Quando acordei pela segunda vez naquele dia, eram onze horas da manhã.
Abri os olhos e observei o quarto escuro: cama, tapete, guarda-roupa, um armário com armas e afins. Me lembrei de novo da espada guardada abaixo da cama. Deslizei até o chão e me agachei para ver a caixa de madeira com ar de estojo de make-up.
Estava ali, e estava intacta. Do jeito que eu havia deixado. Sorri e suspirei. O plano estava completo. Jomo State, dia treze, Outubro, sexta-feira. Eu tinha tudo! Mas talvez, não tudo... Será que me faltava algo? Coragem? Não. O meio de chegar lá e como fugir do campo de jipe sob o nariz de Dean Winchester? Ah, sim... era isso. Eu precisava achar um meio de sair despercebida, e não sabia como com um jipe! Sozinha era fácil, era apenas um vulto. Mas um carro fazia barulho, era grande e as portas da garagem tinham que ser abertas com uma chave especial que Dean prendia num baú que eu nem sabia onde era. Eu não sabia o que fazer.
Me levantei do chão e me ajoelhei em frente à cama, fechei os olhos e juntei as palmas das mãos. Era assim que eu rezava quando criança. Era assim que eu rezaria agora.
- Por favor, se for possível, estou falando com o arcanjo Gabriel... Gabriel, se estiver me ouvindo, eu preciso de sua ajuda, e não rezaria se ela não fosse necessária. Pode vir me encontrar na frente do acampamento, na próxima sexta feira, às onze horas? Ficarei muito agradecida... te espero, tenha um bom dia.
Abri os olhos e me levantei, os joelhos amassados pelo chão. Senti um peculiar cheiro de comida, e percebi o quanto queria comer. O cheiro era hipnótico, tipo aquelas pizzas recém saídas do forno, sabe? Hipnótico daquela maneira. Ouvi barulhos vindos da cozinha, e resolvi seguí-los.
Abri a porta do quarto, pisando no chão frio. Lentamente, cheguei à cozinha e me deparei com a cena mais e menos improvável do dia: Morte comendo batatas fritas e Dean Winchester cozinhando!
Juro que nunca achei que fosse viver o bastante para ver Dean no comando de um fogão. Comecei a rir e ele me olhou, com uma touquinha de prender cabelo que deixava a cena ainda mais hilariantes.
- Oh-meu-Deus! - falei pausadamente, sorrindo para o estado de Dean. - Que é que você está fazendo, homem?
- Seu almoço, ceguinha.
- Bla bla bla... Ah, oi, Morte! Ele cozinha bem?
- Pode-se dizer que sabe fritar batatas.
Gargalhei e Morte me olhou. O olhar dele poderia deixar tudo bastante sério num recinto, menos eu, que estava rindo como uma retardada.
- Pai, eu nunca achei que fosse te ver bancando a cozinheira! Pensei que morreria primeiro - lancei um olhar para Morte que dizia "Pensei, mas agora sei que não." - Você está uma gracinha. E aí, o que teremos para comer? Minha barriga está roncando.
- Arroz, bacon, batatas fritas e salada de alface.
- Isso me cheira a conspiração! Que é que você está armando? - estreitei os olhos na direção dele.
- Calma aí! Só estou fazendo um almoço.
- Dean, você não faz nada sem receber algo em troca. Vamos, o que você quer ou está armando? FALE-ME! - gritei em tom de brincadeira.
- Certo. Eu queria levar você até a cidade hoje... no seu jipe. Você realmente precisa aprender a andar por lá! A partir dos dezoito, é meio que obrigatório o líder chamar e qualquer um no campo ir.
Revirei os olhos para ele e afundei a cabeça nas mãos. Morte, como sempre, estava assustadoramente calmo. Olhei novamente para Dean, vendo nele a real chance de conhecer o território que eu enfrentaria em duas semanas. Quem diria! As coisas conspirando ao meu favor. Isso era mais que perfeito.
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Um anjo em minha vida
AcakMeu nome é Megan e eu vivia em meio ao apocalipse croatoan. Meu pai morreu quando eu era bem nova, afetado pelo vírus, e eu fugi para um campo na cidade. Crescemos com o passar dos anos, e aos meus 15, eu conheci um homem que mudaria minha vida para...