Capítulo 10

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Assim que entrei com o Rui na casa dele sentei-me no sofá e olhei para o envelope A4 á minha frente. Como será que descobriram a minha morada? Será que o Pedro sabe que eu estou aqui? Será que ele vem atrás de mim? Interrompo os meus pensamentos com a voz do Rui.

- Se não a abrires não vais saber o que tem ai escrito... E não adianta sofrer por antecipação... Queres que eu saia?

- Não, fica aqui comigo por favor...- Abro então o envelope e vejo uma espécie de carta e no topo o timbre da empresa dos meus pais e começo a ler o que lá se encontra escrito.

Exma Sra Dra Rita Veigas

Cabe-me a mim, enquanto advogado da empresa dos seus pais bem como amigo pessoal, comunicar-lhe alguns acontecimentos ocorridos nos últimos meses, bem como solicitar a sua presença na empresa. Passo a explicar.

Uns meses antes da morte dos seus pais, o seu pai Dr. João, veio falar comigo devido a um acidente numa das obras a qual era supervisionada pelo seu então namorado, Engenheiro Pedro Dias, e que provocou a morte de 2 operários pedindo-me para investigar pela sombra pois suspeitava que o mesmo tinha adquirido material de baixa qualidade e super facturado o mesmo e passou-me uma procuração dando-me poderes e liberdade tanto para a investigação como em relação á empresa. Quando a investigação estava quase terminada deu-se infelizmente o acidente fatal no qual o Dr João e a D. Alice perderam a vida. Quando o Engenheiro Pedro chegou 1 semana depois com toda a documentação assinada por si, o seu primeiro acto enquanto, pensava ele, gestor da empresa, foi  demitir-me. Sem ter conhecimento da procuração em minha posse começou a ter determinadas atitudes que foram sendo blindadas por mim, sem ele saber de quem se tratava. Tentei encontrá-la na sua residência mas o Engenheiro dizia a todos que a Dra se encontrava isolada numa clínica para se recompor do desgosto da morte dos seus pais. Quando fui contactado pela PSP acerca da sua queixa de violência e consequente saida do pais comecei então, com a ajuda de um inspector da PJ, a investigar mais a fundo o Engenheiro e todas as suas acções. Sei de todos os seus passos desde que desembarcou em Genebra, deixando desde já expressa a minha felicidade e os meus parabéns pela pequena Mia. Da mesma maneira que eu descobri consegui, com a ajuda do meu amigo, apagar qualquer rastro seu para que o Engenheiro não a encontrasse e lhe desse o mesmo fim que deu aos seus pais, uma vez que descobrimos que o acidente deles foi provocado por um tiro que rebentou o pneu do camião e provocou o seu despiste. Depois de reunirmos todas as provas e serem detidos os cúmplices do seu ex- namorado, quando ele iria ser detido acabou por se suicidar com um tiro. Este desfecho aconteceu na passada semana. Uma auditoria á empresa indica que houve um desvio e que o dinheiro roubado da empresa se encontra no HSBC Private Bank na Suiça, e neste momento apenas a Dra Rita tem autorização para mexer nele pois é a legal herdeira dos seus pais.

Devido a todos estes factos, solicitamos a sua presença na empresa assim que possivel para que medidas sejam tomadas em relação á mesma. 

Todos os documentos que comprovam o que acabei de relatar seguem junto a esta carta, bem como uma autorização para a Dra poder movimentar o dinheiro que se encontra no banco Suiço.     

Agradeço que me contacte com a maior brevidade possível.

Desejo-lhe ainda Boas festas para si e para a pequena Mia.

Atenciosamente

Dr. Francisco Rodrigues, Advogado

Não preciso dizer que quando acabo de ler esta carta já estou quase a esgotar o meu stock de lágrimas, o Rui desce á minha casa e volta com uma caneca com chá de Camomila e com a Stelle.

- Filha, o que se passa? Aquele bandido fez mais alguma coisa? Descobriu a Mia?- pergunta a Stelle assustada. Eu olho para eles e aceno com a cabeça que não dou a carta ao Rui.

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