Capítulo 15

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Entramos no mês de Fevereiro com muita neve, frio e algum trabalho. A primeira semana está a correr até benzinho, nem eu ou o Rui temos tido muitas saidas, não mais de 1 ou 2 por dia, tem sido dias ate calmos. Hoje é dia 14 de Fevereiro, dia dos namorados e o Rui acordou-me com o pequeno almoço na cama e uma linda pulseira. 

- Rita, gostaria que fosses comigo a um sitio. Ontem falei com a Stelle e ela fica com os meninos.

Depois de tudo pronto entramos no carro e seguimos em direcção a Bern. O que será  que ele quer aqui? Quando percebo estamos á entrada da embaixada de Portugal. 

- Vamos, a nossa entrevista está marcada para daqui a 15 minutos. - diz e entramos na embaixada. Ele dirige-se a uma secretária.- Bom dia, tenho marcação com o embaixador. Rui Sousa.

- Aguarde uns minutos, já o chamo. Podem sentar. 

- Rui, o que estamos aqui a fazer?- pergunto.

- Já saberás. É o teu presente do dia dos namorados.- diz ele e ri.

Passado uns minutos somos chamados para entrar na sala do embaixador, entramos e o embaixador cumprimenta o Rui, ele apresenta-me e o embaixador convida-nos a sentar e pergunta se queremos um café que logo entra na sala trazido pela sua secretária. Depois de degustarmos o café o embaixador começa a falar.

- Dra Rita, segundo o que o Rui me falou a Dra não sabe ainda o porquê de aqui estar.- eu apenas assinto.- Então, o Rui solicitou, para além da licença para o casamento civil de vocês, a perfiliação dos seus filhos pela Dra.- O meu queixo cai.- Para tal acontecer eu expliquei ao Rui que a Dra teria de vir assinar os papéis pessoalmente.

- Rui, estás a falar sério? Queres mesmo isto?- pergunto-lhe.

- Como nunca quis outra coisa. Sei que para eles tu já és a mãe deles, mas eu queria legalizar isso uma vez que nas certidões deles está como mãe falecida pois ela não conseguiu registá-los comigo. Desculpa se não to disse antes mas era uma surpresa. Claro que se não te sentires á vontade podes não assinar.- Esqueci o local em que estava e levantei-me da minha cadeira, sentando-me no colo dele e beijando-o até que oiço o riso do embaixador. Corei e voltei a sentar-me. 

- Assino apenas com uma condição.- Digo

- E qual é essa condição Dra?- pergunta o Rui a rir.

- Que tu faças o mesmo em relação á Mia. O que dizes?

- Quem é a Mia?- Pergunta o embaixador. Explico-lhe que a Mia é a minha filha.- Então a Dra também é viúva?- conto-lhe a minha história, tudo o que aconteceu, a morte dos meus pais e tudo o que o Pedro fez.- Já agora Dra, quem são os seus pais?

- João e Alice Veigas, Dr.- respondo e vejo o embaixador ficar pálido e levantar-se de repente.

- Não posso acreditar.- Diz ele e contorna a mesa. - A Dra é a filha do João e da Alice? Da Construções Veigas e Filha? Como não reparei nesse pormenor quando analisei o processo.

- O Dr conhecia os meus pais?- pergunto.

- Muito bem Dra. Inclusive foi o seu pai que construiu a minha casa no Estoril... Fomos colegas na Secundária, nós e o Francisco, e mais tarde entrámos os 3 no polo Universitário de Lisboa, o seu pai em Engenharia Civil e eu e o Francisco em Direito. Lá o seu pai conheceu a sua mãe que estudava Literatura e foi ela que me apresentou a minha mulher e a Clotilde ao Francisco, que eram suas colegas de curso. Quando a Vitória souber que eu a encontrei aqui vai ficar super feliz. Nós inclusive estivemos no funeral deles

- Eu não acredito, este mundo é mesmo pequeno.- diz o Rui

- Aceitam almoçar comigo e com a Vitória? - pergunta o embaixador.

Aceitámos e ligámos á Stelle, ela disse que não havia problema pois a Lucinda também estava lá em casa com ela e ajudava-a com as crianças. Depois de assinar-mos todos os papéis, de nos entregarem as novas certidões das crianças e do casamento civil marcado para dali a 2 meses na embaixada seguimos para a casa do embaixador.

Ao chegarmos fomos recebidos pela D Vitória, esposa do embaixador que assim que me viu abraçou-me a chorar. Depois de um aperitivo seguimos para a sala de jantar onde almoçámos combinando apenas falarmos do que aconteceu após o almoço. Falámos da vinda da filial da empresa para a Suiça, de que já tinhamos o local em Interlaken e que estávamos a renovar o espaço para começarmos a trabalhar em força por cá, contei da reestruturação da empresa e soube que a filha deles, Ana, estava formada em decoração de interiores e o filho, Paulo,  em ambiente e arquitetura paisagista e trabalhavam em Portugal. Convidámo-los para o nosso casamento e após eu dizer que ia convidar o Francisco e a Clotilde para meus padrinhos o Rui convidou o embaixador e a Vitória para serem padrinhos dele uma vez que ele não conhecia muita gente, convite que eles aceitaram na hora. Como sabemos que as coisas em Portugal estão agora apenas a começar a levantar, aproveitei para falar com eles acerca da hipotese dos filhos deles virem trabalhar connosco, poderiam inclusive montar cada um a sua equipe em Portugal e aqui e assim juntávamos á construção a decoração de interiores e a arquitetura paisagista também, deixávamos de contratar empresas externas e faziamos o trabalho todo. Claro que eles adoraram a idéia e após o almoço liguei para o Francisco e contei-lhe a nossa idéia e ele claro aprovou, ainda mais sabendo que eram os filhos de amigos dele e dos meus pais. Depois de uma conversa divertida entre o embaixador e o Francisco aproveitei para convidar o Francisco para o casamento e para ser meu padrinho com a Clotilde o que ele aceitou muito emocionado. 

O embaixador ligou aos filhos e contou-lhes do meu convite para eles virem trabalhar connosco e após eu expor a minha idéia eles claro aceitaram e combinámos encontrar-nos na próxima semana aqui. Convidei-os para um almoço na nossa casa em wilderswill para acertarmos tudo e eles aceitaram, assim como o embaixador Carlos e a Vitória. Após isso contei então tudo o que tinha acontecido e eles ficaram chocados com os contornos da morte dos meus pais e tudo o que eu passei até fugir para aqui. 

Saimos de Bern já ao principio da noite e enquanto o Rui conduzia eu fui ligando para o Rodrigo acerca da empresa e do casamento e de seguida liguei para a Catarina. Assim que entrámos na casa da Stelle estava a Zona armada, os pequenos tinham acabado com a Stelle, a Lucinda e o Roberto. Deram-lhes chocolate após o almoço e o doce ligou-os á ficha. A Mia ja começava a dar uns passinhos  e tinha-se escondido com a Maria deixando os adultos loucos á procura delas.

Contámos acerca da perfilhação das 3 crianças por nós e o Rui contou de termos marcado o casamento o que rendeu uma comemoração por todos em casa. Falei com a Lucinda e o Roberto sobre a vinda da Ana e do Paulo para a Suiça na próxima semana. 

No dia seguinte levantámos cedo e seguimos as nossas rotinas, acordar os meninos, dar banho, pequeno almoço e sairmos para trabalhar debaixo de uma nevasca. Este ano a neve está para durar, chegou mais tarde e não quer ir embora. Chegamos á base e seguimos para a reunião logo após vestirmos o equipamento. O meu 1414 foi descontinuado, a partir de hoje tenho o 1995 e mantenho a tripulação, o Igor e o Noah. A  neve continua a cair e os riscos aumentaram, mas continuamos a levar a nossa a bom porto. Amo o meu trabalho. 

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