10 - Perjuro

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Altagracia segurava o nó em sua garganta, sentia que a qualquer momento ia explodir em lágrimas frente à Saúl e não queria que isso acontecesse, não podia permitir mostrar-se frágil, ele nunca mais a veria frágil.

_ Me dissestes que merecias uma explicação. E eu concordo contigo. Foi uma insensatez o que aconteceu à noite. Não há porque mudar as coisas entre nós. – Altagracia procurava de todas as maneiras manter sua postura aparentemente insensível.

Saúl seguia sem reação. Como podia haver sido tão todo? Acreditou que ela havia estado em seus braços por amor, pelo mesmo amor imensurável que ele sentia por ela e Altagracia tratava tudo aquilo com uma frieza que o chocava. Ele já havia desconfiado que ela não havia sentido nada, por isso o abandonou pela manhã, e foi em busca de, quem sabe, seu amante... Mas ouvi-la falar daquela maneira era demasiado para ele, de fato, Altagracia estava irreconhecível. Diante da inação de Saúl, Altagracia seguiu desferindo palavras cruéis contra ele.

_ Saúl, por favor. – Disse Altagracia com um sorriso cínico. – Não me diga que pensastes que aquilo mudaria as coisas entre nós? As coisas entre nós estão claramente definidas e não vai ser uma noite de sexo que vai mudar nada. Foi só isso, só sexo. Eu queria, tu querias e terminamos na cama. Ponto! Ainda sou "A Dona" e tu, meu marido comprado.

_ Por que estás fazendo isso? – ele finalmente reagiu – Eu sei que não estás sendo completamente sincera. Em algum ponto dentro de ti, sabes que as coisas não foram assim. Que o que aconteceu entre nós foi um encontro de amor. Para mim foi tão sublime, tão maravilhoso, tão singular. Não há maneira de seguir a vida como antes depois do que aconteceu entre nós.

Altagracia voltou a sorrir, mas dessa vez de maneira mais escrachada deixando Saúl atônito, petrificado.

_ Saúl, falas como uma mocinha apaixonada dos romances que eu lia antes de... Bom, há muito tempo. Por favor! Não há razão para esses romantismos, isso é coisa dos livros, foi só uma noite, sem importância, nenhum significado...

Saúl se irritou e se lançou para cima dela segurando-a muito forte pelos dois braços. Ela não se impactou e o olhou provocadora com um leve sorriso de canto nos lábios.

_ Então se é assim... Eu quero mais! – disse olhando-a cheio de raiva e de desejo.

_ O quê? – pela primeira Altagracia demonstrou alguma surpresa. Não esperava aquela reação dele.

_ Não fostes tu a que não sentiu nada? Para ti foi uma insensatez provocada pelo álcool, não?

_ Sim, foi exatamente isso que aconteceu. – Recuperou-se do susto e passou a olhar para uma das mãos dele que comprimia fortemente seu braço e a mantinha junto ao corpo dele imóvel.

_ Então também não vai significar nada para ti se acontecer outra vez, não é? – instigou-a olhando sedento sua boca rosada.

Altagracia corou e não respondeu. Permaneceu olhando-o desafiante. Ele voluptuosamente envolveu sua boca num beijo cálido, girando sôfrego a cabeça dela e com lascívia explorava a boca dela com sua língua, atacava a língua dela, literalmente a comia a beijos. Altagracia sentiu que flutuava, por que ele a beijava e a fazia sentir assim? Por que só ele podia lhe dar aquela sensação de alcançar as nuvens enquanto o beijava, enquanto sentia seu gosto e sua respiração quente sobre sua pele anelante de mais, de muito mais dele. Altagracia ficou sem ar e afastou-se dele num impulso, os beijos de Saúl deixavam-na sem controle de suas emoções e, naquele momento, ela precisava manter-se firme.

_ Se pensas que vou voltar a estar contigo, estás louco! – disse como conseguiu por como arfava depois do beijo de Saúl.

_ E só agora te destes conta? – ele reptou-a.

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