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Inicio de FlashBack
Rio de Janeiro - 1868
_ Sim, dona Úrsula. Eu vou ter um filho! – Altagracia confirmou sem tirar suas mãos do ventre. As lágrimas corriam por seu rosto.
_ Ah, minha filha...
Foi só o que Úrsula conseguiu dizer. Ela sabia o que significava uma mulher ter um filho sozinha naquela sociedade. Ainda mais uma mulher pobre. Aproximou-se de Altagracia, segurou sua mão e a conduziu para que se sentassem na cama.
_ Altagracia, sabes que sua mãe e seu pai nunca se casaram oficialmente, não sabe?
_ Claro que sim, dona Úrsula. Meu pai tinha seu conflito com sua família e, por amor, mamãe não se importou com nada por viver esse amor.
_ E sabes o que isso significou para ti, não sabes?
_ Eu nunca me importei com os maldizeres, dona Úrsula. Ainda mais porque sou testemunha do quanto meus pais se amavam e do quanto eles foram felizes. Tanto que mamãe nunca mais foi a mesma depois que ele morreu... Foi morrendo aos poucos talvez de saudade do amor de sua vida. Se Saúl não tivesse me deixado, eu não me importaria em viver com ele sem que nos casássemos.
_ E já pensaste no que vai ser desse bebê que esperas? – dona Úrsula chegou ao ponto decisivo da conversa.
_ Sim... – Altagracia respondeu triste – Até porque, ao contrário da minha mãe, o pai dele não estará ao meu lado.
_ O senhor Saúl sabe que vai ser pai?
_ Não e não vai saber! Eu entreguei a ele meu amor, dona Úrsula e ele me abandonou! E a senhora sabe que ele se comprometeu com Jimena por seu dote! Simplesmente pelo dote de 30 contos de réis. Como vou apresentar esse pai para meu filho? É melhor que ele seja filho de uma mãe solteira. Com meu esforço eu vou sustentá-lo e educá-lo.
_ Sabes que tudo isso vai ser muito difícil. Nós estamos numa situação complicada, com algumas dívidas. Se não fosse a generosidade do senhor Eduardo não teríamos conseguido pagar as despesas do funeral de Sofia.
_ Sim... – Altagracia baixou os olhos – Mas é por esse bebê que eu não vou desanimar, dona Úrsula. Por ele vou seguir em frente. E ele vai ter e melhor vida do mundo independente de qualquer convenção.
_ E por que não aceitas o amor do senhor Eduardo, Altagracia? Ele te ama tanto, tanto. Tenho certeza que te casarias contigo ainda que grávida de outro.
_ Eu já pensei nisso. Já pensei nisso e não posso fazê-lo. Não seria justo com Eduardo. Se me doeu e me dói tanto o desamor de Saúl, como vou fazer o mesmo com outro homem? Vou tomar as rédeas da minha vida, me concentrar em seguir em frente, superar a morte da minha mãe e encontrar a melhor maneira de sustentar o meu filho.
*
Fim de FlashBack
Rio de Janeiro 1870
Saúl se aproximou lentamente de Altagracia. O coração dos dois se acelerou. Ela teve medo. Sim, medo é a palavra exata. Ela não queria dar a ele nenhuma oportunidade de se aproximar, confiar de novo nele, seu interesse em casar-se Saúl era simplesmente humilhá-lo e se vingar de sua atitude injusta para com ele. Eram 2 anos! Dois anos inteiros remoendo aquela mágoa, aquele sentimento absorvente e de repente com um toque, uma troca de olhares, ela sentia perder-se em suas defesas.
O que aquele homem tinha? Da mesma maneira que lembrava da dor de seu abandono, do desamparo provocado por sua ausência recordava o romantismo, os beijos, as carícias de como tinha ido ao céu com ele na noite em que estiveram juntos. Havia sido uma vez, uma única vez, mas deixou marcas irremovíveis nos dois. Altagracia não só ficou grávida como percebeu, naquela única noite, que jamais entregaria seu corpo a outro homem depois de haver estado com aquele que já possuía seu coração. E Saúl estava marcado com a sensação maravilhosa de possuir à mulher que amava e a sensação de querer fazer amor com ela sempre. Mas ela o havia humilhado, tratado-o como um nada há tão só uma noite... E o que isso importava? Seus lábios tão deliciosos diante dele, sua pele sedosa, aqueles olhos verdes, seus cabelos negros, parecia uma obra de arte, tinha que beijá-la, precisava fazê-lo.
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Casamento Arranjado
FanfictionSe passa em 1870 e narra a história de um casal que se magoou no passado, Altagracia e Saúl, dos quais uma grande herança muda o destino. Altagracia, decidida a se vingar do homem que lhe jurou amor e a trocou por outra mais rica, "compra" Saúl por...