Rebeldia

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     Percebi quando voltaram para casa. Mas, continuei trancada no quarto. Eu não queria ver ninguém.
     No entanto, depois de um tempo eu ouvi...
     _ Lívia, precisamos conversar.
     Era a voz calma, de Peter. Eu estava com raiva de todos. Por que saíram de casa deixando-me sozinha com Nicolae? Acaso não perceberam seu descontrole? Ou ele podia fazer o que quiser, por ser o mais velho?
      Desci a escada, irritada. Drogo tentou me abraçar, mas, eu me afastei. Lorie quis segurar minha mão, mas eu não deixei. Peter estendeu o braço para mim, mas eu recusei. Sentei o mais longe possível deles. Cruzei os braços e fiquei olhando a porta.
       _Lívia, seja lá o que houve... Nicolae é o líder aqui._ disse Peter._Ele queria falar com você a sós.
       _ Ele te machucou? Parecia querer te matar._ disse Lorie.
       _ Isso não ajuda, Lorie._disse Drogo._ Sei o quanto os sermões de Nicolae são chatos.
       _ O que você fez para deixá-lo tão bravo?_ indagou Lorie.
       Aquilo me irritou.
       _ Por que eu sou sempre a errada da história? Eu não fiz nada. Todo mundo sabe que eu bebo sangue dos humanos. Nunca escondi isso. Nunca matei ninguém. Nunca perdi o controle. Foi o Nicolae que perdeu o controle. E vocês deviam tê-lo acalmado. Ao invés de me deixarem sozinha com ele.
        _ Ele fez o quê?_ perguntou Lorie._ Tentou te enforcar?
        Olhei para aquela criança. Tão má e tão inocente.
         _ O que ele fez, uma criança como você, não entenderia. Mas, foi muito pior do que qualquer maldade que possa imaginar.
         A menina ficou me encarando.
         _ mas você está inteira.
         _ só por fora. Estou destroçada por dentro. Como se ele tivesse arrancado meu coração. Consegue imaginar?
         A menina ficou pálida. O coração era o único lugar vulnerável de um vampiro.
         _ O que exatamente ele fez?
         _ Você é muito nova para saber.
         Ela fechou a cara. Drogo e Peter estavam se entre-olhando. Numa conversa silenciosa.
         Nicolae veio até nós. Eu evitei olhar para ele.
         _ É bom que estejam reunidos. Sabem que nossas regras protegem nossa família. Se descobrirem nossa existência, sabem o que farão. Então, não será aceito o descumprimento das regras. Quero todos, na próxima caçada. Até você, Lorie. Não podemos correr o risco de alguém perder o controle.
         Era muita hipocrisia.
         _ Você já perdeu o controle, seu hipócrita.
         _ Eu nunca tive problemas antes de você aparecer. Do meu jeito, ninguém corre riscos.
         _ O problema sou eu. Sempre eu. Não se preocupe Nicolae. Já entendi que você nunca vai me ver como parte da família. Você nunca faria com a Lorie, o que fez comigo. Não precisa mais se preocupar, sobre o que acontece comigo. Ou ter medo de eu ferrar com a família. Eu nunca fui uma Bartholy de verdade. Meu nome é Lívia Muller Bertrand. E eu não tenho mais nenhuma ligação com vocês. Foi o Viktor que me criou. Estou levando o que ele me deu. E só. Podem esquecer que eu existo.
       Nicolae tentou me impedir.
       _ Não toque em mim.
       Ele parou, envergonhado.
       _ Chega Nicolae. Cansei de você me acusando injustamente. Me manipulando. E até... Me seduzindo. Você é mesmo pior, do que o Viktor.
       Ele me olhou chocado. Eu busquei minha mala e saí, sem olhar para trás. Agora eu ia viver do meu jeito. Dane-se Viktor e Nicolae. 
       Com o cartão de crédito que Viktor me enviou, aluguei um quarto na pousada. O dono não disse nada. Ninguém questiona um Bartholy.
       Deixei minhas coisas no quarto e fui até a concessionária. Eu não ia me importar mais com nada. Fui direto nas motos.
       _ Eu quero essa Kawasaki Ninja.
       O sobrenome Bartholy abria portas. E o cartão ilimitado de Viktor, também.
       Eu já tinha carteira. Meus pais sempre me mimaram por eu ser filha única. Teriam me dado uma moto se o acidente não ocorresse. Eu montei na moto e acelere pela cidade, sem me importar. Era muito bom sentir a adrenalina, a liberdade, o vento no rosto. Fui direto ao shopping. Eu gostava das roupas que Viktor comprou. Mas, queria escolher algumas, eu mesma. Fui na loja de rock. Comprei calças de couro, jaquetas, luvas e botas de salto alto. Eram perfeitas. Comprei muitas camisas de bandas. Também maquiagem. E muitos esmaltes pretos. Eu queria uma aparência rebelde.

Is It Love? Nicolae - No limite do desesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora