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Saúl entrou em casa apreensivo. Não sabia o que fazer, como se comportar, como se dirigiria à Altagracia. E essa impressão se intensificou mais quando viu que ela não estava na sala e nem no jardim. Apenas uma vez se havia atrevido a bater à porta do seu quarto. Ela, seguramente, havia feito isso com intenção de evitá-lo. E agora? O que fazer? Depois de ouvir de dona Úrsula que ela havia se recolhido por estar indisposta se sentiu ainda mais inquieto e ansioso por estar com ela. Não podia deixar que um simples desentendido destruísse todos os avanços que ele havia construído com tanto esforço. No seu íntimo sentia que Altagracia estava cedendo e o próprio fato de ela haver ido procura-lo no seu trabalho era um sinal.
Aproximou-se da porta de seu quarto e, algumas vezes, fez menção de bater. Andava de um lado para o outro na câmara nupcial sem decidir o que fazer. Algumas vezes colocou o ouvido na porta tentando ouvir algum ruído de lá. Esse impasse durou um longo tempo, Saúl estava tomado pela impaciência. Aproximou-se e fez algo que sempre havia ansiado, mas, até aquele momento jamais havia tido coragem. Abaixou-se e observou pela fresta da fechadura. De lá viu Altagracia deitada em um sofá que decorava seu quarto iluminada por um feixe de luz que entrava pela janela. Estava magnificamente linda, a verdadeira diva que ela era para ele, a personificação da perfeição. Não só dona dele, mas a dona do mundo.
A imagem não era clara, mas, parecia que Altagracia estava chorando. Porque não tomava coragem e entrava para falar com ela, por quê? Do outro lado Altagracia teve uma sensação estranha. Sensação de estar sendo observada. Levantou-se assustando a Saúl que, se afastou. Não saiu do quarto para jantar. Dona Úrsula desejou a Saúl que Altagracia melhorasse de seu mal estar. "Como se eu fosse ter contato com ela", murmurou para si.
Pouco dormiram naquela noite, os dois. Passaram toda a noite pensando neles e em o que havia sido e estava sendo aquela história que cada dia se mostrava mais complicada. Pela manhã, Saúl saiu cedo do quarto e ficou esperando Altagracia na sala. Precisava falar com ela antes que ela encontrasse uma maneira de escapar para aquele destino misterioso que o estava enlouquecendo. Altagracia demorou a aparecer. Eram quase 9 da manhã quando ela saiu de seu quarto já arrumada para sair de casa. Quando viu Saúl na sala o olhou com desprezo.
_ Não sabia que estavas em casa.
_ Estava lhe esperando, minha dona. Quero falar contigo. Como não estiveste ontem no jantar...
_ Eu estava indisposta. – limitou-se a dizer Altagracia. Queria evitar a conversa e, ao mesmo tempo queria enfrentá-lo, sentia-se confusa.
_ Sim, foi o que eu soube. Mas soube também que estiveste repartição e não fostes falar comigo. – Disse Saúl com uma pontinha de satisfação na voz apesar da gravidade da situação.
_ É que de repente, fui tomada pela pressa e quis voltar logo para casa. E, além disso, não era nada importante. – Desdenhou Altagracia procurando ferir a Saúl.
Ela falou sem, em nenhum momento, perder o ar de superioridade. Jamais daria à Saúl o gosto de perceber seus ciúmes, não voltaria a se humilhar frente à ele, estava decidida. Perigosamente decidida.
_ Não será que ficaste assim porque viste que Jimena estava lá? – Saúl a inquiriu sem discrição de ir direto ao ponto.
_ A mim pouco importa a falta de dignidade de Jimena. Apenas me alegra saber que não sou como ela. – disse levantando o queixo, sustentando a cabeça para o alto como que afirmando sua condição.
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Casamento Arranjado
FanfictionSe passa em 1870 e narra a história de um casal que se magoou no passado, Altagracia e Saúl, dos quais uma grande herança muda o destino. Altagracia, decidida a se vingar do homem que lhe jurou amor e a trocou por outra mais rica, "compra" Saúl por...