Super-Heróis

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     Uma nova ida às compras com a Lorie. Dessa vez, Peter nos levou de carro, após a faculdade. Enquanto procurávamos fantasias, ele sentou - se e continuou lendo seu livro.
     _Lorie, essa fantasia de família Adams combina com a gente.
     _ Quem é família Adams?
     Sério, eu precisava fazer uma sessão cinema com os Bartholy.
     _ Desde que você chegou, eles não tem falado mais em babás. Isso é bom.
     _ existem babás vampiras?
     _ Não. Eram humanas. Mas, Nicolae não quer arriscar ter humanos em casa, por sua causa.
     _ O que ele pensa que eu sou? Algum tipo de psicopata?
     Lorie riu.
     _ Eu te ajudaria a matá-las.
     A menina má devia ser a preocupação de Nicolae. Como ele deixa humanas tomarem conta dela?
     Meus olhos foram atraídos por uma fantasia e eu não vi mais nada ao redor. Seria aquela com certeza!
     _ Eu sou a mulher gato.
     Fui decidida falar com a vendedora. Ela me passou a roupa no meu tamanho.
     _ vou experimentar, Lorie. Fique com o Peter.
     A menina sorriu e foi correndo até o irmão. Sentou no colo dele. Que apenas deu um sorriso e continuou lendo.
     Após colocar a fantasia, me olhei no espelho. "Uau! Como eu sempre quis". Pensei.
     Saí do provador para ver se aprovariam.
     _Peter, Lorie, o que acham?
     A menina má sorriu.
     _ parece que vai matar alguém. Gostei.
     Peter não disse nada. Ficou olhando, corado. Sem graça.
     _ e então, Peter?
     _ Você vai assim?
     _ Vou, qual o problema?
     _ Nenhum. Está... bem.
     Acho que ele não falaria nada além. Que pena. A opinião masculina é a única que realmente importa. Afinal, é para eles que nos produzimos. Para sermos admiradas, desejadas, amadas.
      _ vou levar._ falei com a vendedora.
      Nós fomos embora depois disso. Peter foi direto para o quarto. Lorie correu para os braços de Nicolae.
      _ A fantasia dela é muito legal.
      Nicolae olhou para mim, de testa franzida.
      _ Que tipo de fantasia?
      _ Do tipo assassina. Tem até chicote.
      Ele se levantou do sofá e veio na minha direção.
      _ Você precisa se comportar.
      _ Quando foi que eu não me comportei? Fala sério, Nicolae. Para de ficar me regulando. Você não é meu pai.
      _ Mas, sou o chefe da casa. Sou eu que mando aqui. E não quero atitudes que coloquem a família em risco.
      _ É só uma festa. Só uma fantasia. Não vou matar ninguém.
      Subi para o meu quarto. Precisava me arrumar.
      Eu não sabia porquê Nicolae não acreditava em mim. Ele sabia dos meus dons. Se ele soubesse sobre Lorie e Drogo, então...
      Olhei no espelho uma última vez. Estava pronta para me divertir.
      Encontrei Drogo na sala. Ele estava vestido de "Thor". Eu dei risada, o abraçando.
      _ Está lindo!
      _ E você... Que gata!
      _ Miau.
      Ele abraçou meus ombros.
      _ Nós já vamos, Nicolae. Não precisa esperar acordado._disse Drogo.
      Nós saímos e entramos no carro dele.
      _ Aos poucos ele vai aprender a confiar em você. Eu já confio. Foi muito bom poder provar sangue de novo. Mas, não faria se estivesse sozinho.
      _ Agora você tem a mim.
      _ Melhor coisa que o Viktor fez...
      _ obrigada!... Eu gosto de vocês, também.
      Ele acelerou e aumentou o volume do carro. Tocava o som de rock metal, de uma banda que eu não conhecia.
      _ Quem são?
      _ Nightmareden. Uma banda nova. São ótimos.
      Seguimos pelas ruas, sentindo o vento no rosto. Era tão bom.
      Chegamos na festa, que já tinha começado. Todos estavam fantasiados.
       _ Agora eu vou me divertir. Te vejo mais tarde.
       _ Vá, maninho.
       Eu não conhecia muita gente. Não tinha amigas. Mas, nem ligava para isso. Eu podia me divertir sozinha.
       Loan apareceu para me receber.
       _ oi. Que bom que veio. Que gostosa hein. Se quiser subir ao meu quarto mais tarde...
       _ Não estou afim, Loan. Só vim dançar.
       _ Se mudar de idéia é só avisar.
       Ele piscou para mim e saiu. Com sua fantasia de pirata.
       Eu fui para perto da piscina onde estavam dançando. Comecei a dançar e logo vieram homens ao meu redor. Minha aura de vampira devia estar forte. Dancei no meio deles, sem sentir sede. Sem sentir absolutamente nada. Até alguém segurar meu braço e sair me puxando do meio dos caras.
        _ Ei, me solte.
        Reparei que o cara estava usando uma fantasia de Batman e era bastante alto.
        _ Só porquê está de Batman e eu de mulher gato, acha que pode sair me arrastando? Me larga.
        Puxei meu braço com força. Não planejava machucar o cara, só me defender. Mas, para minha surpresa, ele puxou mais forte e me prensou contra uma árvore, do quintal de Loan. Afastada do agito e barulho da festa.
       Quando olhei em seus olhos, mesmo com a máscara, eu reconheci. E logo veio o cheiro dele.
        _ Nicolae?
        _ Você não tem mesmo, noção do perigo. Vou então, ter que te mostrar o quanto é fácil perder o controle.
        _ Eu estava no meio dos humanos e não havia perigo.
        _ Você realmente não percebe que festas tem o clima perfeito para se perder o controle. Vou te mostrar.
        Ele estava perto de mais. Seus olhos percorreram por todo meu corpo. E eu arrepiei. A aura de vampiro dele me atingiu. Senti seus lábios no meu rosto. Ele estava pensando nisso. Eu tinha medo do rumo dos pensamentos dele. Ele aproximou-se e beijou meu rosto. Exatamente como havia pensado. Eu não sabia o que fazer. Eu claramente não perderia o controle por causa dos humanos. Mas, Nicolae me provocando era covardia. Seus lábios se afastaram do meu rosto. Ele me olhou nos olhos, antes de se aproximar e beijar meus lábios. Meu coração se acelerou. Ele me abraçou forte. Eu correspondi ao beijo dele. E aproveitei para tocar seu cabelo, em fim. Aquele maravilhoso cabelo, macio. Meu coração não se acalmava. Meu corpo estremeceu. E outro sentimento começou a surgir. Uma sede irresistível. Aproximei a boca do pescoço dele, sem nem perceber. Ele afastou-se segurando meu queixo, entre o polegar e o indicador.
        _ Está vendo? Como é fácil perder o controle. Espero que você tome mais cuidado agora.
        Ele segurou minha mão e me levou até o carro. Eu entrei, meio desligada da realidade. Ainda estava tentando entender o que houve. Ele deu partida no carro. Em todo o caminho, eu fiquei em silêncio. Não sabia o que pensar sobre isso. A atitude dele... Era mesmo necessário ele ter ido tão longe só para provar seu ponto de vista? E como ficavam meus sentimentos?...
        Quando chegamos, eu desci logo e fui para o quarto.
      Se ele ia me tirar da festa, porque me deixou ir? Eu não fiz nada. Estava sob controle até ele me provocar. O que ele estava pensando para aparecer do nada? Vestido de Batman? Desde quando ele planejou ir na festa?
       Eu estava irritada. Sentei na cama e escondi o rosto nas mãos. Esperava o sermão que ele me daria. Mas, não veio. O que me atingiu, foram seus pensamentos. Senti suas mãos em meu cabelo, no meu rosto e em minha cintura. Eu queria bloquear aquilo, mas, não tinha controle sobre meus dons. Continuei materializando seus pensamentos. Senti o peso dele sobre mim. O que mais me chocava, era ele não bloquear seus pensamentos. Pelo contrário. Continuava alimentando aquela insanidade. Senti seus lábios nos meus. Suas mãos tocando minhas coxas. Fiquei corada, envergonhada. "É isso que se passa na sua cabeça?" Pensei. "Quem não tem controle, é você". Seus lábios se dirigiram para o meu pescoço. E eu senti sua mordida. Mas, como se finalmente entendesse que foi longe demais, seus pensamentos foram bruscamente interrompidos. Passei a mão pelos meus cabelos. Agora eu sabia como ele se sentia com relação à mim. Sua sede pelo meu sangue. Seu desejo. Ele não me via como a Lorie, nem como criança. Ele me tratava assim, tentando se convencer a me ver de um jeito inocente. Mas, falhou. Usou uma desculpa, para enfim, satisfazer sua vontade de me beijar. Mas, o que eu faria agora? A missão do Viktor era complicada. Para fazer Nicolae perder o controle e provar sangue humano, eu teria que fazê-lo perder o controle comigo. No entanto, eu não queria ser o ponto fraco dele. Não queria ser tratada como objeto. Era melhor manter distância de Nicolae. Ele me afetava. Eu estava me ligando de mais a ele. Me apaixonar seria um erro. Acabaria falhando na missão e obedecendo ele. Pior ainda, qual seria a reação de Nicolae após perder o controle comigo? Com certeza me culparia. Até expulsaria da mansão. E a verdade... Eu não tinha para onde ir!

Is It Love? Nicolae - No limite do desesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora