Abro a janela e o sol raia dentro de meu quarto, as paredes azuis ficam claras, me viro e olho no espelho, noto minhas olheiras, meu cabelo loiro parecendo uma juba de leão, desisto disso se não encontrarei defeitos e mais defeitos. Meus olhos são azuis, meu cabelo é loiro, na altura dos ombros e é todo repicado, teve uma época que chegava em minha cintura, mas o trabalho era tanto que desisti, sou gordinha e tenho 1,70 de altura, mal me importo com isso afinal, pra que me importar se nem se quer posso namorar ou me apaixonar.
moro em São Paulo, capital, meu apartamento não é grande, tem um quarto, banheiro sala grudada na cozinha e meu escritório, que é repleto de livros e de meu computador, espalhado pelo ap, tem quadros que já pintei, principalmente de pessoas que já quis, sempre tento capitar o tom exato de cada um, no canto da sala um homem de barba ruiva e cabelo cumprido, olhos verdes, se notar percebe o estrago do tempo em sua face, devia ter em media uns 30 anos, perto da geladeira, uma garota de cabelo preto longo, sua pele é branca feito porcelana, um nariz arrebitadinho, olhos pretos e um sorriso discreto, ao lado da janela duas crianças, um garotinho de pele morena e uma mocinha de cabelo cacheado, eles moram aqui perto com o pai que agride a mãe, já liguei para a policia diversas vezes e nunca adianta, no meu quarto está a minha coleção preferida, um retrato da minha mãe que encontrei assim que fiz 14 anos, a época, a foto que usei como exemplo era de quando ela tinha 19 anos, assim como eu, cabelos longos, claríssimos, olhos azuis feito o mar, tão linda, nunca a conheci, morreu quando deu a luz ha mim, de que adiantava ela perder a vida dela por alguém como eu, que não pode tocar em ninguém? o quadro ao seu lado é de uma garota que sonho a anos, pele escura, olhos castanhos escuros, seu sorriso tão belo e um olhar sonhador, a ponta de seus cabelos escuros nota-se mechas loiras desgastadas, sonho com ela a tanto tempo que sempre que olho essa pintura minha maior vontade é de tocar sua boca. o quadro em sequência é de uma senhora, pele flácida, usa óculos escuros para esconder o que guarda no olhar, as leves rugas no canto de sua boca, demonstra que em uma época ela sorria muito, e agora, a amargura toma conta de sua face. fora esses quadros espalhados pela casa, o resto é normal e enjoativo, a casa perfeita bancada por um pai que nunca vi na vida e pelas coisas que vendo na internet.
além de não ter conhecido minha mãe, nunca nem vi meu pai, quem me trás noticias dele é um cara moreno, alto e rabugento, o nome dele é Alfredy, ele diz ser meu tutor, não gosto muito dele mas é o mais próximo de uma família que eu tenho, portanto sempre tento me manter educada, mesmo tendo vontade de bater nele. A unica coisa que sei sobre meu pai é que ele deve ser muito bem de vida pra me bancar tão facilmente.
gosto de sair para correr nos fins de semana, mesmo quase morrendo sem ar eu saio, hoje um belo sábado de sol, irei até um parque que fica perto de meu apartamento, o Villa lobos é um dos meus preferidos porém fica bem distante de minha residencia, coloco meu tênis uma blusa azul e um short estilo moletom, abro a porta e dou de cara com os outros ap's do meu andar, o 28 está vazio, o 29 é ocupado por um senhor de idade, viúvo que perdeu sua esposa a 4 anos, ele anda bem triste, talvez até se mate, o 30 tem uma família, eles são legais, a filha mais nova tem 2 anos, e o mais velho 16, vive querendo me abraçar acho que pelo fato de estar nessa idade e solteiro quer logo alguém, nem se eu pudesse encostar nele sem mata-lo eu encostaria, ele é nojento, infantil e desnecessário, a mãe é morena de cabelo bem curtinho e o pai um senhor de 50 anos, gordo, feio e rico, o 31 também está vazio e fica ao lado do meu, o 33 é ocupado por 3 amigos que estão fazendo faculdade e festam todo fim de semana voltando sempre bêbados e sem um par de sapato ou sem a blusa, aposto que os pais bancam e não estão nem ai. Uma senhora mora no 34 e eu real tenho medo dela, serio maior cara de macumbeira, tipo, vou te amaldiçoar e você vai morrer.
entro no elevador, moro no 5º andar, então não demora para chegar no térreo, passo pelo hall, e me despeço do porteiro, e vou caminhar, porém sinto um cheiro, e o reconheço, paro automaticamente, e me viro, a tempo de ver uma moça, baixinha, de cabelos pretos, andando em direção a entrada do prédio, fico espantada e pisco os olhos, meu coração acelera, ela olha para trás e quando noto, ela sorri pra mim.
a moça que sonhei desde meus 15 anos sorri para mim, como se fosse real.
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A maldição tem asas
Художественная прозаImagine um mundo onde você não pode tocar em ninguém, imagine a tortura de querer sentir o primeiro beijo, ou até mesmo ter alguém para dividir o stress do dia-a-dia, poder ter um pet, já tentou imaginar uma vida assim? Victoria Ângelo não precisa i...