Balada!

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     No caminho de volta, Peter dirigia em silêncio e com cuidado. Drogo foi buscar Lorie na escola.
     _ Como você se sente por ter se tornado um vampiro?
     _ Preferia ter continuado humano.
     Uma sombra de dor, passou por seu rosto.
     _ O que há de tão bom no ser humano? Mentem, traem, machucam, fazem a vida um do outro, um inferno! Eu não entendo...
     _ Então, você gosta?
     Eu respirei fundo e disse...
     _ Viktor me encontrou em um momento de fragilidade. Estar perto daquele cara louco, desviou minha atenção. Não sei o que aconteceria sem ele. Estou descobrindo um novo mundo. Eu ganhei irmãos. E apesar de não ser a mesma coisa. Ganhei uma família. Não é que eu esteja gostando de ser vampira. Eu consigo ver o lado positivo. E além do mais. Já que eu vou para o inferno, pelo menos vou curtir aqui.
     _ Ainda não vi vantagens. Mas, tudo bem.
     _E eu? Você não teria me conhecido.
     Ele riu. Era um som maravilhoso.
     Peter olhou para mim, um instante.  Seus olhos tristes tinham um novo brilho.
     _ Talvez você tenha razão. Vocês, são um benefício.
     Eu havia acabado de ganhar o dia. Eu estava machucada. Mas, pude amenizar sua dor, um pouco.
     Dentre as roupas que Viktor preparou para mim, havia um vestido preto, de renda. Era justo. Ficava acima do joelho. Me pareceu um tanto provocante. E realçada minha pele pálida e meu cabelo ruivo. Perfeito para sair com Drogo.
     Quando ele bateu na porta do quarto, eu já estava pronta. Abri e esperei sua reação. Ele me olhou de alto à baixo e assobiou.
     _ Caramba, que gata!...
     _ Quero estar a sua altura. Irmão.
     Ele sorriu travesso.
     _Você é bem vampira mesmo. Tem uma aura de sedução, difícil de ignorar. Coitado dos humanos.
     Eu não sabia que estava tão bem, como vampira. Estava quase começando a gostar disso. 
     _ Vindo de um vampiro lindo e sexy é para levar a sério. Obrigada irmão!
     Ele colocou o braço sobre meus ombros. Abracei a cintura dele e fomos para a festa.
     Por onde passávamos, rostos se viravam. Realmente, não dava para ignorar vampiros e essa aura magnética incrível.
     Ele me levou para dançar. E eu estava mesmo, me divertindo.
     As pessoas ao redor se embebedando. Surgiu dúvida.
     _ vampiros ficam bêbados?
     _ Não. Porque nosso organismo é diferente. Mesmo que tente beber, vamos apenas eliminar rapidamente. Só precisamos de sangue.
     Continuamos dançando. Ele abraçou minha cintura. Me virou de costas,  colando-se a mim.
     _ Vão achar estranho. Somos irmãos. Supostamente.
     _ Não somos irmãos de fato e ninguém questiona um Bartholy.
     Dançamos colados um no outro. Várias músicas. Depois sentamos no bar. Tinha uma garota olhando e sorrindo para o Drogo.
     _ Acho que vamos seguir caminhos diferentes aqui.
     _ Vá se divertir._ eu disse rindo.
     Ele sorriu e foi.
     Eu já tinha me divertido. Nunca fui de beber. Ou ter relacionamentos relâmpagos. Era hora de ir embora. A menos que eu procurasse uma "Pepsi". Eu nao estava com sede. Mas, queria confirmar se realmente poderia mudar as lembranças e apagar a marca de mordida.
     Não demorou para eu escolher o alvo. O cara estava me encarando e ergueu o copo, como se me cumprimentasse. Eu sorri para ele é o cara veio na minha direção.
    _ Boa noite, gata.
    _ Olá, vamos lá fora?
    _ Decidida hein? Vamos.
    Drogo me encarou. Ele sabia o que eu ia fazer. O menino rebelde queria também?...
     Do lado de fora daquela boate, havia um caminho lateral, escuro. Que já tinha vários casais. Tive que entrar bem pro fundo, de mãos dadas com a presa. Quando cheguei no lugar ideal, empurrei ele contra a parede e sem hesitar, o mordi. O cara nem teve tempo de gritar. Afastei-me. A mordida ainda estava lá. Sangue escorria. Não resisti ao impulso de lamber. E logo em seguida a ferida se fechou. Os olhos dele estavam fixos. A mente criando explicações plausíveis. Deixei ele ali e fui embora.
     Drogo estava parado ali perto. Ele viu a cena.
     _ Ele não vai lembrar?
     _ Espero que não. Eu não sei porque o Loan não lembra. Mas, descobri que minha saliva cura a ferida.
     Senti alguém tocando meu ombro e me virei. Era a "Pepsi".
     _ A gente se vê de novo gata?...
     Olhei para o Drogo, que encarava a cena pensativo.
     _ Claro!... Boa noite.
     O rapaz deu um sorriso sacana e se afastou.
     _ Acho que não preciso fazer nada. A memória deles registra de forma diferente.
     _ Interessante.
     _ Se você quiser... Posso assegurar que não vai ter problemas com Nicolae.
     _ Eu não tenho controle.
     _ Posso parar você.
     Era o que Viktor queria. Que todos seguissem o instinto. Começando por Nicolae. Mas, ele seria difícil convencer. O menino rebelde era mais fácil.
     _ Vou pensar nisso!
     Ele então, abraçou meus ombros e me acompanhou até a calçada.
     _ Vou chamar um táxi para você. Não volto para casa hoje.
     _ obrigada, irmãozinho. Vá se divertir.
     Sentia que os laços com Drogo e Peter, estavam bem entrelaçados. Faltava Lorie e Nicolae. A menina também não era fácil. A abordagem com ela tinha que ser diferente.
     Surpreendi-me ao abrir a porta e encontrar Nicolae. Ele me olhou contrariado. De braços cruzados.
     _ Você fez de novo.
     _ E como você sabe? Está me espionando?
     _ Sinto o cheiro em você.
     _ Eu avisei que não ia abrir mão disso. E não se preocupe, não coloquei a família em risco. Não precisa me vigiar.
     _ Você não tem noção do quanto se arrisca.
     _ Não vou perder o controle.
     _ Você não sabe quando essa sensação vai nublar sua mente.
     _ Satisfação e poder!... Não vou perder o controle por isso.
     _ Estou falando da outra sensação.
     _ Não sinto nada, além disso.
     Ele me encarou desconfiado.
     _ E o quê, eu deveria sentir?
     Ele desviou os olhos.
     _ Se é só isso, tudo bem.
     Ele simplesmente subiu a escada na direção do quarto e eu fiquei sem entender. O que ele pensou que eu sentiria ao provar sangue humano? Aquilo ficou martelando na minha cabeça. Até eu perceber... Para ele dizer isso, com certeza, já tinha provado sangue humano e sentido algo, que achou que eu sentiria também. O cara certinho, que resistia ao impulso de vampiro, já tinha fraquejado antes. E se falhou uma vez... Vai falhar de novo!... Talvez não fosse tão impossível, cumprir a ordem de Viktor.
     "Se prepare Nicolae. Vou te corromper!"

Is It Love? Nicolae - No limite do desesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora