15 - Enfrentamento

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Acompanha o capítulo a canção "Yo te esperaba" de Alejandra Guzmán.

***
Altagracia olhou para Saúl com os olhos carregados. Não eram só as lágrimas que enchiam-nos e embaçavam seu brilho, eles estavam fatigados. O peso daquela história aparecia todo em seus belos olhos. Sentia raiva, medo, mas, sobretudo sentia-se cansada. Cansada de lutar, de atacar a Saúl e ser atacada por ele. De ver como um amor tão lindo e devotado, principalmente de sua parte para com ele, vinha se transformando em dor e em mágoa. O mais certo seria se afastar.

Sim! Afastar-se de Saúl de uma vez e que algo de bom pudesse restar ainda daquele amor. E aquele algo era Isabel. Mas o que fazer naquele momento? Dizer-lhe a verdade? E como faria isso? Como faria isso sem ser impedida pela raiva e o ódio que tomavam conta de seu coração todas as vezes em que ele duvidava dela? Saúl não a merecia, não merecia Isabel, não merecia a nenhuma das duas!

Além disso, jamais havia podido voltar a confiar novamente em Saúl depois do que ele lhe fez, depois de haver sido trocada por Jimena e por seu dinheiro. E essa mulher, essa mesma mulher agora voltava a aproximar-se deles naquele momento. O amor dos dois estava condenado. Sempre estivera desde que Saúl fez uma escolha e não havia mais remédio, nada a fazer.

_ Até quando pretendes manter-te calada? Eu te fiz uma pergunta, Doña! Eu mereço uma explicação, esta explicação eu mereço! – Saúl reclamou-lhe.

Altagracia seguiu sem responder. Tantos sentimentos giravam dentro dela, ela estava tão confusa e mal podia sustentar-se tamanho o peso.

_ O que estás tentando fazer? Tentando encontrar uma resposta convincente para mentir-me de novo? Diga a verdade, Altagracia! Chega de mentiras, diga a verdade!

_ Eu nunca te menti, Saúl! Eu não sei mentir e esse é o problema. Dizer-te a verdade é difícil para mim. Se formos falar de mentiras digamos que tens muito mais o que dizer, não é mesmo? – Devolveu-lhe a afronta.

_ Cínica! – Saúl estava cego de ciúmes. – Eu estou diante de ti e acabo de descobrir que tens uma filha! O que são minhas mentiras perto disso?

_ Agora te fazes de inocente? – Altagracia disse com um sorriso amargo.

_ Eu não sou inocente, Altagracia. Sempre achei que estivesse em dívida permanente contigo, que te devia muito e que deveria devotar toda minha vida a conseguir teu perdão. Mas nada... – interrompeu-se com a garganta seca, tomado pelo ódio. – Nada do que eu fiz se compara a esta casa, – ele disse apontando as coisas em volta – esta criança e tudo mais que a acompanha.

_ Algum dia, Saúl... Algum dia vais tragar todas essas ofensas que estás me dedicando agora. Cada uma das ofensas que me dedicaste. – A Doña sentenciou ofendida.

_ O que devo esperar? Outra vingança? Vais voltar a comprar minha honra? Esqueceu-te que eu já não a tenho, que ela já te pertence? – O sarcasmo era a arma que Saúl mais utilizava contra Altagracia.

_ E eu já te disse a solução para isso, não? Estou abrindo mão dela! Vá em frente com os trâmites do desquite, não há mais nenhum futuro para nós dois, está claro! – Altagracia foi implacável.

_ É isso que eu vou fazer! É disso que eu vou tratar saindo desta casa. Mas antes vais me dizer toda a maldita verdade que está por trás disto! Com quem tu tens te dedicado a rir de mim, Altagracia? Conta-me a verdade, não é tão difícil! Tu não me disseste ainda agora que és uma mulher cheia de qualidades e honras? Então dize-me a verdade!
_ Para ti tudo se trata de atitudes egoístas e infantis, Saúl, mas não é assim, tu sabes que não é assim. Isabel é meu mundo e tu deves de imaginar que quando se trata de um filho não é simples... Isabel é meu maior tesouro.

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