu sabia. Eu mesma passei a semana chorando. Cas estaria comigo mesmo que eu me tornasse a pior deles. Eu seria testada por Deus. O que me confundiu foi que Gabriel escreveu que Deus iria me testar de perto... Mas como? Será que ele estava ali e ninguém fazia a mínima ideia? Sera que Morte o havia visto no campo? Cas estará comigo, pensava. Castiel me fazia bem. Fazia com que eu me alcalmasse diante de uma situação daquelas... agora eu sabia o porque de ele ser o psicólogo do campo: ele fazia as pessoas ficarem calmas até nos piores momentos. Eu me sentia muito grata a ele e faria qualquer coisa por ele. Continuando, chorei a semana toda. No domingo, não consegui me levantar, fiquei sem ar. Castiel, como sempre, estava lá para me ajudar. Eu tinha realmente muita sorte por ter ele ao meu lado. Sentia que ele estava preocupado, que ele me olhava com olhos atentos. Será que ele tinha medo de me perder? De perder a sua Meg, a humana fraca que lhe contava tudo e chorava em seus braços? Será que eu ficaria má? Como seria a transformação? Dolorosa? Amena? Interessante? Chata? Normal?

Poderia ser qualquer coisa.

Poderia ser qualquer uma.

Mas por que eu?

Eu era apagada, apenas mais uma instrutora. Apenas mais uma órfã. Apenas mais uma garota dentre outras tantas no mundo... Seria minha alma tão velha assim? Seria eu a guardiã de algum conhecimento? Como eu nunca soube? Como nunca fiz nada? Será que Jack imaginava? Será que cogitava a possibilidade de sua princesinha se tornar o que ele caçava? A coisa que mais odiava?

***

A segunda foi um dia chato, a não ser por James. Treinei algumas pessoas. Aquilo me alegrava. O trabalho me alegrava. Jade estava indo muito bem, por sinal, era minha melhor aluna. Eu diria que Jade já estava pronta para ir com Dean aaté a cidade. Estava pronta para enfrentar crots. Jade era forte, não só física, mas também mentalmente. Era uma garota de ouro.

À tarde, treinei os menos aptos às armas. Tinha pena deles, eram lentos, pouco precisos. Não tinham utilidade na cidade. Eu era muito afeiçoada à uma daquelas pessoas: Hinih. Mesmo que ela tivesse dormido com Cas, gostava muito de sua pessoa. Tinha uma boa alma, boa mente, bom coração... apenas não se dava bem com armas, e isso era de se esperar de uma jovem frágil como ela, delicada como a pétala mais fina de uma rosa.

À noite, me encontrei com James. Ele estava cansado do dia, trabalhava muito. Achava lindo nossa amizade. Eu já havia dito a ele que nunca me apaixonara por ele, e que nem tentaria. Ele disse o mesmo, aliviado por não ter que mentir. Mantivemos nossos encontros, pois gostávamos dos beijos uns dos outros. Ele beijava bem, e segundo ele, eu tinha o melhor beijo que ele já havia provado.

Ele me abraçava e me dizia que estaria ao meu lado para tudo. Me veio a vontade de perguntar a ele:

- E se eu me tornasse uma demônia?

Sorri com o canto da boca, disfarçando a verdade. A forma mais fácil de manter um segredo é deixar todos saberem dele, mesmo que não da forma correta. Ele sorriu e disse que mesmo que eu fosse demônia, ele estaria ao meu lado,mas eu duvidava. Contava apenas com Cas nesse quesito. Apenas Cas saberia de tudo. Sorri e voltei a beijar James.

***

Na terça feira eu daria aula apenas para os melhores, portanto não foi difícil. Fiquei um pouco de bobeira, um pouco corrigindo posturas... Não era nada de mais.

À tarde fiquei em minha casa, lendo um livro muito bom, chamado "A Garota Das Laranjas". Parecia ser um bom livro e eu estava entusiasmada com Jan Olav e seu amor pela garota das laranjas. Ele nem sabia quem ela era, mas mesmo assim a amava como nunca havia amado a outra. Senti uma pitada de identificação na história entre mim e Jimmy, nem nos conhecíamos,  mas na primeira vez que o vi, me apaixonei perdidamente. Aquela pouca coisa que eu via semelhante entre mim e o livro, me fazia gostar ainda mais dele.