Recomeçar

Capítulo 3

Acordei com o choro dos 3 meninos. Olho para o relógio e são 6 da manhã, a Stelle acorda também e vamos para o quarto da Mia. A Stelle pega na Mia e na Maria e eu pego no Diogo, Tiramos-lhes os pijamas e eles estão molhadinhos. Dispo-os enquanto a Stelle põe água na banheira, logo estamos os 4 cheios de espuma, as crianças gargalham, enquanto a Stelle prepara o leite para eles. Depois de lavados e vestidos levo-os para o sofá e dou o biberão á Mia enquanto os gémeos bebem os deles, cada um com a cabeça numa perna minha. A Stelle aproveita para ir a casa tomar um banho e trocar de roupa e assim que ela chega fica com eles enquanto eu tomo o meu banho e visto-me. Quando chego á sala tenho de rir, a Stelle está sentada no chão, a Mia tenta subir para o colo dela enquanto os gémeos lhe puxam os braços e gargalham. O meu telefone toca e eu atendo

- Sim.

- Bom dia Dra, desculpe ligar tão cedo. Sou o Rui Sousa, soube que os meus filhos estão consigo.

- Bom dia Sr Rui, está melhor? Acredito que pelo barulho já percebeu que estão mesmo.

- Apenas Rui Dra.

- Então é apenas Rita. Eles estão bem. Quer falar com eles? Posso colocar em alta voz...

- Se não se importar Dra. Tenho muitas saudades deles.- Coloco o telefone em alta voz e chamo-os, então ouvem a voz do pai.- Olá meus amores.- Eles reconhecem a voz do pai e começam a gritar e a chamar papá.- Estão a portar-se bem?- Depois de uns minutos de conversa ele chama o meu nome e eu desligo a alta voz, a Stelle vem buscá-los e coloca-os no parque com a Mia.- Obrigado Rita, não sei como lhe agradecer.

- Não tem de agradecer. Já está num quarto?

- Sim, já passei hoje para o quarto.

- Quer que eu passe por ai hoje com eles? Seria bom para os meninos...

- E para mim, mas não quero incomodar Rita. Já está a prejudicar a sua vida para os ter em sua casa, nunca lhe poderei pagar isso... 

- Não pense assim. Passaremos ai á tarde. Tenho é de levar a minha menina também pois preciso que a Stelle também vá. 

- E o seu marido, ele não se importa de ter ai os meus amores?

- Sou só eu e a Mia.... Precisa que eu lhe leve alguma coisa?

- Então agradeço Rita. Não, obrigado, não estou a precisar... Muito obrigado Rita.

Despedimo-nos, eu começo a preparar o almoço e logo a Stelle está junto a mim. 

- As crianças estão a brincar. Agora conta-me tudo acerca destas crianças e dos seus pais...

Conto-lhe do meu resgate de ontem, de que as primeiras palavras dele foram para perguntar pelos meninos, da conversa com o colega dele no hospital acerca dele ser viúvo, da ama ter deixado as crianças sozinhas e fugido, deles chorarem quando não ouviam falar Português. A Stelle ai até gargalhou pois ela só fala mesmo alemão e de irmos levar os meninos á tarde para visitar o pai ao hospital. Depois do almoço eles dormiram uma sesta e perto da hora das visitas no hospital colocámos os 3 no meu carro e seguimos para lá. Ao chegarmos ao hospital não queriam deixar entrar as crianças mas assim que eu me identifiquei permitiram-nos a entrada. Subimos o elevador com a Mia no seu carrinho, eu levava a Maria ao colo e o Diogo ia ao colo da Stelle pois não tinham trazido nenhum carrinho para os gémeos. Assim que chegámos á porta do quarto bati e ouvi um entre em Alemão. Abri a porta devagar mas a Maria viu logo o pai.

- Meus amores- disse ele com lágrimas nos olhos. Os meninos queriam saltar para cima dele mas eu coloquei-os com cuidado na cama. Olhei para a Stelle e ela tinha lágrimas nos olhos a ver o carinho daquele homem para as suas crianças. Logo ele olhou para mim.- Rita, muito obrigado, não sei como lhe posso agradecer.

- Não tem de agradecer Rui. Faço de coração. Esta é a Stelle, - apresento-os e ele logo agradeceu-lhe também por tudo. Optamos por falar Alemão para ela não se sentir excluida da conversa.- Como se sente?

- Bem melhor agora, estava com muitas saudades dos meus bebés. Eles estão bem, portaram-se bem? Não sei como lhes agradecer. Sei que eles são crianças dificeis.- Eu e a Stelle olhamos uma para a outra.

- Pelo contrário Rui, são crianças amorosas e super calminhas.

- Calmas? A sério que falamos dos meus filhos? Não é o que me disseram. Sei que comigo se portam bem mas as outras pessoas sempre me disseram que com outras pessoas são terrores. E que se não falarem em Português com eles ainda são piores.

- Desculpe a pergunta mas quem lhe disse isso Sr. Rui? - pergunta a Stelle

- A Lea, que era a ama deles e a Elena, a minha colega da esquadra que de vez em quando tomava conta deles, inclusive foi ela que foi levá-los a vossa casa. E é só Rui, por favor

- Então, só Rui, posso dizer-lhe 2 coisas que você não vai gostar de ouvir?- ele assente e eu treo, la vêm as pérolas da Stelle.- Essa Lea não presta pois abandonou 2 crianças sozinhas em casa e essa Elena está mais interessada no pai do que nas crianças.... Se assim não fosse os meninos não viriam completamente assados e traumatizados. Quanto ao Português, eu não consigo falar a vossa lingua e quer uma prova do que lhe digo?- Estende os braços para o Diogo.- Vem á Nonna bebé.- E o Diogo logo estica os bracinhos para ela e aconchega-se no colo dela.- Onde mora Rui?

- Estou a morar em Tune mas ando á procura de casa mais perto de Interlaken. Porquê?

- Então está certo, eu tenho 1 apartamento que está livre por cima do apartamento da Rita. Se o quiser alugar eu faço um preço amigo e fico com os seus bebés... Eles dão-se muito bem com a Mia e eu posso ficar com os 3, o que me diz? Nas mesmas condições da Rita, deixa-os na minha casa e não se preocupa com comida. Que tal?- O Rui não conhece ainda a Stelle, ela não desiste quando uma ideia entra na sua cabeça. Ele olha para mim e para os meninos, estão os 3 tão entretidos a brincar que é como se nós não estivéssemos aqui. 

- Aceito Stelle.

- Certo, então como ama destas preciosidades apenas se preocupe em ficar bom logo. Tem muita coisa para trazer?

- Não, basicamente é só roupa e as coisas dos meninos.

- Ok Tuga, o que acha de eu arranjar quem leve as suas coisas e quando sair daqui já vai para a casa nova... Vai precisar de quem o ajude até se restabelecer.- ele olha para mim assustado e eu falo em Português para ele.

- Já aceitou agora aguente. Ela é mesmo assim, acabou de adoptar-vos como fez comigo quando me conheceu.

- Rita, não estás a praguejar outra vez em Português, pois não menina?- diz a Stelle com as mãos na cintura e nós rimos. 

O Rui ligou para o colega dele e pediu-lhe para passar no hospital e contou-lhe que se ia mudar para o apartamento acima do meu e ele ofereceu-se para ajudar na mudança, combinámos que ele e a Stelle iriam no dia seguinte a casa do Rui pois eu estaria de folga e ficaria com as crianças, eles iriam tratar de tudo. O colega ligou ao chefe e tirou o dia para poder fazer a mudança e a Stelle tratou de combinar tudo, o Rui estava abismado com ela. Assim que terminou a visita e nos despedimos dele seguimos para casa, passámos no supermercado para comprar algumas coisas que faziam falta e assim que chegámos a Stelle foi preparar o jantar enquanto eu preparei e dei banho ás crianças. Depois do banho tomado e de lhes darmos o jantar dormiram rápido e nós ficámos na conversa enquanto arrumávamos a cozinha indo dormir depois. 

Acordei cedo e a Stelle já não estava em minha casa, ouvi barulho no apartamento de cima e assim que as crianças acordaram dei-lhes o leite, a Stelle desceu e logo o colega do Rui chegou com uma carrinha de caixa aberta, apanhou-a e seguiram para casa dele apanhar as coisas da mudança. Às 2 da tarde chegaram e com as crianças a dormir a sesta fui ajudá-los, rapidamente colocámos tudo no apartamento e estava tudo pronto para eles lá morarem. Voltámos ao hospital com os meninos e foi aquela festa quando os gémeos viram o pai, até a Mia fez a festa pois via os gémeos e imitava. Do parceiro do Rui não havia ainda qualquer pista, tanto os nossos da Rega como a Polícia continuavam nas buscas. Depois da visita voltamos a casa com as crianças a fazer a festa no carro. Para a Mia estava a ser bom ter  os gémeos por perto pois tinha companhia para brincar e eles não davam trabalho. Fomos descansar já tarde e amanhã já estaria de volta ao trabalho.